EUA quer designar Irmandade Muçulmana como grupo terrorista
Atual presidente do Egito depôs Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, em 2013 e foi eleito no ano seguinte.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está trabalhando para designar a Irmandade Muçulmana como uma organização terrorista estrangeira, anunciou a Casa Branca nesta terça-feira, o que sujeitará o movimento islâmico mais antigo do Egito a sanções.
"O presidente consultou sua equipe de Segurança Nacional e líderes da região que compartilham sua preocupação, e esta designação está passando pelo processo interno", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, em um email.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, pediu a Trump a designação, que o Egito já adotou, em uma conversa particular durante uma visita a Washington no dia 9 de abril, disse uma autoridade de alto escalão dos EUA, confirmando uma reportagem desta terça-feira do New York Times.
Após o encontro, Trump elogiou Sisi por ser um "grande presidente", mas um grupo bipartidário de parlamentares norte-americanos expressou receios devido ao histórico de Sisi no tocante aos direitos humanos, os esforços para mantê-lo no cargo por muitos anos e planos para comprar armas da Rússia.
Sisi, que depôs o presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, em 2013 e foi eleito no ano seguinte, tem sido responsável pela repressão de islâmicos e de opositores liberais no Egito.
A proposta de declarar o grupo uma organização terrorista provocou um debate dentro da equipe de Segurança Nacional de Trump, disse o funcionário norte-americano.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, apoiam a designação, mas autoridades do Pentágono e de outras entidades vêm se opondo e querem uma ação mais limitada, segundo o funcionário graduado.
A Irmandade, que estima ter até um milhão de membros, chegou ao poder graças à primeira eleição egípcia democrática em 2012, um ano depois de o autocrata Hosni Mubarak ser deposto por um levante popular após muitos anos no comando do país - mas hoje o movimento está proibido, e milhares de seus apoiadores e grande parte de sua liderança foram presos.
Yehya Hamed, que mora em Istambul e foi ministro do Investimento no governo Mursi, disse que Trump está "tentando lutar com o vento", observando o papel destacado dos partidos políticos islâmicos na Tunísia e no Marrocos.
"O que Trump está fazendo está levando mais instabilidade à região", opinou Hamed.