EUA: Rússia pode invadir Ucrânia "a qualquer momento"
Secretário de Estado aponta novos deslocamentos na fronteira ucraniana; presidente Biden pede que americanos deixem a Ucrânia
A Rússia está concentrando ainda mais tropas perto da Ucrânia, e uma invasão pode ocorrer a qualquer momento, talvez antes do fim dos Jogos de Inverno de Pequim. O alerta foi feito nesta sexta-feira, 11, pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Imagens de satélite comerciais publicadas por uma empresa privada dos EUA mostram novos deslocamentos de militares russos para vários locais perto da Ucrânia.
"Estamos em uma janela em que uma invasão pode começar a qualquer momento e, para ser claro, isso inclui durante os Jogos Olímpicos", afirmou Blinken em coletiva de imprensa durante visita à Austrália. Os Jogos de Pequim terminam em 20 de fevereiro.
"Simplificando, continuamos a ver sinais muito problemáticos de escalada russa, incluindo novas forças que chegam à fronteira ucraniana", ressaltou Blinken.
A Rússia já reuniu mais de 100 mil soldados perto da Ucrânia, e esta semana lançou exercícios militares conjuntos na vizinha Belarus e exercícios navais no Mar Negro.
Biden pede que americanos deixem a Ucrânia
O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu aos cidadãos americanos na Ucrânia que deixem o país. "Os cidadãos americanos devem deixar a Ucrânia agora", afirmou Biden nesta quinta-feira, em entrevista à emissora norte-americana NBC.
"Não é como se estivéssemos lidando com uma organização terrorista. Estamos lidando com um dos maiores exércitos do mundo", afirmou, se referindo ao acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia. "Essa é uma situação muito diferente, e as coisas podem enlouquecer rapidamente'', disse.
Biden descartou o envio de tropas à Ucrânia, mesmo para resgatar americanos, ao responder a uma pergunta sobre se poderia surgir algum cenário que o leve a tomar essa medida. "É uma guerra mundial quando americanos e russos começam a atirar uns nos outros", justificou.
As declarações de Biden representam uma nova escalada após semanas de diplomacia entre Washington, Moscou, Kiev e várias capitais europeias.
Em janeiro, o governo dos EUA recomendou que seus cidadãos deixem a Ucrânia de forma independente por causa da situação "imprevisível" no terreno. Na época, também ordenou a saída de parentes de diplomatas americanos na capital ucraniana e alertou seus cidadãos contra viajar para a Rússia.
A Casa Branca aprovou um plano do Pentágono para que seus soldados na Polônia construam abrigos temporários e se preparem caso seja necessário ajudar os americanos fugindo da Ucrânia no caso de um ataque russo ao país. Mas o plano não prevê o envio de tropas para retirada de americanos, como ocorrido no Afeganistão.
De acordo com dados do Departamento de Estado dos EUA, havia 6.500 cidadãos americanos na Ucrânia até o último mês de outubro.
Em meio às crescentes tensões, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou nesta quinta-feira que a crise na Ucrânia se tornou "o momento mais perigoso'' para a Europa em décadas.
Cresce tensão militar
A concentração de tropas da Rússia nas fronteiras ucranianas inclui tropas enviadas a Belarus, para exercícios conjuntos massivos que incluem disparos de munição real. As manobras começaram nesta quinta-feira e vão até 20 de fevereiro.
A capital ucraniana está localizada a cerca de 75 quilômetros ao sul da fronteira com Belarus.
Dando prosseguimento a seu acúmulo militar perto da Ucrânia, a Rússia transferiu seis navios de assalto anfíbios ao Mar Negro, aumentando sua capacidade de desembarcar fuzileiros navais na costa.
Moscou anunciou exercícios abrangentes nos mares Negro e de Azove nos próximos dias, fechando grandes áreas para a navegação comercial e gerando intensos protestos da Ucrânia nesta quinta-feira.
A Otan intensificou os destacamentos militares para reforçar o seu flanco no leste, com os EUA enviando tropas para a Polônia e a Romênia.
A Marinha dos EUA disse na quinta-feira que enviou quatro contratorpedeiros dos Estados Unidos para águas europeias. A Marinha não associou o destacamento diretamente com a crise da Ucrânia, mas disse que os navios fornecem "flexibilidade adicional'' ao comandante da Sexta Frota dos EUA, cuja área de responsabilidade inclui o Mediterrâneo e que vai operar em apoio aos aliados da Otan.