Europa valoriza mais diplomatas do que Bolsonaro sobre guerra
Representantes diplomáticos de países europeus entendem que, até agora, o discurso dúbio de Bolsonaro não impediu o Brasil de votar contra a Rússia na ONU
As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a guerra da Ucrânia têm menor relevância diplomática no exterior do que se acredita no Brasil. Representantes diplomáticos de países europeus entendem que, até agora, o discurso dúbio de Jair Bolsonaro não impediu o Brasil de votar contra a Rússia nas Nações Unidas. Embora notem modulações na posição brasileira, que a distanciam do tom usado por potências ocidentais, afirmam que o resultado final é o que mais importa.
Os relatos de chancelarias e embaixadores estrangeiros notam que o Brasil votou contra a Rússia e dentro de suas posições tradicionais de política externa, até agora, em Nova York. Não deixam de observar, porém, que o País fez concessões para não desagradar aos russos. O próprio presidente declarou que a delegação do Brasil trabalhou para abrandar os termos contra Vladimir Putin, substituindo expressões como "condenar" por "lamentar", o que vem sendo justificado como uma forma de manter a capacidade de diálogo.
As diferenças de discurso da equipe do Itamaraty no exterior, de atores do governo em Brasília e do presidente são assuntos relatados e explicados em telegramas enviados à Europa. Mas menor peso é dado ao que o presidente fala, em comparação com decisões do Ministério das Relações Exteriores.
Eles interpretaram que o presidente exagerou na carga em suas declarações por questões ligadas à política doméstica do Brasil, mas não fez o País tomar lado pró-Rússia nas votações. Notam, também, que posicionamentos contraditórios entre o presidente e sua equipe diplomática podem ser uma boa estratégia, para que o País possa mudar de posição em algum momento.
No entendimento de embaixadores brasileiros e estrangeiros há pouco que o Brasil possa fazer além de dar seus votos alinhado ao Ocidente, no Conselho de Segurança, e demais instâncias das Nações Unidas, como a Assembleia Geral e o Conselho de Direitos Humanos. Essa interpretação é reforçada pelo fato de o País não fazer parte de organizações multilaterais diretamente impactadas pelo conflito e estar geograficamente distante da guerra. Nas palavras de um embaixador da Secretaria de Estado, nesta guerra "o Brasil não tem tanta importância assim".
Também não estão no radar, por enquanto, telefonemas de Bolsonaro com o presidente francês, Emmanuel Macron, ou com o chanceler alemão, Olaf Scholz, dois mediadores que tentaram evitar que a escalada de tensões evoluísse para o conflito.
Prédio residencial atingido por bombardeio russo em Kiev em 15 de março de 2022 Foto: ARIS MESSINIS
O último diálogo com um chefe de governo, com o premiê britânico Boris Johnson, ocorreu na semana passada. O telefonema, porém, estava previsto dias antes, no esforço para conquistar o voto do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Virou uma forma de os britânicos pressionarem por uma declaração a favor do cessar fogo, com o qual ambos líderes teriam concordado. Johnson ressaltou o papel histórico do Brasil, inclusive com menções à 2ª Guerra Mundial, e disse que a incursão militar russa era "repugnante".
O governo brasileiro não queria que a chamada se tornasse pública, nem se pronunciou sobre o teor da conversa. Mais do que isso, ficou incomodado com a divulgação do contato.
Bolsonaro afastou-se das condenações internacionais à Rússia de Vladimir Putin, de quem se diz amigo e busca ressaltar semelhanças de pensamento e comportamento. Não quer se envolver pessoalmente na questão, segundo assessores diretos, nem deixar o Brasil tomar posição sozinho. Em seguidos pronunciamentos, destacou que buscaria neutralidade e isenção. Na semana passada, voltou a enaltecer o poder de Putin - por outro lado, só fez comentários em tom depreciativo sobre o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.
Um embaixador de uma potência nuclear da Europa disse, reservadamente, interpretar que Bolsonaro estava mal orientado e não sabia a dimensão do que estava dizendo quando manifestou "solidariedade" à Rússia, ao visitar Putin em Moscou. Um sinal disso é que foi logo orientado a esclarecer a declaração.
Ao mesmo tempo, diplomatas citam que a guerra pode aumentar a demanda por líderes que tenham autoridade, demonstrem capacidade de conduzir os países e recebam respaldo internacional. Um nome, entre os potenciais concorrentes ao Palácio do Planalto, não sai da cabeça de diplomatas: Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente e pré-candidato do PT.
Esses embaixadores lembram que, no governo de Lula, principalmente, o País buscou uma projeção diplomática internacional, colocou-se como mediador de conflitos, e tinha posições claras. Mais do que isso, a voz do Brasil era esperada e ouvida, afirma uma diplomata europeia.
No fim do ano passado, Lula fez um tour pela Europa e foi recebido com o protocolo de um ex-chefe de Estado. Reuniu-se com políticos amigos. No entanto, a diplomacia profissional também tem claro que Lula dificilmente seria mais duro do que Bolsonaro com Putin. Como não o fez.
Ao seu estilo, Lula defendeu a paz mundial, cobrou o fim do conflito, lamentou a guerra e disse que, se tivesse sido consultado por Putin, recomendaria que ele não invadisse a Ucrânia. Não usou, porém, os termos duros de "condenação" usuais na diplomacia e sempre teve a Rússia como aliada durante os governos do PT.
Dia 17/3 -Soldado ucraniano caminha entre destroços em Kiev
Foto: Reuters
Dia 17/3 -Uma mãe com seu filho de apenas 28 dias de vida em um campo de refugiados na Polônia
Foto: Reuters
Dia 17/3 -Um trem foi preparado para retirar pacientes graves da Ucrânia e levá-los até a Polônia
Foto: Reuters
Dia 17/3 - Uma escola parcialmente destruída por um ataque na região de Kharkiv
Foto: Reuters
Dia 16/3 - Bombeiro trabalha em local bombardeado em Kharkiv
Foto: Reuters
Dia 16/3 - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, fala a parlamentares dos Estados Unidos
Foto: Reuters
Dia 16/3 - Bombeiros trabalham em prédio atingido por misseis em Kiev
Foto: Reuters
Dia 16/3 - Enfermeiras cuidam de bebês em local protegido contra bombardeios de Kiev
Foto: Reuters
Dia 16/3 - Mulher e criança deixam local bombardeado em Kiev
Foto: Reuters
Dia 15/3 - Pierre Zakrzewski, cinegrafista da Fox News, morreu enquanto cobria a guerra na Ucrânia
Foto: Reuters
Dia 15/3 - Bombeiros ucranianos combatem as chamas em um prédio residencial em Kiev
Foto: Thomas Peter / Reuters
Dia 14/3 - Um senhor ferido é retirado de local atacado por forças russas em Kiev
Foto: Gleb Garanich / Reuters
Dia 14/3 - Socorristas atuam em prédios civis atingidos na cidade de Kharkiv
Foto: Vitalii / Reuters
Dia 15/3 - Buraco de bombardeio é visto em teto de um coletivo em Kharkiv
Foto: Oleksandr Lapshyn / Reuters
Dia 15/3 - Mulher carregando flores passa próximo a locais atingidos por disparos em Donetsk
Foto: Alexander Ermochenko / Reuters
Dia 14/3 - Uma funcionária de uma TV russa fez um protesto ao vivo contra a guerra na Ucrânia
Foto: Reuters
Dia 14/3 - Senhora de idade é resgatada por bombeiros após ataque russo em prédio residencial de Kiev
Foto: Reuters
13/3 - Protesto contra a guerra na Ucrânia é realizado em Berlim, na Alemanha
Foto: Lisi Niesner / Reuters
13/3 - Homem ferido de ataque em base militar de Yavoriv recebe atendimento médico
Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
13/3 - Hospital recebe feridos de ataque em base militar de Yavoriv, que deixou dezenas de mortos
Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
13/3 - Soldado recebe benção de religioso em Kiev
Foto: Thomas Peter / Reuters
13/3 - Prédio destruído após bombardeio em Chernihiv
Foto: Reuters
Dia 12/3 - Protesto contra a invasão russa na Ucrânia no Chipre
Foto: Yiannis Kourtoglou / Reuters
Dia 12/3 - Criança segura seu pet em um campo de refugiados na Polônia
Foto: Reuters
Dia 12/3 - Mulher anda pelas ruas cercadas de Odessa
Foto: Nacho Doce / Reuters
Dia 12/3 - Depósito fica em chamas após bombardeio russo em Kvitneve
Foto: Reuters
Dia 11/3 - Soldado ucraniano se protege de um ataque aéreo na região de Demydiv
Foto: Maksim Levin / Reuters
Dia 11/3 - Cerimônia fúnebre em homenagem a soldados mortos em Lviv
Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
Dia 11/3 - Bandeira da Ucrânia é vista durante em cerimônia fúnebre em Lviv
Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
Dia 11/3 - Bombeiros trabalham em locais bombardeados na cidade de Dnipro
Foto: Reuters
Dia 10/3 - Soldados preparam coquetel Molotov para atirar contra os russos em Kiev
Foto: Mykola Tymchenko / Reuters
Idosa é encontrada morta na cidade ucraniana de Hoholiv
Foto: Justin Yau/Sipa USA / Reuters
Dia 10/3 - Soldados patrulham praça em Odessa, onde uma estátua foi protegida com sacos de areia
Foto: Alexandros Avramidis
Dia 9/3 - Soldado ucraniano trabalha em área atingida por míssil
Foto: State Emergency Service of Ukraine
Dia 9/3 - Músicos da Orquestra Sinfônica de Kiev se apresentam na rua em apoio às tropas do país
Foto: Maxym Marusenko/NurPhoto
Dia 9/3 - O avião da FAB decola da Europa após resgatar brasileiros que fugiram da guerra
Foto: Força Aérea Brasileira
Dia 9/3 - Um hospital infantil foi bombardeado em Mariupol, deixando mortos e feridos
Foto: Reuters
Dia 10/3 - Sergei Lavrov se reúne com chanceler ucraniano para conversa sobre cessar-fogo; acordo não progrediu
Foto: Reuters
Dia 9/3 - Soldados ucranianos operam um RPG-7, capaz de atingir tanques e até aeronaves
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters
Dia 10/3 - Tanques são atacados na cidade de Brovary
Foto: Reuters
Dia 9/3 - Membros da imprensa ajudam refugiados a passarem por destroços em Romanivka, na Ucrânia
Foto: Maksim Levi / Reuters
Dia 9/3 - Refugiados procuram por roupas quentes em um campo temporário na Polônia
Foto: Reuters
Dia 9/3 - Um soldado guia uma criança durante evacuação em Romanivka
Foto: Maksim Levi / Reuters
Dia 9/3 - Em Kharkiv, as cenas de destruição estão cada vez mais comuns
Foto: Reuters
Dia 8/3 - Refugiados da guerra em avião com destino a Israel
Foto: Ronen Zvulun
Dia 8/3 - Barricadas na cidade de Odessa
Foto: Iryna Nazarchuk
Dia 8/3 - O rosto de Volodymyr Zelenski, presidente da Ucrânia, em um muro de Montenegro
Foto: Stevo Vasiljevic
Dia 8/3 - Socorristas procuram por vítimas de bombardeio em Sumy, na Ucrânia
Foto: Ukraine Ministry of Internal Affairs
Dia 7/3 - Carrinho de bebê abandonado fotografado em Irpin, próximo a Kiev
Foto: Carlos Barria
Dia 6/3 - Uma mulher e duas crianças morreram durante bombardeio em Irpin
Foto: Andrea Filigheddu/NurPhoto
Dia 6/3 - Soldados ucranianos celebram casamento no front próximo a capital Kiev
Foto: Mykola Tymchenko
Dia 5/3 - Refugiados atravessam uma ponte destruída ao tentar deixar a cidade de Irpin
Foto: Jedrzej Nowicki/Agencja Wyborcza
Dia 5/3 - Um centro esportivo foi destruído durante a invasão russa na cidade de Kharkiv
Foto: Oleksandr Lapshyn / Reuters
Dia 5/3 - Tanque militar é visto na cidade de Donetsk, na fronteira com a Rússia
Foto: Alexander Ermochenko / Reuters
Dia 7/3 - Homem e criança fogem de bombardeios em Irpin, na Ucrânia
Foto: Carlos Barria / Reuters
Dia 7/3 - Despedidas em Odessa, na Ucrânia, enquanto tropas russas avançam no país
Foto: Alexandros Avramidis / Reuters
Dia 4/3 - Moradores de Kiev passam próximos aos destroços de um míssil
Foto: Valentyn Ogirenko
Dia 4/3 - Imagens de destruição em Hatne, cidade ucraniana fortemente atingida por tropas russas
Foto: Serhii Nuzhnenko
Dia 4/3 - Bombeiros trabalham para extinguir as chamas de um armazém em Kiev
Foto: Reuters
Dia 4/3 - A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Ucrânia, após pegar fogo durante confronto entre ucranianos e russos
Foto: Reuters
Dia 3/3 - Soldado ucraniano com sua arma durante a invasão russa em Kiev
Foto: Mikhail Palinchak
Dia 3/3 - Vista aérea de um prédio residencial destruído em região próxima a capital Kiev
Foto: Maksim Levin
Dia 3/3 - Criança dorme em chão de trem com refugiados ucranianos que tentam chegar até a Hungria
Foto: Bernadett Szabo
Dia 3/3 - Refugiada protege seu cão do frio durante viagem de trem para tentar fugir da Ucrânia em guerra
Foto: Bernadett Szabo
Dia 3/3 - Soldado russo se emociona ao conversar com a mãe após rendição
Foto: Reprodução
Dia 2/3 - Manifestante ergue cartaz que compara Putin a Adolf Hitler em ato na Bélgica
Foto: Yves Herman
Dia 2/3 - Crianças ucranianas são fotografadas em um campo de refugiados na Polônia
Foto: Kai Pfaffenbach
Dia 2/3 - Placa avisa sobre minas em uma rua de Kiev
Foto: Carlos Barria
Dia 2/3 - Homem retira destroços de apartamento atingido durante guerra entre Rússia e Ucrânia
Foto: Alexander Ermochenko
Dia 1/3 - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, posa para fotos em local não divulgado na Ucrânia
Foto: Umit Bektas
Dia 1/3 - Torre de TV é destruída na capital ucraniana Kiev
Foto: Carlos Barria
Dia 1/3 - Em mais um dia de guerra, as cenas de destruição se multiplicam pela Ucrânia
Foto: Vyacheslav Madiyevskyy
Dia 28/2 - Criança refugiada ucraniana faz um coração com as mãos em uma estação de trem
Foto: Marton Monus
Dia 28/2 - Vidro de ambulância cravejado por balas na região da capital Kiev
Foto: Jedrzej Nowicki/Agencja Wyborcza
Dia 28/2 - Mulher abraça a filha em campo de refugiados na Polônia
Foto: Yara Nardi
Dia 27/2 - Soldados ucranianos no check point de Zhytomyr durante a guerra contra a Rússia
Foto: Viacheslav Ratynskyi
Dia 27/2 - Soldados ucranianos se abrigam na base aérea de Vasylkiv
Foto: Maksim Levi
Dia 27/2 - Em mais um dia de guerra, chamas são vistas em Kiev, na Ucrânia
Foto: Maksim Levin
Dia 26/2 - Um tanque destruído é visto pelas ruas da cidade ucraniana de Kharkiv
Foto: Vyacheslav Madiyevskyy
Dia 26/2 - Moradores e soldados ucranianos tentam se proteger de bombardeios russos
Foto: Gleb Garanich
Dia 26/2 - O céu de Kiev arde em chamas nos primeiros dias da invasão russa
Foto: Gleb Garanich
Dia 25/2 - Crianças olham Kiev da janela de um trem de evacuação durante a guerra
Foto: Umit Bektas
Dia 25/2 - Casa destruída em Kiev, na Ucrânia, durante invasão russa
Foto: Umit Bektas
Dia 25/2 - Criança brinca em frente a prédio destruído em Kiev
Foto: Umit Bektas
Dia 24/2 - Mulher chora durante travessia da fronteira entre Ucrânia e Polônia
Foto: Bryan Woolston
Dia 24/2 - Equipes de resgate atuam em área onde avião militar foi abatido
Foto: Ukrainian State Emergency Service
Dia 24/2 - Tanques ucranianos são vistos pelas ruas da Ucrânia após anúncio de invasão russa