500 imigrantes invadem cidade autônoma de Melilla, na África
Autoridades reivindicam ajuda da União Europeia para enfrentar as invasões; essa é a quinta incursão em menos de dois meses
Cerca de 500 imigrantes de origem subsaariana conseguiram entrar nesta terça-feira na cidade autônoma espanhola de Melilla, no norte da África, na maior invasão já registrada na cerca fronteiriça com o Marrocos, enquanto as autoridades reivindicam ajuda da União Europeia (UE) para enfrentar este problema.
É a entrada em uma só invasão da cerca fronteiriça mais numerosa que se lembra na cidade de Melilla, cujos centros de acolhida de imigrantes estão saturados.
Segundo as autoridades locais, o denso nevoeiro ajudou os imigrantes a burlar a vigilância dos agentes espanhóis e marroquinos na fronteira, conseguindo entrar em território espanhol e, consequentemente, da UE.
Após saltar a cerca tripla, os imigrantes se dirigiram ao Centro de Estadia Temporária de Imigrantes (CETI), que na segunda-feira abrigava 1.400 pessoas, o triplo de sua capacidade, motivo pelo qual o exército montou hoje dez barracas de campanha no exterior dessas instalações, com 402 beliches adicionais.
Alguns dos recém chegados apresentam ferimentos leves e estão sendo atendidos por membros da Cruz Vermelha.
Por outra parte, 33 pessoas ficaram feridas no lado marroquino da fronteira, segundo um comunicado do Ministério do Interior do país norte-africano, que indica que cinco dos feridos são policiais que foram atingidos pelas pedradas dos emigrantes, que responderam assim às tentativas dos agentes de impedir a passagem pela cerca, segundo a nota.
O ministro do Interior espanhol, Jorge Fernández Díaz, qualificou de "violenta" e "muito grande" a entrada de imigrantes irregulares em Melilla e insistiu que "estando na Espanha" estas pessoas estão "na União Europeia".
Após lembrar as circunstâncias de desigualdade dos imigrantes em seus países de origem, Fernández Díaz reiterou que a Espanha não pode dar resposta "sozinha" a este problema no qual a UE deve comprometer-se "de maneira decidida".
Nesse contexto, o governo espanhol está à espera de uma resposta da UE ao pedido que fez de 45 milhões de euros para adotar medidas que permitam reduzir a pressão migratória de vários meses nas passagens fronteiriças de Melilla e Ceuta, ambas cidades espanholas fronteiriças com o Marrocos.
Por enquanto, o Ministério do Interior vai reforçar com 100 agentes do Corpo Nacional de Polícia e 20 guardas civis o posto fronteiriço de Melilla, segundo informaram à Agência Efe fontes deste departamento.
"É de uma necessidade absoluta convencer a UE que somos fronteira sul da Europa e que isso requer uma política comum que não é meramente a política espanhola", disse hoje a defensora pública da Espanha, Soledad Becerril, em um discurso no Congresso dos Deputados.
Em entrevista coletiva, o delegado do governo da Espanha em Melilla, Abdelmalik el Barkani, explicou que a noite foi "longa", já que foram avistados grupos de 300 e 800 subsaarianos, que tentavam aproximar-se do perímetro fronteiriço, mas que recuaram para território marroquino.
Finalmente outro grupo, formado também por 1.100 imigrantes, que poderiam ser os mesmos, tentaram o salto, aproveitando-se também da baixa visibilidade devido ao denso nevoeiro.
A invasão de hoje é a segunda que se consuma neste mês de março em Melilla e a quinta desde que no último dia 6 de fevereiro 15 imigrantes subsaarianos morreram afogados ao atirar-se ao mar em sua tentativa de entrar na cidade espanhola de Ceuta.
Ambas cidades espanholas, fronteiriças com o Marrocos no litoral mediterrânea, vivem há meses uma extrema pressão migratória que mantém em alerta constante as forças e corpos de segurança do Estado.
Até hoje, a maior tentativa de invasão registrada este ano, quanto ao número de imigrantes, aconteceu no dia 28 de fevereiro quando pelo menos 214 pessoas procedentes da Guiné e Camarões, conseguiram entrar em Melilla.