Abusos sexuais cometidos por celebridades serão investigados
Anúncio vem após intensa pressão pública depois das investigações e condenações recentes de conhecidos apresentadores de rádio e TV, acusados de cometerem vários abusos sexuais durante décadas
O governo britânico anunciou uma investigação sobre como eram apuradas pela polícia denúncias de abusos sexuais contra menores nas décadas de 1980 e 1990.
O anúncio vem após intensa pressão pública depois das investigações e condenações recentes de conhecidos apresentadores de rádio e TV, acusados de cometerem vários abusos sexuais durante décadas.
Esses casos só vieram a ser investigados agora, depois do caso das centenas de denúncias de abusos cometidos pelo apresentador da BBC Jimmy Savile, que pipocaram depois da morte deste em 2011, de causas naturais.
Em janeiro de 2013, um relatório revelou que ele cometeu dezenas de estupros e outra centena de outros tipos de abusos sexuais a pessoas com idades de 8 a 47 anos. Ele cometeu esses abusos entre 1955 e 2009, e, apesar das denúncias de várias vítimas, Savile nunca foi indiciado. Ele era conhecido como filantropo e boa parte de seus abusos foram cometidos em visitas a hospitais e outras instituições.
Após a morte de Savile, começaram a vir à tona denúncias sobre abusos cometidos no passado por outros apresentadores e celebridades. Na semana passada, Rolf Harris, conhecido apresentador e músico - famoso, entre outras coisas, por ter apresentado programas infantis no passado -, foi condenado a cinco anos e nove meses de prisão por abuso sexual de meninas, crimes cometidos entre 1968 e 1986.
O juiz que proferiu a sentença disse que Harris usou seu status de celebridade e a confiança que despertava no público para cometer os abusos.
Esses casos fizeram ecoar pelo país as perguntas de como foi possível que esses abusos pudessem ser cometidos sistematicamente por décadas e por que as denúncias não levaram a indiciamentos.
No domingo, o ex-ministro conservador Norman Tebbit, que ocupou diversos cargos ministeriais no governo Margaret Thatcher nos anos 1980, disse que "pode ter havido" um esforço para "abafar" os casos de abusos.
Investigação
Nesta segunda-feira, a secretária do Interior britânica, Theresa May, anunciou no Parlamento a formação e uma comissão para analisar as ações de policiais e promotores após o recebimento das denúncias. Os resultados serão apresentados em 10 semanas.
Após a investigação, haverá um inquérito, conduzido por um painel independente de especialistas em direito e proteção de crianças.
"Nossa prioridade deve ser a acusação das pessoas por trás desses crimes repugnantes", disse Theresa a parlamentares.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu investigar os supostos casos e disse que não haverá "pedra sobre pedra". Ele disse ser "vital" que lições tenham sido aprendidas sobre "coisas erradas que tenham sido feitas".
"É também importante que a polícia sinta que eles podem ir a qualquer lugar que as evidências os levarem e que eles podem fazer os arranjos necessários para investigar isso corretamente... para nós termos certeza que essas coisas não ocorram novamente", disse.
No ano passado, uma investigação do governo encontrou 527 arquivos potencialmente relevantes que haviam sido mantidos, mas outros 114 estavam desaparecidos, foram destruídos ou não encontrados.
MICHAEL JACKSON - Apesar de ser reconhecido como o 'rei do pop', Michael Jackson também ficou conhecido mundialmente pela polêmica que rondava sua sexualidade. Em 1993, o cantor foi acusado de pedofilia, pelo pai de Jordan Chandler, de 13 anos. Em 2005, Gavin Arvizo, outro garoto, fez uma acusação parecida contra o astro. O primeiro processo foi abafado, após um acordo de US$ 20 milhões entre as partes. No segundo, o cantor foi inocentado. Em 2013, quando o cantor já estava morto, o coreógrafo australiano Wade Robson alegou ter sofrido abusos de Michael durante sete anos, quando era criança. O processo segue aberto.
Foto: AP
SILVIO BERLUSCONI - O magnata italiano Silvio Berlusconi possui uma vida sexual bastante polêmica. Apesar de se vangloriar sobre suas relações amorosas, o político foi investigado devido às festas sexuais que promove. O que desencadeou a investigação foi uma denúncia feita por uma prostituta, que diz ter participado de uma dessas festas. Conhecida como "Ruby", ela era menor de idade quando o crime aconteceu.
Foto: AP
WOODY ALLEN - O cineasta premiado norte-americano Woody Allen é casado com a atriz Mia Farrow e já foi acusado de abuso sexual duas vezes. Na primeira, a acusação partiu de Soon-Yi, a filha adotiva de Mia. No segundo episódio, a denúncia partiu de outra filha adotiva de Mia, que o acusou de pedofilia. Segundo Dylan Farrow, quando ela tinha 7 anos de idade, o cineasta tocava suas partes íntimas e a obrigava a agir contra sua vontade.
Foto: AP
STRAUSS-KAHN - O ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, foi preso após ser acusado de abuso sexual pela camareira de um hotel de luxo de Nova York. Devido à denúncia, viu-se obrigado a deixar o FMI e a candidatura à Presidência da França, em 2012. em junho de 2011, os promotores encontraram diversas provas de que a acusação era falsa e libertaram o francês. O caso foi arquivado.
Foto: AP
BRYAN SINGER - Diretor do filme "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", Bryan Singer foi acusado no mês de abril de 2014 de ter cometido um estupro em 1999. O autor da acusação é o ator Michael Egan, de 31 anos, que tinha 17 quando o crime teria acontecido. Em maio, o acusado entrou com uma ação para descartar o processo.
Foto: Flickr
MARK HURD - Em 2009, o executivo Mark Hud, até então presidente da Hewlett-Packard (a HP), foi acusado de assediar sexualmente Jodie Fisher, que trabalhava como prestadora de serviços para a HP. Em meio à investigação, Hurd se demitiu do cargo
Foto: AP
SEAN KINGSTON - O rapper Sean Kingston, que ganhou fama internacional em 2007 com o hit "Beautiful Girls", foi parte de uma acusação de estupro coletivo pela universitária Clarissa Capeloto. Segundo ela, o cantor a convidou para ir ao seu apartamento e, quando chegou, ela foi embriagada e obrigada a manter relações sexuais com Kingston, seu segurança e seu guarda-costas. Segundo o rapper, o sexo foi consensual.
Foto: AP
JACOB ZUMA - O atual presidente da África do Sul, Jacob Zuma, já foi casado cinco vezes e, atualmente, tem três esposas. Defensor da poligamia, Zuma foi acusado de estupro sem preservativo de uma ativista na luta contra a Aids, que é soropositiva. No entanto, o político afirmou que não tinha se contaminado com a doença porque "tomou banho" após o sexo.
Foto: AP
BRITNEY SPEARS - A polêmica cantora Britney Spears é a única mulher da lista. A acusação de abuso sexual partiu do seu guarda-costas, Fernando Flores. Segundo ele, a musa popfez diversas insinuações dirigidas a ele, chegando a chamá-lo em seu quarto e se mostrar totalmente nua. Além disso, ela teria mantido diversas relações sexuais na sua frente, para tentar conquistá-lo. Britney acabou processada por danos morais.
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MOSHE KATZAV - Na década de 1990, o ex-presidente de Israel, Moshe Katzav, foi acusado de abuso sexual contra subordinadas quando foi o ministro do Turismo e durante o período em que ocupou a Presidência do país. Além de pagar uma multa de aproximadamente R$ 45 mil e ficar preso por sete anos, Katzav renunciou ao cargo e foi substituído por Shimon Peres.
Foto: AP
JOHN TRAVOLTA - O ator John Travolta foi acusado de assédio sexual por um massagista. Segundo o profissional, ele entrou no carro do ator para realizar uma massagem, mas Travolta estava nu e cercado por preservativos. O caso teria acontecido em maio de 2012 e a vítima pediu indenização de US$ 2 milhões.
Foto: AP
ARNOLD SCHWARZENEGGER - O ex-governador da Califórnia e também ator Arnold Schwarzenegger foi acusado de abuso sexual por pelo menos seis mulheres, entre elas a atriz Rhonda Miller. Segundo as vítimas, o ator teria falado obscenidades, apalpado suas partes íntimas e tentado tirar suas roupas.
Foto: AP
STEVEN SEAGAL - Ator produtor e diretor norte-americano Steven Seagal foi acusado pela ex-assistente pessoal, Kayden Nguyen, por assédio sexual. Além disso, ela teria dito que o ator seria responsável pelo tráfico de mulheres. Nguyen dizia que Seagal mantinha duas assistentes russas prontas para atender aos seus desejos sexuais a qualquer hora do dia.
Foto: AP
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