Alemanha utiliza software de espionagem da NSA, diz publicação
Desde que programa de espionagem em massa dos Estados Unidos foi revelado, cresceu pressão sobre o governo alemão e seus serviços secretos
Os serviços secretos alemães usam o software desenvolvido pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, o organismo acusado de orquestrar um sistema de espionagem em massa e em escala mundial.
Edward Snowden e a espionagem da NSA
Assim afirma neste sábado a publicação alemã Der Spiegel ao adiantar o conteúdo de sua edição de domingo, que indica que tanto o BND, o serviço de espionagem alemão, como o Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV), a inteligência interior, contam com o programa "XKeyscore".
Este software, explica a publicação citando documentos da NSA, deveria servir para que os serviços secretos alemães "apoiassem" seus colegas americanos na luta contra o terrorismo.
O sistema que supostamente é usado pelo BND e pela BfV permite, além do armazenamento dos denominados "metadados" - quem se comunica com quem, quando, quanto e desde onde-, ver retrospectivamente as buscas realizadas por pessoas concretas em procuradores de internet e, inclusive, ter acesso a conteúdos "full take" de vários dias.
Também são empregadas técnicas que permitem armazenar todos os conteúdos das comunicações telefônicas e via internet de um indivíduo durante um período de tempo.
O Der Spiegel acrescenta que dos cerca de 500 milhões de dados provenientes da Alemanha que mensalmente são obtidos pelos Estados Unidos, cerca de 180 milhões são provenientes do "Xkeyscore".
Interrogados com relação ao assunto da publicação, o BND e a BfV preferiram não se pronunciar.
Desde que o ex-técnico da CIA Edward Snowden revelou o escândalo do programa de espionagem em massa dos Estados Unidos, a pressão foi crescendo sobre o governo alemão e seus serviços secretos.
Ambos negaram qualquer conhecimento a respeito, apesar do próprio Snowden assegurar que os serviços secretos dos Estados Unidos e Alemanha estavam associados.
Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.