Amiga crê que brasileira desaparecida tenha saído de navio
Uma amiga e colega de Simone Scheuer Sousa, a brasileira de 35 anos que desapareceu de um navio de cruzeiro na Itália, diz não acreditar que ela tenha se atirado do transatlântico, uma das linhas de investigação seguidas pela polícia, mas sim que ela tenha conseguido sair sem ser vista.
Silvana Mendonça trabalha com Sousa na tripulação do MSC Musica e está embarcada no navio, que na noite dessa quarta-feira (21) navegava entre as cidades de Santorini e Pireu, na Grécia. Em entrevista à ANSA, ela conta que viu a amiga pela última vez por volta de 2h da madrugada do último domingo (18) e que foi a responsável por avisar a segurança sobre o sumiço.
"Era o horário em que eu costumava vê-la, porque ela trabalhava de noite. Porém não sabia que seria a última vez", afirma.
Segundo Mendonça, era normal não cruzar com Sousa durante o dia.
Ao longo do domingo, o MSC Musica ficou atracado em Veneza, no noroeste da Itália, e a brasileira, que fazia a limpeza noturna do navio, não deu as caras - durante as paradas do cruzeiro, os funcionários que estiverem de folga podem sair sem o passaporte, usando um cartão pessoal dado a cada tripulante.
Mendonça aguardou até meia-noite para ver se Sousa apareceria no encontro diário antes da jornada de trabalho, mas isso não aconteceu. A amiga decidiu então procurá-la na cabine do ex-namorado Tala Kelemete Vaifale, um cidadão de Samoa - pequeno arquipélago situado no Oceano Pacífico - que também é funcionário do cruzeiro. Em vão.
"Bati na porta dele, vi que ela não estava, aí pedi ajuda a um segurança. Em questão de minutos, começaram os anúncios em todas as áreas do navio, em inglês e português", relata Mendonça.
Neste momento, o transatlântico já havia zarpado de Veneza rumo à cidade italiana de Brindisi, 700 km ao sul.
Segundo comunicado da MSC Cruzeiros, o desaparecimento foi constatado à 00h53 de 19 de junho (horário local) e notificado "imediatamente" à Guarda Costeira da Itália, que coordena as buscas. "Ao mesmo tempo, a equipe de segurança do navio também efetuou buscas a bordo", diz a empresa.
De acordo com Mendonça, até um helicóptero foi acionado para ajudar. "Vieram na minha cabine para saber se eu tinha ideia de onde ela poderia estar. Abriram todas as cabines, olharam embaixo da cama, em todos os lugares", acrescenta. Em Brindisi, a Polícia subiu no navio para analisar todas as hipóteses possíveis, inclusive a de Sousa ter saído escondida.
Na tarde dessa quarta-feira, a MSC fez uma reunião a bordo com tripulantes brasileiros do Musica, durante a qual pediu para que nenhum detalhe seja esquecido e garantiu que não está de "braços cruzados". A informação foi passada à ANSA por Mendonça, mas a assessoria da companhia ainda não confirma.
Namorado e chefe segundo Mendonça, Sousa mantinha uma relação de idas e vindas com o samoano Tala Kelemete Vaifale, e o último rompimento do casal data de aproximadamente duas semanas atrás.
"No dia da separação, ela falou que não tinha nada que a prendesse aqui. Ela sempre quis voltar para o Canadá, onde já morou", conta a amiga, que acredita que a brasileira tenha, de alguma forma, conseguido sair do navio. "Pular, eu descarto", ressalta.
O também brasileiro Lion Lima conheceu Sousa e Vaifale durante uma estadia de trabalho no MSC Musica e descreve a conterrânea como uma pessoa "alegre", que estava sempre "fazendo piada e rindo". Já o samoano, segundo Lima, é extrovertido e gosta de ensinar coisas relativas a seu país. "Eu o via muito, umas seis vezes por dia. Sempre o cumprimentava no idioma deles, e ele sempre ria", diz.
Também sabe-se que Sousa teve uma discussão com seu superior, um cidadão de Maurício, nação insular situada no Oceano Índico.
"Mas nada fora do normal ou coisa que a levasse a fazer besteira. A Simone é uma pessoa decidida", salienta Mendonça.
Ela diz que o chefe da brasileira cobra bastante no trabalho, mas que isso é algo "comum".
De acordo com Lima, as emoções são sempre muito afloradas dentro de um navio. "É oito ou 80, não existe meio termo, eu mesmo já me desentendi com supervisor e colega, isso é meio que normal", afirma o brasileiro.