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Angela Merkel condena Estados Unidos por espionagem

Para a chanceler alemã, espionar 'países aliados' abala a confiança mútua

12 jul 2014 - 13h34
(atualizado às 13h49)
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<p>Apesar das desavenças, Merkel garantiu que os agentes da inteligência alemã continuam trabalhando com norte-americanos</p>
Apesar das desavenças, Merkel garantiu que os agentes da inteligência alemã continuam trabalhando com norte-americanos
Foto: Thomas Peter / Reuters

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse neste sábado que novas informações de espionagem dos EUA mostraram que Berlim e Washington divergem totalmente sobre a visão que têm dos setores de inteligência, e espera que as reações alemãs convençam os norte-americanos de que eles não devem espionar aliados.

Os comentários foram feitos para a emissora de televisão alemã ZDF, dois dias após o governo alemão pedir para o chefe da CIA em Berlim deixar o país, em uma forte demonstração de insatisfação após autoridades alemãs terem descoberto dois possíveis espiões.

Na sexta-feira, o secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, disse a repórteres que "quando as diferenças aparecem, estamos comprometidos em resolver essas diferenças por meio dos canais privados existentes. Não acreditamos que é apropriado tentar resolvê-los pela imprensa".

O escândalo esfriou as relações com Washington a um ponto não visto desde que o antecessor de Merkel se opôs à invasão do Iraque em 2003. No ano passado, surgiram informações de que o telefone de Merkel foi grampeado por agentes norte-americanos.

Questionada sobre quão furiosa ficou após ouvir sobre os supostos espiões, um dos quais trabalhava para a agência de inteligência alemã (BND) e o outro para o Ministério da Defesa, Merkel afirmou: "Não importa o quão brava ou furiosa eu fiquei. Para mim é um sinal de que temos concepções fundamentalmente diferentes sobre o trabalho dos serviços de inteligência".

"Não consigo falar antecipadamente se as medidas que tomamos terão efeito, mas espero que algo mude. O mais importante é mostrarmos como vemos as coisas, e não existe uma parceria cooperativa quando essas coisas acontecem", afirmou.

Merkel disse que há questões mais importantes para se espionar, e que fazer isso contra amigos abala a confiança mútua. "Não vivemos mais na Guerra Fria e temos diferentes ameaças. Devíamos nos concentrar no que é essencial", afirmou.

Ela acrescentou, contudo, que agentes da inteligência alemã continuam trabalhando com norte-americanos e que deseja a continuação desse trabalho.

Merkel também descartou problemas entre a União Europeia e os EUA para o fechamento de um acordo de livre comércio em decorrência dos recentes atritos sobre espionagem.

Autoridades norte-americanas disseram à Reuters na sexta-feira que o funcionário da defesa alemã que está sendo investigado mantinha contato com o Departamento de Estado e não com as agências de inteligência, o que levanta dúvidas sobre a existência de espionagem contra a aliada Alemanha. O membro em questão não foi preso.

O outro homem está sob custódia após ser detido por espionagem. Ele disse a investigadores que passou documentos para a CIA, e autoridades dos EUA reconheceram internamente que isso ocorreu, e que a agência classificou as informações como preciosas.

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