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Ao menos 4 milhões vão às urnas para referendo da Escócia

Urnas estão abertas desde as 7h locais (3h em Brasília)

18 set 2014 - 08h12
(atualizado às 15h06)
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<p>Escoceses devem decidir se região se torna ou não independente após mais de 300 anos de união com Reino Unido</p>
Escoceses devem decidir se região se torna ou não independente após mais de 300 anos de união com Reino Unido
Foto: Russell Cheyne / Reuters

Mais de 4 milhões de escoceses vão às urnas nesta quinta-feira para decidir se a Escócia deve permanecer no Reino Unido ou se tornar independente. Ao todo, 2.608 locais de votação estão abertos desde as 7h (horário de Londres, 3h em Brasília) e fecharão às 22h locais (18h em Brasília).

O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, um dos líderes da campanha contra a separação, e o primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, grande defensor da independência, votaram no início da manhã.

A contagem de votos começa assim que as urnas forem fechadas e deve seguir pela madrugada. O resultado final será divulgado oficialmente às 7h desta sexta-feira.

Nesta quarta-feira, as duas campanhas, a favor e contra a independência, fizeram grandes atos políticos na tentativa de mobilizar os eleitores e angariar o voto dos indecisos. Em Glasgow, a campanha Melhor Juntos foi liderada por Gordon Brown, que reforçou os ganhos obtidos ao longo de 300 anos de Grã-Bretanha e fez um apelo: “O que teremos construído juntos se nos sacrificarmos e nos dividirmos? Não vamos deixar esse nacionalismo estreito nos separar, nunca”.

Na cidade escocesa de Perth, a campanha "YES", que defende a independência da região, promoveu um comício que reuniu milhares de pessoas. Alex Salmond, em seu último discurso antes do referendo, convocou os eleitores a “escolher esperança, em vez de medo, e oportunidade, em vez de desespero”. Em sua fala, ele foi interrompido pela multidão, que cantava: “Sim, nós podemos”.

Personalidades britânicas manifestaram suas posições em relação ao referendo. Hoje, pelo Twitter, o tenista britânico Jamie Murray disse que “é hora de a Escócia ficar de pé e controlar seu próprio destino”. A estilista Vivienne Westwood e o ator Sean Connery também são a favor da independência, enquanto estrelas como Paul McCartney, Mick Jagger e o ex-jogador David Beckham são contra. A escritora J. K. Rowling, autora do livro Harry Potter, doou 1 milhão de libras esterlinas (quase R$ 4 milhões) para a campanha contra a separação.

O referendo histórico dominou hoje as primeiras páginas dos jornais britânicos, que expressaram incerteza sobre o futuro do Reino Unido. O diário The Guardian trouxe na capa o mapa do Reino Unido com a manchete: O dia do destino.

Já o jornal escocês The Herald trouxe a manchete O dia de a Escócia acertar as contas. Será esse o triste final da identidade britânica, resultado de uma união que já dura três gerações? Quando o sino do Castelo de Edimburgo bater às 7h de sexta-feira, e os resultados forem oficialmente divulgados, o mundo então saberá a resposta.

A última pesquisa, divulgada a 24 horas da votação, apontava uma vantagem de 5% do 'não'. De acordo com a sondagem do instituto Panelbase, que entrevistou 1.000 pessoas, o 'não' à independência tinha 50%, o "sim" 45% e outros 5% estavam indecisos.

Mulheres e idosos parecem ser as pessoas com mais dúvidas sobre a independência, enquanto os homens da faixa dos 30 aos 60 anos são os mais favoráveis. Os jovens são considerados os mais voláteis. Pela primeira vez pessoas a partir de 16 anos podem votar no país.

Neutralidade de Elizabeth II parece não se estender à Escócia

Como chefe de Estado, Elizabeth II se manteve sempre à margem dos vaivéns políticos britânicos, mas por conta do alcance do que está em jogo nesta quinta-feira na Escócia deixou entrever que, desta vez, não será tão neutra.

<p>Salmond votou em referendo logo no início da manhã desta quinta-feira</p>
Salmond votou em referendo logo no início da manhã desta quinta-feira
Foto: Dylan Martinez / Reuters

A soberana, de 88 anos, é admirada e respeitada pelos britânicos por seu estoicismo e por respeitar a vontade democrática, pois considera que está acima das batalhas políticas.

No entanto, perante a inquietação gerada pelo avanço da causa independentista na Escócia diante do referendo de hoje, Elizabeth II aproveitou uma oportunidade para dizer que os eleitores escoceses devem refletir com "atenção".

Seu comentário, realizado no domingo passado ao término de uma missa na igreja de Crathie Kirk, na Escócia, surpreendeu a todos e foi interpretado como uma clara referência que está a favor que a Escócia siga fazendo parte do Reino Unido.

Dirigindo-se a uma das pessoas reunidas perante a igreja para cumprimentá-la, a rainha - que rompeu assim o protocolo pois nunca se aproxima das pessoas quando vai a Crathie Kirk - disse: "Espero que as pessoas pense com muita atenção sobre o futuro".

Seu comentário surgiu depois que alguns políticos britânicos partidários da união se manifestaram a favor de uma intervenção da rainha para impedir o rompimento da Ata de União de 1707, pela qual a Escócia está unida ao Reino Unido.

No entanto, uma porta-voz do Palácio de Buckingham disse à Agência Efe que o referendo é um assunto "que compete ao povo da Escócia".

"A rainha é, e foi sempre, constitucionalmente imparcial em todos os assuntos políticos, incluindo o referendo de independência escocês. Não é uma função constitucional de Vossa Majestade encorajar as pessoas a votar de uma maneira ou outra", assegurou a porta-voz.

O resto da família real também mantém a neutralidade, apesar de príncipe Harry, filho do príncipe Charles, ter dado a entender esta semana que prefere a união ao afirmar, ao término de um evento esportivo para ex-combatentes, que espera que os próximos jogos aconteçam na escocesa Glasgow.

O único precedente sobre uma intervenção de Elizabeth II em assuntos políticos é de 1977, quando aproveitou um discurso por ocasião de seus 25 anos de reinado para lembrar que foi coroada "rainha do Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda do Norte", por ocasião de uma votação na Escócia e no País de Gales para ceder-lhes autonomia, algo que finalmente não prosperou.

Mas aconteça o que acontecer hoje, saia o "sim" ou o "não", Elizabeth II seguirá sendo rainha do Reino Unido e rainha da Escócia, pois o primeiro-ministro regional escocês, o nacionalista Alex Salmond, já disse que os escoceses a querem como sua chefe de Estado.

A rainha está muito vinculada à Escócia. Tem sangue escocês por parte de mãe e passa todos os anos suas férias no castelo de Balmoral, em Aberdeenshire.

Este castelo, uma das residências mais famosas da soberana, foi comprada pelo príncipe Albert para a rainha Victoria e é utilizada por Elizabeth II para receber todos os meses de agosto o primeiro-ministro britânico e o escocês.

Além de Balmoral, a rainha costuma passar uma semana por ano no palácio de Holyrood, em Edimburgo, a residência oficial dos monarcas britânicos quando cruzam a terras escocesas.

Porém, as obrigações de Elizabeth II com o povo escocês, caso vença o "sim" à cisão, serão estabelecidas na Constituição que a Escócia redigirá antes de uma possível declaração de independência, já fixada para o dia 24 de março de 2016.

Com informações da Reuters, AFP e Agência Brasil.

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Fonte: Terra
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