Em um ambiente de forte emoção, a multidão concentrada na Praça da Independência, em Kiev, rodeou líderes oposicionistas nesta sexta-feira, 21, depois que eles assinaram um acordo com o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, para pôr fim à prolongada crise no país, e manifestantes disseram que não vão esperar muito tempo para vê-lo deixar o poder.
As pessoas estavam muito exaltadas quando o caixão de uma vítima da violência de quinta-feira, dia em que dezenas de pessoas foram mortas durante protestos contra o governo, foi levado através da multidão ao palco na praça, aparentemente pegando de surpresa os líderes da oposição.
Apesar do acordo assinado por Yanukovich e a oposição, muita gente na praça não estava no clima de encerrar os protestos iniciados em novembro, depois que o presidente abandonou um pacto comercial prestes a ser assinado com a União Europeia e, em vez disso, estreitou laços com a Rússia.
Depois que outro caixão aberto foi levado pela multidão, um manifestante usando trajes de guerra agarrou o microfone e foi aplaudido ao dizer: "Queremos ele fora até amanhã!".
Referindo-se aos três líderes oposicionistas, incluindo o boxeador e agora político Vitaly Klitschko, que estavam detrás dele, o homem disse: "Meu camarada foi baleado e nossos líderes apertam as mãos de um assassino. É uma desgraça."
"Nós demos a vocês, políticos, uma chance de se tornarem ministros no futuro, até mesmo presidente, mas vocês não querem cumprir nossa única exigência - que esse criminoso deixe o cargo."
23 de fevereiro - Ucranianos transformaram ruas de Kiev em santuários improvisados; dezenas de pessoas foram mortas pela polícia, que usou atiradores de elite e metralhadoras Kalashnikov para conter os protestos
Foto: Carlo Allegri / Reuters
23 de fevereiro - Cerimônia em local de morte de manifestantes foi marcada pela emoção em Kiev no dia seguinte à destituição do presidente Viktor Yanukovich - decisão que devolveu um pouco de paz às ruas de Kiev
Foto: Reuters
23 de fevereiro - Ucranianos lamentam o alto número de mortos nos protestos que tomaram as ruas de Kiev. Com flores, eles homenagearam as vítimas de violentos confrontos
Foto: Reuters
22 de fevereiro - Ucranianos comemoram decisão do Parlamento, que acusou presidente de "abandono de funções constitucionais" e destituiu Viktor Yanukovich, convocando eleições presidenciais antecipadas para o dia 25 de maio
Foto: AFP
22 de fevereiro - Ativistas se reuniram nos arredores do Parlamento em Kiev para comemorar o anúncia, que chega no ápice de uma semana de intensos protestos no coração de Kiev. Leia mais -
Foto: AFP
22 de fevereiro - A ex-primeira-ministra ucraniana, Yulia Timoshenko, discursou na Praça da Independência após deixar a prisão e anunciou que será candidata nas eleições presidenciais de 25 de maio. Leia mais -
Foto: AFP
22 de fevereiro - Em gesto simbólico, uma fita preta foi colocada em uma bandeira que combina as bandeiras da Ucrânia e da União Europeia. A simbologia marca um dia de luto nas ruas de Kiev, depois de mais conflitos entre manifestantes e tropas do governo
Foto: Reuters
22 de fevereiro - Manifestantes fazem barricada em uma rua que leva a prédio do governo em Kiev. Em protesto contra o presidente, ucranianos afirmaram que detêm o controle do prédio, enquanto líderes da oposição pressionam por uma renúncia de Viktor Yanukovich
Foto: Reuters
21 de fevereiro - Manifestantes permanecem na Praça da Independência depois de confrontos com a polícia
Foto: Getty Images
21 de fevereiro - Manifestantes voltam a montar barricadas depois de confrontos com a polícia no dia 20
Foto: Getty Images
21 de fevereiro - Manifestante coloca um pneu em chamas em uma barricada, em Kiev
Foto: Getty Images
21 de fevereiro - O clima ainda é de tensão na capital Kiev
Foto: Getty Images
21 de fevereiro - Ucranianos se protegem atrás das barricadas
Foto: Reuters
21 de fevereiro - A violência explodiu novamente em Kiev enquanto políticos da oposição da Ucrânia participavam de uma reunião com o presidente russo Viktor Yanukovich
Foto: Reuters
21 de fevereiro - Manifestantes montam barricadas na Praça da Independência, em Kiev
Foto: Reuters
21 de fevereiro - Homem escala barricada montada por manifestantes
Foto: Reuters
21 de fevereiro - Manifestantes permaneciam da praça da Independência enquanto o presidente russo Viktor Yanukovich, membros da oposição e lideranças da União Europeia discutiam uma solução para a crise
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Ativistas oram diante corpos dos manifestantes mortos nos confrontos
Foto: AP
20 de fevereiro - Padres rezaram sob os corpos dos manifestantes mortos nos confrontos com a polícia nesta quinta-feira. Armas de fogo foram utilizadas no dia mais tenso dos últimos meses
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Manifestantes feridos estão sendo levados da Praça da Independência. Os corpos dos mortos na manhã desta quinta-feira foram encontrados na praça, principal palco dos protestos, e na recepção de um hotel
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Corpos de manifestantes podem ser vistos na Praça da Independência, em Kiev. Pelo menos 17 civis morreram na manhã desta quinta-feira. O presidente do país anunciou que "dezenas de policiais também estão mortos"
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Manifestantes feridos estão sendo levados da Praça da Independência. Os corpos dos mortos na manhã desta quinta-feira foram encontrados na praça, principal palco dos protestos, e na recepção de um hotel
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Corpos de manifestantes podem ser vistos na Praça da Independência, em Kiev. Pelo menos 21 civis morreram na manhã desta quinta-feira. O presidente do país anunciou que "dezenas de policiais também estão mortos"
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Manifestantes feridos estão sendo levados da Praça da Independência. Os corpos dos mortos na manhã desta quinta-feira foram encontrados na praça, principal palco dos protestos, e na recepção de um hotel
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Corpos de manifestantes podem ser vistos na Praça da Independência, em Kiev. Pelo menos 21 civis morreram na manhã desta quinta-feira. O presidente do país anunciou que "dezenas de policiais também estão mortos"
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Pelo menos 21 civis foram mortos na manhã desta quinta-feira
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Pelo menos 21 civis foram mortos na manhã desta quinta-feira
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Pelo menos 10 corpos foram deixados no Hotel Ukraine. Os confrontos no país tiveram seu dia mais violento na manhã desta quinta-feira
Foto: Twitter
20 de fevereiro - Corpos de manifestantes podem ser vistos na Praça da Independência, em Kiev. Pelo menos 21 civis morreram na manhã desta quinta-feira. O presidente do país anunciou que "dezenas de policiais também estão mortos", segundo informações da Reuters
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Armas de fogo foram utilizadas nos confrontos entre polícia e manifestantes contra o governo na manhã desta quinta-feira. Há pelo menos 21 mortos
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Armas de fogo foram utilizadas nos confrontos entre polícia e manifestantes contra o governo na manhã desta quinta-feira
Foto: Reuters
20 de fevereiro - O presidente ucraniano Viktor Yanovich disse que dezenas de policiais estão mortos depois dos conflitos na madrugada desta quinta-feira
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Padres rezaram sob os corpos dos manifestantes mortos nos confrontos com a polícia nesta quinta-feira. Armas de fogo foram utilizadas no dia mais tenso dos últimos meses
Foto: Reuters
20 de fevereiro - O presidente ucraniano Viktor Yanovich disse que dezenas de policiais estão mortos depois dos conflitos na madrugada desta quinta-feira
Foto: Reuters
20 de fevereiro - Manifestante mostra rosto um homem morto durante confrontos com a polícia nesta quinta-feira
Foto: AP
20 de fevereiro- Manifestante ferido é levado da Praça da Independência na manhã desta quinta-feira
Foto: AP
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"Nós, pessoas simples, estamos dizendo aos políticos atrás de nós que não há nenhuma maneira de Yanukovich ficar como presidente por todo o ano. Ele tem de sair amanhã até as 10h."
"Se até as 10h de amanhã não for anunciado que Yanukovich se foi, nós vamos atacar com armas", disse ele.
Antes, Klitschko atraiu assobios e vaias de escárnio da multidão quando elogiou as conquistas políticas "muito importantes" durante o dia.
Klitschko e os outros líderes oposicionistas seus aliados, Arseny Yatsenyuk e o nacionalista Oleh Tyanibok, assinaram no início do dia um acordo com Yanukovich mediado pela União Europeia, pelo qual o presidente ucraniano fez concessões importantes depois de dois meses e meio de confrontos nas ruas de Kiev.
As concessões incluem a antecipação das eleições, formação de um governo interino e o retorno à Constituição anterior, o que significa que o presidente perderá poderes, incluindo o controle sobre a formação do governo.
Mais de 70 são mortos durante confrontos na Ucrânia:
Klitschko pediu desculpas depois por ter apertado a mão de Yanukovich, ao pegar o microfone e falar para a multidão: "Se ofendi alguém, peço o seu perdão."
Mas boa parte dos manifestantes se manteve firme na rejeição do acordo.
"Vou lutar até a morte", disse Vasily Stefinyuk, de 50 anos, da cidade de Kharkiv, no nordeste do país, e veterano da invasão soviética no Afeganistão.
"Nós fomos traídos", disse ele. "Nós não estamos aqui por causa de Klitschko ou Yatsenyuk, nós estamos aqui para nos livrarmos de Yanukovich."
Outro homem, Volodymir, de 35 anos, da cidade de Lviv, no oeste, perto da fronteira polonesa, afirmou: "Nós não vamos seguir Klitschko e os outros. Eles apertaram as mãos de um gângster e dançaram com o diabo."
(Reportagem de Natalia Zinets e Timothy Heritage)
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