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Após ação rejeitada, David Miranda chama governo britânico de 'nojento'

Brasileiro perdeu processo em primeira instância na corte britânica em que alega ter sido detido ilegalmente, ano passado, no aeroporto de Heathrow

19 fev 2014 - 12h55
(atualizado às 13h50)
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David Miranda não conseguiu o reconhecimento da Alta Corte britânica em que apela a ilegalidade de sua detenção no aeroporto do país em agosto do ano passado
David Miranda não conseguiu o reconhecimento da Alta Corte britânica em que apela a ilegalidade de sua detenção no aeroporto do país em agosto do ano passado
Foto: Reuters

O brasileiro David Miranda afirmou nesta quarta-feira que irá recorrer da decisão em primeira instância da corte britânica, que julgou improcedente o processo que ele moveu contra o governo britânico por ter sido detido, em agosto do ano passado, no aeroporto de Heathrow por suspeita de terrorismo.

“O que o governo do país deles faz é simplesmente nojento. Eles têm poderes ilimitados com essa lei (antiterrorismo). Você se sente infringido nos direitos humanos, num trabalho que é muito importante”, afirmou Miranda, em entrevista ao Terra.

Em agosto do ano passado, ele foi detido no principal aeroporto de Londres sob suspeita de terrorismo, quando fazia escala procedente da Alemanha rumo ao Rio de Janeiro. Companheiro e braço direito do jornalista Glenn Greewald, que publicou em diários de todo o mundo denúncias de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA), dos EUA, para com governos e empresas de vários países, entre eles, o Brasil.

Por meio de documentos obtidos via o ex-técnico da NSA Edward Snowden, hoje exilado temporariamente na Rússia, comprovou-se que os EUA espionaram a presidente Dilma Rousseff, empresas do porte da Petrobras, além de e-mails e computadores de vários brasileiros.

“Era previsível que seria uma decisão assim. É uma tentativa do governo defender o próprio governo”, explicou ainda Miranda. “Esse é só o primeiro passo, não perdemos a guerra”, completou. Na ocasião em que ficou detido, o brasileiro teve confiscados seu computador pessoal, cartões de memória, celulares e DVDs que eram endereçados a Greenwald.

Em sua decisão, a Alta Corte entendeu que a detenção de Miranda não foi uma interferência direta à lei dos direitos humanos, e que a ação foi justificada “por legítimos e urgentes interesses de segurança nacional”. Anteriormente, o representante do Ministério do Interior Britânico, Steven Kovats, havia afirmado que tais documentos “poderem muito bem ter caído nas mãos da al-Qaeda”.

“Eles sempre querem ligar com o terrorismo quando fazem algo de errado. Foi um material apreendido. No ‘statement’ (decisão), fica claro que o material estava altamente criptado. Isso jamais poderia ter caído na mão da al-Qaeda, jamais cairia em mãos erradas, porque ninguém teria acesso”, justificou Miranda.

Ao mesmo tempo em que recorre da decisão da Alta Corte, o brasileiro segue com sua campanha para que o governo brasileiro dê asilo definitivo ao norte-americano Edward Snowden. A campanha na internet já atingiu a marca de 1,1 milhão de assinaturas. 

Fonte: Terra
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