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Após vitória, Catalunha 'adia' independência e pede mediação

2 out 2017 - 11h18
(atualizado às 11h18)
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Homem segura bandeira separatista da Catalunha, em Barcelona, Espanha
Homem segura bandeira separatista da Catalunha, em Barcelona, Espanha
Foto: Reuters

Após a vitória do "sim" no plebiscito separatista do último domingo (1º), o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, exigiu nesta segunda-feira (2) a retirada dos cerca de 10 mil agentes da Guarda Civil e da Polícia Nacional enviados à comunidade autônoma pela Espanha e pediu mediação internacional para solucionar a crise.

Em coletiva de imprensa, Puigdemont também anunciou a criação de um comitê de investigação para apurar possíveis "violações dos direitos" por parte das forças de segurança espanholas e afirmou que o resultado da consulta popular é "válido e vinculante".

"É preciso haver um compromisso de retirada da violência policial, as contas da Generalitat [governo catalão] não podem ficar bloqueadas, e tem de haver um compromisso para pôr fim a esta situação e criar clima de distensão para uma mediação leal e sincera", declarou.

O plebiscito teve a participação de 2,2 milhões de eleitores (41,5% do total), e 90% votaram pela independência da Catalunha.

Outros 7,8% optaram pelo "não", enquanto os 2,2% restantes das cédulas estavam em branco ou nulos.

Em seu pronunciamento, Puigdemont reiterou a necessidade de uma mediação internacional para a disputa entre Barcelona e Madri, após a União Europeia ter se negado a exercer tal papel, alegando que a questão catalã é um problema interno da Espanha.

"O momento aconselha mediação e que seja internacional para ser eficaz", disse o presidente da comunidade autônoma, reforçando que o anseio separatista na região é um "assunto europeu". "A UE não pode olhar para outro lado", reforçou.

Além disso, Puigdemont afirmou não acreditar que o Parlamento da Catalunha vá preparar uma declaração de independência imediatamente, mas ressaltou que o resultado da consulta popular implica em "tomar decisões políticas".

"Não estou declarando independência, o Governo não decidiu declarar independência, mas entendeu que chegou a hora de apelar a essa mediação, e, se ela ocorrer, falaremos de tudo", explicou, sem descartar a hipótese de, em caso de fracasso nas negociações, o Parlamento catalão anunciar sua separação da Espanha unilateralmente.

A Catalunha é uma das mais ricas das 17 comunidades autônomas do país e, com 7,5 milhões de habitantes, responde por 19% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Com tradições e idioma próprios, a região enfrentou severas restrições na ditadura de Francisco Franco (1939-1975), mas hoje goza de ampla autonomia em matéria de saúde, segurança e educação. No entanto, o governo catalão tem pouco poder no âmbito fiscal, e uma das principais reclamações dos separatistas é que a região recebe de Madri menos recursos do que os impostos que paga. Os independentistas também acusam a Espanha de ser um Estado autoritário e dizem que a comunidade seria ainda mais próspera se virasse um país.

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