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Apresentador infantil pedófilo é condenado à prisão

Rolf Harrisfoi recebeu uma pena de cinco anos e nove meses por abusar de várias meninas

4 jul 2014 - 15h21
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Rolf Harris chega à Corte Southwark Crown para ser condenado, em Londres, em 4 de julho
Foto: Bogdan Maran / AP

Rolf Harris, uma estrela do entretenimento na TV britânica e culpado por 12 acusações de abuso sexual de meninas, foi condenado nesta sexta-feira a cinco anos e nove meses de prisão. Uma das vítimas do apresentador, de 84 anos, tinha entre sete e oito anos.

Os crimes ocorreram entre 1968 e 1986. O juiz que proferiu a sentença disse que Harris, que apresentava programas infantis, inclusive na BBC, usou seu status de celebridade e a confiança que despertava no público para cometer os crimes.

A Justiça não divulgou detalhes sobre as vítimas, mas sabe-se que uma das crianças foi vítima de Harris quando lhe pedia um autógrafo.

Este é o segundo caso recente de abuso sexual envolvendo personalidades da TV na Grã-Bretanha. A investigação contra o ex-astro ocorreu na esteira das acusações contra o apresentador da BBC Jimmy Savile, que durante décadas abusou sexualmente de vítimas entre 5 a 75 anos de idade.

Vídeo

A maneira com que Harris abusou do papel que desempenhava com o público infantil ficou clara no vídeo divulgado pela imprensa britânica em que ele ensinava crianças a evitar abusos. Em 1982, Harris visitou um teatro juvenil em Vancouver, no Canadá. A oficina que lá ocorria abordava a questão do abuso de crianças, aconselhando vítimas em potencial.

O programa Feeling Yes, Feeling No - que pode ser traduzido como Percebendo Sim, Sofrendo Não -, do grupo Green Thumb Theatre, ensinava em linguagem simples como afastar atenção indesejada, por exemplo, observar sinais inadequados e denunciar crimes sexuais.

Harris, que se disse impressionado com o que viu, decidiu que faria um filme semelhante.

O vídeo, de 20 minutos, chamado Kids Can Say No (Crianças Podem Dizer Não, na tradução literal), foi lançado em 1985. O último dos crimes de que Harris foi considerado culpado teria ocorrido em 1986.

"É muito significativo que ele quisesse fazer o filme", disse David Wilson, professor de criminologia da Universidade de Birmingham City. "Foi possivelmente uma reação ao sentimento de culpa sobre o que ele estava fazendo."

"É também um caso de tentar se esconder apesar da visibilidade que ele tinha. Ele estava, possivelmente, tentando encobrir o que estava fazendo. Talvez também, em sua mente, fosse uma espécie de penitência para o abuso que estava cometendo", disse Wilson.

'Meu corpo é meu'

Kids Can Say No apresenta Harris falando a um grupo de crianças de sete e oito anos em Hampstead Heath, em Londres. O programa foi promovido como uma demonstração de "situações em que crianças possam estar ameaçadas por quem elas conhecem e confiam, bem como por estranhos".

O filme começa com um jingle. "Meu corpo não é de ninguém, mas meu. Você cuida do seu próprio corpo. Deixa que eu cuido do meu", Harris canta com as crianças.

Elas discutem o que são sentimentos "sim" (bons), como abraço de mãe ou cócegas nas costelas do pai, e sentimentos "não" (ruim), como ser apertado demais ou ser beliscado.

"Eu queria saber o que causa sentimentos 'sim' e sentimentos 'não' quando você está tocando ou sendo tocado", explica Harris no vídeo. "Tocar pode ser um dos sentimentos mais legais do mundo."

'Vá embora'

Harris e as crianças passam por uma série de cenários hipotéticos que visam a aumentar a autoconfiança dos pequenos em lidar com agressores. Em um deles, adolescentes levam um pequeno garoto a um esconderijo na floresta e tentam fazê-lo tirar a roupa.

Em outro, uma jovem visita uma loja de brinquedos. Ela pensa não ter dinheiro suficiente e Harris pede para ela fingir que um homem se oferece a dar presentes caso ela concorde em ir para casa com ele. "Diga-lhe: 'Muito obrigado, mas não'", Harris diz às crianças, antes de instrui-las a dizer: "Vá embora. Muito firme."

Harris oferece conselhos sobre como relatar tais incidentes. "Você não deve ter vergonha de dizer às pessoas que você foi tocado onde você não queria ser tocado", diz ele. No cenário final, uma menina não pode ir à natação e fica em casa com o pai. Ele se oferece para lhe dar um banho de espuma, e depois um sorvete. A menina diz que ela já é velha demais para o seu pai lhe dar banho.

"Não seja boba. Nós vamos ter uma brincadeirinha. Vai ser o nosso segredo", ele responde. Mais tarde, a menina pergunta: "Por que você me faz te tocar desse jeito?" "Porque nós nos amamos, é o nosso segredo", responde o pai. "Eu não quero que você conte à mamãe ou a ninguém. Se você fizer isso, eu posso ir para a prisão e tudo será culpa sua."

Um dos comentários finais de Harris é: "Algumas pessoas não agem direito com as crianças, e elas precisam de ajuda".

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