Assassinato de brasileira gera protestos na Espanha
O assassinato da brasileira Andina Pereira de Brito, 35 anos, gerou repulsa na cidade de Mungia, no País Basco, na Espanha, onde ela morava e foi achada morta. Ela morreu na segunda-feira, supostamente estrangulada em casa pelo seu ex-namorado. Ele foi detido poucas horas depois e é o principal suspeito do crime.
De acordo com o irmão da vítima, Fábio de Brito, que mora em Redenção, no Pará, Andina e o homem estiveram juntos por dois anos, mas tinham terminado na semana passada e ele não aceitava o fato. "Ele invadiu o apartamento e matou a minha irmã. Ela tinha marcas de mão no pescoço", explicou Fábio em entrevista por telefone.
O homem, um espanhol de 35 anos, se negou a declarar perante o juiz, que ordenou sua prisão provisória. O juiz solicitou a mudança do caso para um juizado especializado em violência de gênero, segundo fontes judiciais.
O ex-namorado tem antecedentes por maus tratos e denúncias por violência em um relacionamento anterior. Andina, no entanto, não tinha apresentado qualquer denúncias contra ele.
Segundo Fábio, a irmã mantinha contato constante com o Brasil, ligava para casa semanalmente e falava com os irmãos todos os dias por um aplicativo de mensagens por celular. Ele contou que a irmã não falava muito sobre seu relacionamento, e apenas mencionou o rompimento. Contudo, Fábio disse que ela costumava relatar estar feliz.
Diferentemente disso, as amigas da mulher relatam que ela vivia com medo do ex-namorado, que a proibia falar com as pessoas e a vigiava. Algumas delas afirmaram que era possível "prever" um final trágico.
Andina deixou dois filhos, uma menina de 11 anos, que encontrou o corpo da mãe; e um menino de 15 anos. Eles estavam na Espanha desde outubro de 2012. A família da mulher está tentando trazer as crianças, que estão em um abrigo, de volta ao Brasil. Na escola da menina, os colegas fizeram uma concentração silenciosa de cinco minutos no pátio.
A prefeitura de Mungia realizou nesta manhã uma reunião extraordinária, em que aprovou por unanimidade uma declaração de condenação, e cobriu com um pano lilás uma escultura com a letra "M" de Mungia, de grandes dimensões, localizada perto da Câmara Municipal.
A Câmara Municipal tomou a decisão de apresentar-se como acusação particular com "a intenção de preservar os direitos da família de Andina e pedir justiça em seu nome em representação ao povo de Mungia".
Na declaração aprovada por todos os grupos políticos, a prefeita Izaskun Uriagereka pediu à população da cidade que responda com "serenidade e firmeza" ao assassinato. A Associação de Municípios Bascos (Eudel) expressou sua "mais enérgica repulsa" pelo crime, e reivindicou trabalhar mais em favor da igualdade para que não voltem a ocorrer casos de violência como esse.