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Blair: "assumo a responsabilidade pela invasão do Iraque"

Ex-premiê expressa arrependimento e pede desculpas pelas consequências da invasão, mas defende sua decisão e afirma que agiu de boa fé

6 jul 2016 - 12h28
(atualizado às 12h46)
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Foto: Getty Images

Após a divulgação de um aguardado relatório sobre a guerra do Iraque, nesta quarta-feira (6), o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse que assume a responsabilidade pela decisão de levar o Reino Unido para a guerra.

Blair afirmou que agiu de "boa fé" ao decidir participar da invasão ao lado dos Estados Unidos, acreditando ser o melhor para o Reino Unido. "Peço ao povo britânico que aceite que tomei a decisão porque pensei que fosse a coisa certa a se fazer."

Blair, que foi primeiro-ministro entre 1997 e 2007, foi duramente criticado no chamado relatório Chilcot, que divulgou nesta quarta-feira os resultados de um inquérito iniciado há sete anos. Segundo o documento, o ex-líder britânico se decidiu pela opção militar no Iraque sem esgotar as alternativas pacíficas e sem bases legais satisfatórias.

"Assumo toda a responsabilidade por qualquer erro, sem exceção ou desculpa", disse Blair. Ao mesmo tempo, ele afirmou continuar acreditando que foi melhor derrubar o ex-ditador Saddam Hussein e que a invasão do Iraque não é a causa do terrorismo atual, seja no Oriente Médio, seja em qualquer parte do mundo.

Manifestantes protestam contra decisão de Bush e Blair de ir à guerra
Manifestantes protestam contra decisão de Bush e Blair de ir à guerra
Foto: Getty Images

O relatório afirma que Hussein não representava uma ameaça iminente em março de 2003 e que o caos no Iraque e na região deveria ter sido previsto.

"As avaliações de inteligência feitas na época de entrar na guerra acabaram se revelando equivocadas. As consequências acabaram sendo mais hostis, prolongadas e sangrentas do que imaginávamos", reconheceu Blair. "Por tudo isso, eu expresso mais pesar, arrependimento e perdão do que vocês possam imaginar."

O político argumentou que a conclusão do inquérito deveria exonerá-lo da acusação de mentir. "O relatório deveria pôr fim às alegações de má-fé, mentira ou engano", disse. "Por favor, parem de dizer que eu estava mentindo ou que eu tinha algum motivo oculto."

Ele também prestou tributo às Forças Armadas britânicas, expressando pesar pelas vidas perdidas. Blair afirmou ainda que os soldados britânicos não lutaram em vão. "Eles combatiam as forças do extremismo que vemos no mundo hoje."

Cameron: Não houve ilegalidade

O atual primeiro-ministro britânico, David Cameron, também reagiu ao relatório, afirmando que todos os partidos, incluindo o seu, e os parlamentares que apoiaram a guerra contra o Iraque em 2003 têm que assumir sua responsabilidade.

"Todos os que votamos [na Câmara dos Comuns] a favor de atacar o Iraque devemos assumir nossa parte justa de responsabilidade", disse Cameron no Parlamento, reconhecendo a má gestão e resultados da guerra.

Cameron insistiu que em nenhum momento o relatório apresenta provas de "ilegalidade" ou "enganação" por parte de Blair, que convenceu a Câmara dos Comuns a apoiar a invasão com o argumento - que mais tarde se revelou falso - de que o Iraque tinha armas de destruição em massa.

Cameron advertiu que os resultados do inquérito não significam que não haja situações em que a guerra seja necessária. O líder conservador também destacou a independência do chefe da comissão de inquérito, John Chilcot.

LPF/efe/rtr/afp/dpa

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