Autor de ataque a imigrantes na Itália recebe solidariedade
Até o advogado de Luca Traini ficou "alarmado" com mensagens
O advogado de Luca Traini, italiano preso por atirar contra imigrantes negros em Macerata, no centro do país, afirmou nesta segunda-feira (5) que é "alarmante" a quantidade de mensagens de solidariedade que seu cliente tem recebido.
Giancarlo Giulianelli se encontrou com Traini, 28 anos, na penitenciária de Montacuto e deu uma breve declaração aos jornalistas que o questionavam. Em sua visão, o ataque xenófobo de seu cliente foi "malvado". "Há um problema político: as pessoas me param por Macerata para passar mensagens de solidariedade a Luca. É alarmante, mas dá a medida do que tem acontecido", afirmou o advogado.
Quem também demonstrou preocupação foi o prefeito da cidade, Romano Carancini, do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. "Devemos chamar aquilo que ocorreu no sábado de represália nazifascista de uma pessoa que havia dito no bar que iria disparar contra negros. Não é um fato isolado, há um fermento que devemos ser capazes de combater", afirmou.
O presidente Sergio Mattarella também se pronunciou, ainda que de forma indireta, e afirmou que a Itália precisa de "senso de comunidade", cuja falta leva à "intolerância" e à "violência". Ex-candidato pelo partido ultranacionalista Liga Norte, Traini tem orientação neofascista e baleou seis imigrantes negros enquanto andava em seu carro pelas ruas de Macerata.
Ele foi capturado poucas horas depois, aos pés de um monumento aos mortos italianos na Segunda Guerra Mundial e enrolado em uma bandeira nacional. Seu atentado foi uma reação ao assassinato de Pamela Mastropiero, encontrada desmembrada em duas malas na cidade vizinha de Pollenza.
O principal suspeito do crime é o nigeriano Innocent Oseghale, o que motivou Traini a abrir fogo contra imigrantes. Nos últimos anos, a Itália recebeu centenas de milhares de migrantes forçados pelo Mar Mediterrâneo, a maioria deles da África Subsaariana, também conhecida como "África Negra".
No entanto, o número de pessoas socorridas vem caindo: do recorde de 181.436 de 2016, a cifra passou para 119.369 em 2017, redução de 34%. Em 2018, 4.723 indivíduos já foram resgatados no Mediterrâneo, queda de 43,95% em relação ao mesmo período do ano passado.
Desse total, 1.184 são originários da Eritreia, no Chifre da África. Das outras nove principais nações dos migrantes forçados que chegam à Itália, quatro ficam na parte subsaariana do continente: Nigéria, Senegal, Costa do Marfim e Guiné.