Autoridades da Crimeia pedem calma após invasão de Parlamento
O Parlamento, por outro lado, propôs a realização de um referendo para o dia 25 de maio que visa ampliar a autonomia da região. Duas pessoas morreram após a invasão do local na manhã desta quinta-feira
O primeiro-ministro da república autônoma da Crimeia, Anatoli Mohilyov, pediu calma à população nesta quinta-feira, defendendo uma "solução pacífica" para a crise, após a invasão por um grupo de manifestantes pró-Rússia do Parlamento de Simferopol, no sul da Ucrânia, que culminou na morte de duas pessoas.
"Peço calma à população. Precisamos evitar reuniões em massa, há discussões em curso, e precisamos que tudo seja resolvido pacificamente, através do diálogo", declarou Mohilyov à imprensa.
Acompanhado por quinze deputados, o primeiro-ministro entrou no Parlamento, onde conversou com membros do comando que, ao amanhecer, tomaram o controle do local e da sede do governo local, hasteando a bandeira da Rússia, antes de sair.
O presidente da Medjlis, a assembleia que representa os tártaros da Crimeia, comunidade muçulmana favorável às novas autoridades de Kiev, também pediu calma à população e fez um apelo para que todos evitem comportamentos agressivos nas ruas.
A Rada Suprema (Parlamento) da Crimeia propôs nesta quinta-feira a realização de um referendo sobre a autonomia da região para o próximo dia 25. "Estamos convencidos que só um referendo para a modificação do estatuto de autonomia e a ampliação de suas prerrogativas permitirá aos cidadãos da Crimeia determinar por si mesmos, sem pressões exteriores, o futuro de sua autonomia", assinala a declaração da Presidência do Parlamento.
O Legislativo ressalta que a "Ucrânia está desembocando no caos, na anarquia e na catástrofe econômica" e, por isso, não lhe resta outra opção a não ser "assumir toda a responsabilidade sobre o destino da Crimeia".
"Agressão militar"
Em Kiev, o presidente interino Olexander Turchynov advertiu a frota russa na Crimeia que vai considerar uma "agressão militar" qualquer movimento de tropas, depois que homens armados pró-Moscou tomaram o controle de prédios governamentais.
"Falo aos chefes militares da frota no Mar Negro: todos os militares devem permanecer no território previsto nos acordos. Qualquer movimento de tropas será considerado uma agressão militar", declarou durante uma sessão no Parlamento para confirmar o novo governo.
EUA pede 'transparência'
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, pediu "transparência" à Rússia sobre as manobras militares que iniciou nas proximidades de sua fronteira com a Ucrânia, a fim de evitar "mal-interpretações".
"Espero que a Rússia seja transparente sobre estas atividades e pedimos para não dar passos que possam ser mal-interpretados ou que levem a erros de julgamento", disse Hagel em entrevista coletiva em Bruxelas ao término de uma reunião ministerial da Otan.
A Rússia, no entanto, assegurou que respeitará os acordos assinados com a Ucrânia sobre a frota do Mar Negro na região da Crimeia. "No que diz respeito às declarações sobre a violação por parte da Rússia dos acordos sobre a frota do Mar Negro, declaramos que na difícil situação atual a frota russa do Mar Negro aplica rigidamente os acordos", afirmou a assessoria de imprensa do ministério das Relações Exteriores russo, citado pelas agências russas.
A Crimeia
A Crimeia, inicialmente pertencente durante a URSS à Rússia, foi adicionada à Ucrânia em 1954. Ela continua a abrigar a frota russa no Mar Negro em seus bairros históricos, a cidade portuária de Sebastopol. Com população majoritária de língua russa, a Crimeia é a região da Ucrânia onde as novas autoridades do país podem enfrentar mais resistências após a destituição de Viktor Yanukovytch na semana passada.
Na quarta-feira, 26, confrontos foram registrados entre manifestantes pró-russos e partidários das novas autoridades em Simferopol, onde o presidente do Parlamento local descartou qualquer debate sobre uma eventual separação.
O corpo de um homem, aparentemente morto por um ataque cardíaco e sem apresentar sinais de violência, foi encontrado perto do Parlamento durante esses eventos.
Com informações da AFP e EFE.