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"Cadeados do amor" ameaçam pontes e geram campanha contra

Para os críticos, a moda está desfigurando as lindas pontes europeias e se espalhando como uma "epidemia"

11 mai 2014 - 12h38
(atualizado às 12h38)
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Para os críticos, a moda está desfigurando as lindas pontes europeias e se espalhando como uma "epidemia"
Para os críticos, a moda está desfigurando as lindas pontes europeias e se espalhando como uma "epidemia"
Foto: AP

Para os críticos, a moda está desfigurando as lindas pontes europeias e se espalhando como uma "epidemia". Mas seria o ritual romântico em que casais colocam cadeados em pontes e jogam a chave nos rios um ato de vandalismo ou uma simples expressão de amor?

Quando Carolyn Barnabo e Clive Roberts prenderam um cadeado na Pont des Arts, em Paris, e simbolicamente jogaram a chave no rio Sena, acharam aquilo romântico. Cinco anos mais tarde, os dois estão casados e continuam apaixonados, mas, para Carolyn, os "cadeados do amor" perderam completamente o romantismo.

"A coisa está descontrolada e me sinto tão mal por ter contribuído para isso", ela diz. "Essa ponte linda foi arruinada". Em 2009, quando Carolyn e Clive puseram um cadeado - gravado com as iniciais do casal - na ponte parisiense e subiram a foto para o blog dela, havia apenas um punhado de cadeados na ponte.

Hoje, existem milhares de cadeados nesta e em outras pontes de Paris, onde Carolyn - que mora no condado inglês de Suffolk - tem uma casa. Ela diz que seria capaz de "chorar de arrependimento, culpa e desespero por ter contribuído para essa visão horrososa".

A moda dos "cadeados do amor" está incomodando tanta gente que duas inglesas que moram em Paris - Lisa Taylor Huff e Lisa Anselmo - lançaram uma campanha em janeiro chamada No Love Locks (Não aos cadeados do amor, em tradução livre). "A delicada Pont des Arts tornou-se um aglutinado de caroços de metal, e pior, enfrenta agora perigo mortal", escreve Anselmo.

Taylor Huff e Anselmo dizem que Paris, a "Cidade do Amor", foi transformada na "Cidade dos Cadeados". Elas argumentam que os cadeados se espalharam "como um fungo" por oito pontes sobre o Sena e três sobre o canal Saint Martin. "(Os cadeados) desfiguram e provocam danos nas estruturas históricas e isso não pode ser ignorado", diz Anselmo.

Pontes em toda a Europa, muitas delas centenárias, estão se tornando "vítimas" do ritual romântico. "Essa tendência se impõe sobre as cidades e, ironicamente, na cidade mais afetada - Paris - a população local vê a ideia de se usar um cadeado para simbolizar o amor como um barbarismo". Existem várias teorias para explicar as origens da moda. Uma delas é a de que tudo teria começado com o livro Ho Voglia Di Te ("Eu quero você", em tradução livre), do escritor italiano Federico Moccia, lançado em 2006.

A ideia de um vínculo supostamente indestrutível simbolizaria os laços eternos entre duas pessoas apaixonadas - mas muitos dos cadeados acabam sendo quebrados sem qualquer cerimônia por autoridades locais. Às vezes, painéis inteiros de pontes, envergados sob o peso dos cadeados, são removidos.

E à medida que a moda se alastra pelo mundo, surgem empresas tentando lucrar com a novidade. Algumas oferecem cadeados em formato de coração com os nomes dos apaixonados e sugerem lugares onde os cadeados podem ser colocados - em Amsterdã, Praga, Chicago, Nova York, Sydney, Roma e cidades britânicas.

Torre Eiffel

A aparição de cadeados do amor na Wilford Suspension Bridge, que cruza o rio Trent no condado inglês de Nottinghamshire, causou polêmica quando uma foto foi publicada na página da Rádio BBC Nottingham no Facebook. Ao notar o nome de uma marca de cadeados junto às iniciais de um casal, a ouvinte Rachel Robin observou: "Por que tem tantos casais fazendo ménage à trois com esse tal de Chubb?"

A companhia Severn Trent, proprietária da ponte, disse que não incentivaria as pessoas a cobrirem a ponte com cadeados como fazem em Paris, mas não pretende removê-los enquanto não estiverem causando problemas. No entanto, ao escolher locais para instalar seu cadeado do amor, casais não mais se limitam a pontes. Mais de 30 optaram pelo topo da Torre Eiffel, outros se contentaram com grades em Londres.

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