Cameron criticado por afirmar que o Reino Unido é cristão
Cinquenta e cinco escritores e cientistas fizeram uma carta ao premiê, criticando-o e acusando-o de sectarismo; documento foi publicado no jornal Daily Telegraph
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, foi acusado nesta segunda-feira de sectarismo por afirmar em sua mensagem de Páscoa que o Reino Unido é "um país cristão".
Os escritores Ken Follett, Philip Pullman e Terry Pratchett e os cientistas John Sulston e Harold Kroto - ambos vencedores do Nobel - são algumas das personalidades que assinaram uma carta publicada no jornal Daily Telegraph contra as declarações de Cameron.
O primeiro-ministro, anglicano, falou sobre religião em várias ocasiões nos últimos meses. Na semana passada, o conservador escreveu um artigo no qual pediu aos cristãos que façam mais proselitismo de sua fé.
Analistas acreditam que Cameron tenta reconstruir pontes com a Igreja, contrária a sua lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que critica reiteradamente as medidas de austeridade de seu governo.
"Algumas pessoas acreditam que nesta época tão laica não deveríamos falar destas coisas. Discordo totalmente", escreveu o chefe de Governo no jornal Church Times, uma publicação anglicana.
"Acredito que deveríamos ter mais confiança sobre nosso status como país cristão, mais ambição sobre aumentar o papel das organizações religiosas e, francamente, mais evangélicos sobre uma fé que nos pede que saiamos e façamos uma diferença na vida das pessoas".
A carta de resposta publicada no Daily Telegraph foi uma iniciativa da Associação Humanista.
O texto contesta a afirmação de Cameron de que o Reino Unido continua um país cristão.
"Repetidos informes, pesquisas e estudos mostram a maioria como indivíduos não cristãos", afirmam os signatários.
"Reivindicar constantemente o contrário estimula a alienação e a divisão em nossa sociedade", afirma a carta.
De acordo com o censo de 2011, 59,3% dos ingleses e galeses se identificaram como cristãos, contra 71,7% uma década antes.
Além disso, 25,1% afirmaram não ter religião, contra 14,8% em 2001.