Cavernas da idade do gelo são encontradas nos subterrâneos de Montreal
Exploradores amadores descobriram, por meio de uma fissura no solo, um conjunto milenar de cavernas formadas no último período glacial.
Exploradores conseguiram descobrir um conjunto milenar de cavernas "oculto" sob a cidade canadense de Montreal.
São formações de mais de 15 mil anos, constituídas durante o último período glacial e estão ligadas à caverna de Saint-Léonard. A passagem tem cerca de 200 metros e 6 metros de profundidade - em alguns trechos, a travessia dentro das estruturas precisa ser feita de barco.
A descoberta foi feita recentemente por exploradores amadores Luc Le Blanc e Daniel Caron, e foi resultado de anos de tentativas (e também de alguns erros).
Por anos, os membros da Sociedade Espeleológica de Québec acreditaram que deveria haver outro conjunto de grutas ligado à caverna de Saint-Léonard, próximo ao parque Pius 12 na região de Saint-Léonard, em Montreal. Mas eles não sabiam exatamente onde encontrá-lo.
Depois, em 2014, os dois pesquisadores começaram a ter uma noção de onde descobririam algo quando um pêndulo de aplicações de radioestesia - uma barra de madeira que costuma ser usada para encontrar água subterrânea - apontou para uma pequena fissura no chão.
Era algo muito pequeno para ser explorado, mas deu a ambos uma esperança. Um ano depois, eles colocaram uma câmera no pêndulo e conseguiram as primeiras imagens de dentro da caverna.
"Era possível ver que havia algo, que havia mais cavernas para além daquela fissura", disse Le Blanc à BBC.
Mas seria preciso esperar mais dois anos até que os exploradores encontrassem uma parte do solo que era macia o suficiente para ser escavada. Assim como no caso da Caverna Saint-Léonard, as movimentações de placas tectônicas criaram essas formações durante o último período glacial por conta da pressão da geleira superior à estrutura. O peso do gelo enfraqueceu o túnel de pedra calcária da passagem e Le Blanc e Caron foram capazes de atravessar.
"Com apenas uma broca, um martelo e um cinzel, nós conseguimos ter uma abertura que fosse grande o suficiente para podermos ver além da fissura", disse.
Mas a aventura estava só começando. Eles colocaram uma escada na abertura, que seguia por 3 metros de profundidade, e ali passaram a explorar o local.
Logo, os exploradores atingiram uma parede de rocha que tiveram de superar com a ajuda de uma corda.
Uma vez que cruzaram a parede, a passagem seguiu se aprofundando e eles atingiram o aqüífero. Mais adiante, o teto estava tão baixo e a água tão profunda que eles tiveram que dar meia-volta - para depois retornar com um barco inflável que os permitisse prosseguir.
Até agora, eles exploraram 150 metros da passagem subterrânea, não sem terem feito uma grande pesquisa na cidade para terem certeza de que não havia casas na superfície que poderiam ser afetadas pela caverna.
Os pesquisadores agora esperam o inverno chegar - nessa época, o nível da água deve ficar mais baixo e será possível explorar o resto das cavernas, que eles acreditam que devem prosseguir por pelo menos mais 50 metros.
"Nós ainda temos bastante para explorar", afirmou Le Blanc. "Para nós, essa é uma descoberta gigante, daquelas que você só vai fazer uma vez na vida."