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Europa

Chances de um compromisso diminuem na Ucrânia, dizem analistas

Com mais de 60 mortos em três dias na capital ucraniana, a crise que começou em novembro parece ter chegado a um ponto de não retorno

20 fev 2014 - 15h31
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Pessoas rezam próximas aos corpos de manifestantes contrários ao governo mortos durante os confrontos em Kiev
Pessoas rezam próximas aos corpos de manifestantes contrários ao governo mortos durante os confrontos em Kiev
Foto: Reuters

A recente explosão de violência em Kiev é um duro golpe para as chances de compromisso político na Ucrânia, frustrando todas as esperanças de uma mediação internacional, que tem poucas chances de sucesso sem o envolvimento da Rússia, de acordo com especialistas.

Com mais de 60 mortos em três dias na capital ucraniana, a crise que começou em novembro, quando o governo decidiu repentinamente suspender as negociações de associação à UE e estreitar as relações econômicas com a Rússia, parece ter chegado a um ponto de não retorno.

"Existe o risco de a situação se tornar incontrolável e se transformar em uma guerra civil", considera Ognian Mintchev, diretor do Instituto de Estudos Regionais e Internacionais, em Sofia.

"Isso só poderá ser evitado com a renúncia de Yanukovytch e uma eleição presidencial antecipada", acredita.

Para Gerhard Mangott, especialista do Leste Europeu e da Rússia na Universidade de Innsbruck, na Áustria, "dos dois lados, as forças radicais assumiram a frente".

Por um lado, dada a violência, "é impensável que Maidan (a praça central de Kiev ocupada pelos opositores) concorde dialogar" com um presidente "que tem sangue em suas mãos", explica.

Por outro lado, Viktor Yanukovytch "não pode voltar atrás, ele incitou a violência a tal ponto que é difícil imaginar que não seja processado pela justiça caso deixe a presidência", diz.

Este especialista descarta a ideia de uma "guerra civil", porque "não há um confronto entre diferentes grupos da população, mas um choque entre uma parte da população ucraniana e o Estado". No entanto, ele vê o risco de um "processo de desintegração do país", com administrações ocupadas pela oposição na região oeste do país ou manifestações pró-Rússia em algumas regiões, como a Crimeia.

Estes focos de tensões regionais despertaram temores de um colapso da Ucrânia, país às portas da União Europeia, mas o berço da Rússia, ex-república soviética, onde parte da população fala russo, mas em que a dominação de Moscou ainda é vista como uma humilhação em muitas regiões.

Os países ocidentais (UE e Estados Unidos) e a Rússia não param, desde o início da crise, de se acusar mutuamente de interferências e pressões para aumentar a sua área de influência.

O governo ucraniano está encurralado entre a ameaça de sanções ocidentais contra os dirigentes e empresários, e o risco de falência e colapso econômico caso vire as costas para Moscou.

Após se recusar a assinar o acordo de associação com a UE, a Ucrânia recebeu um empréstimo russo de US$ 15 bilhões e uma queda no preço do gás importado a bilhões de dólares por ano.

Mas Moscou, que continua a denunciar um movimento liderado por "radicais", "extremistas" ou mesmo "neo-nazistas", pagou apenas três bilhões de dólares e agora diz que espera um retorno à calma antes de prosseguir com a ajuda financeira.

"Os estrategistas políticos do Kremlin parecem fazer de tudo para que a Rússia seja a única esperança do governo ucraniano. Agora, é muito provável que esse sonho se torne realidade", escreveu nesta quinta-feira o jornal liberal russo Vedomosti. O jornal exorta as autoridades russas a realizar uma "conferência internacional" sobre a Ucrânia.

Esta ideia parece pouco factível no presente. O vice-primeiro-ministro russo, Dmitry Rogozin, esperado nesta quinta-feira em Kiev, adiou sua visita e o primeiro-ministro Dmitry Medvedev disse que a Rússia não iria cooperar com um poder em que não "se limpa os pés".

"Uma mediação comum UE-Rússia poderia ser decisiva para resolver a crise", acena Lilit Gevorgyan, economista do IHS Global Insight.

"Um roteiro comum prevendo o fim imediato da violência por parte de ambos os lados pode levar à formação de um governo de tecnocratas e a uma eleição presidencial sob alta vigilância", diz o especialista, lembrando que "pacificar a Ucrânia poderia ser uma nova vitória diplomática para o presidente russo, Vladimir Putin".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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