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Charlie Hebdo: edição especial tem homenagens e humor ácido

14 jan 2015 - 11h36
(atualizado às 12h30)
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A “edição dos sobreviventes” da Charlie Hebdo, que esgotou rapidamente nas bancas da França nesta quarta-feira, traz desenhos de humor ácido com o atentado à sede da revista, há uma semana. Além de textos com homenagens aos cartunistas mortos, as charges usam os acontecimentos para fazer críticas sociais e piadas, inclusive com teor sexual. 

Na Charge, terroristas mortos não encontram suas "70 virgens". Elas estão com a equipe do Charlie
Na Charge, terroristas mortos não encontram suas "70 virgens". Elas estão com a equipe do Charlie
Foto: Fernando Diniz / Terra

A capa de Charlie Hebdo estampa Maomé chorando, com o cartaz Je Suis Charlie. No topo, a frase: tudo está perdoado. Em um editorial nas páginas dois e três, o redator chefe Gérard Biard diz que, em uma semana, o “jornal ateu fez mais milagres que todos os santos e profetas reunidos”. 

Biard faz um desabafo sobre as críticas sofridas nos últimos anos pelas sátiras a religiões, em que as pessoas condenavam as ameaças contra os cartunistas, mas não os apoiavam completamente. Em volta, charges de Cabu, Charb, Tignous e Wolisnki, cartunistas mortos no dia 7 de janeiro. 

Uma delas, de autoria de Tignous, ironiza a lenda de que os terroristas seriam premiados com 70 virgens. “Não podemos tocar no pessoal do Charlie Hebdo. Se não, esses desgraçados vão se passar por mártires e, no Paraíso, vão roubar todas as nossas virgens”, diz, mostrando três homens conversando.

Usando um humor ácido, os chargistas falaram da fabricação de camisetas contra o atentado em Bangladesh
Usando um humor ácido, os chargistas falaram da fabricação de camisetas contra o atentado em Bangladesh
Foto: Fernando Diniz / Terra

O mesmo tema é usado na contracapa. Um desenho de Luz, mesmo autor da capa, mostra os dois responsáveis pelo ataque chegando ao Paraíso. “Onde estão nossas 70 virgens”, perguntam. “Com a equipe de Charlie, perdedores”, respondem as vítimas. 

Ao lado, um desenho de Catharine faz uma crítica social. “Enquanto isso, em Bangladesh”, diz a charge, que mostra pessoas fabricando camisetas com a frase “Je suis Charlie”. O país é conhecido pela indústria de roupas com trabalhadores em condição degradante.

Em uma referência a Wolinski, um desenho assinado por Besse mostra o cartunista de 80 anos morto com asas de anjo, e feliz por ter retomado a ereção. Wolinski era conhecido pelos seus desenhos com forte conteúdo erótico.

A morte sorri ao ver uma edição onde ela mesma esta na capa
A morte sorri ao ver uma edição onde ela mesma esta na capa
Foto: Fernando Diniz / Terra

Uma das charges retrata a morte sorrindo ao ver a edição na qual ela aparece na capa (Foto: Fernando Diniz/Terra)

Foto: Arte Terra

 
Fonte: Terra
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