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Coalizão de Merkel racha com escândalo de espionagem

5 mai 2015 - 21h33
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As revelações da espionagem praticada pelos serviços de inteligência alemães a pedido dos Estados Unidos levaram nesta terça-feira os sociais-democratas, aliados na coalizão no poder, a questionar pela primeira vez a chanceler conservadora Angela Merkel.

Merkel defendeu na segunda-feira a cooperação dos serviços secretos alemães (BND) com a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, apesar das revelações sobre uma suposta espionagem da França, da União Europeia (UE) e de empresas europeias.

O ministro da Economia, Sigmar Gabriel, do Partido Social-Democrata (SPD), que não havia feito declarações a respeito até este momento, indicou, também na segunda-feira, que havia interrogado Merkel em duas oportunidades.

"O que vivemos atualmente é (...) um escândalo que envolve os serviços secretos, o que pode ter um impacto muito importante", declarou na segunda-feira na sede de seu partido, o SPD, o também vice-chanceler social-democrata.

Segundo Gabriel, Merkel disse que o BND não havia realizado nenhum tipo de espionagem econômica para os serviços secretos americanos.

"Não há a menor dúvida de que a chanceler respondeu corretamente as minhas perguntas", disse Gabriel, mas acrescentou: "Caso contrário, se o BND tivesse participado de verdade da espionagem econômica (...), isso hipotecaria gravemente a confiança que a economia alemã tem na direção do Estado".

A imprensa alemã considerou que estas declarações estavam dirigidas contra Merkel.

"O vice-chanceler Gabriel se distancia da chanceler Merkel", afirma em sua edição na internet a Der Spiegel.

"O conflito entre a CDU/CSU e o SPD é cada vez mais claro", afirma o jornal, apontando a irritação de vários dirigentes conservadores da CDU/CSU de Merkel.

Para o Bild, que havia previsto há alguns dias que Gabriel começaria a criticar a chefe de Governo diante da aproximação das eleições legislativas de 2017, o líder social-democrata "se enfurece com Merkel".

Para o cientista político da Universidade de Dusseldorf Jens Walther, esta é "certamente a maior crise" da coalizão que governa a Alemanha e "também provavelmente, para Merkel, da crise mais grave e perigosa em 10 anos de exercício do poder".

Seu colega da Universidade Livre de Berlim, Carsten Koshmieder, disse que "nos últimos anos, o SPD colocou em aplicação todas as medidas que desejava", como a instauração de um salário mínimo.

"No entanto, nas pesquisas, continua abaixo de Merkel", declarou.

"O SPD procura se distanciar e talvez também enfraquecer um pouco a chanceler", acrescentou.

Na segunda-feira, Merkel disse que os serviços de inteligência alemães estavam "sob controle" e afirmou que informariam sobre suas atividades com a agência americana se a comissão de investigação parlamentar solicitasse.

"Dito isso, o BND deve continuar cooperando no âmbito internacional e o fará", reiterou a chanceler alemã, para quem a luta "contra as ameaças terroristas internacionais" passa por colaborar com outras agências, entre elas a NSA.

Merkel, no entanto, ressaltou há alguns dias a necessidade de esclarecer as relações entre a NSA e o BND.

Nessa terça-feira, a chanceler foi um pouco mais longe. Em uma entrevista à Rádio Bremen, Merkel disse que ela mesma dará explicaciones "caso seja solicitada".

"Ante a comissão de investigação [do Bundestag sobre as atividades da NSA], se assim for desejado", acrescentou

As acusações das últimas semanas contra o BND se endureceram na semana passada depois que o jornal alemão Süddeutsche Zeitung afirmou que estes serviços espionaram funcionários do ministério francês das Relações Exteriores, da Presidência francesa e da Comissão Europeia.

Estas acusações se unem à suposta espionagem desde 2005 por parte do BND das empresas EADS (que se converteu em Airbus) e Eurocopter (atualmente Airbus Helicopters) a pedido da NSA.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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