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Comboio russo de ajuda à Ucrânia deve ser verificado, diz UE

Ocidente alertou Moscou contra tentativa de transformar operação em intervenção militar

12 ago 2014 - 11h32
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Comboio com mais de 200 caminhões se dirigem à Ucrânia nesta terça-feira
Comboio com mais de 200 caminhões se dirigem à Ucrânia nesta terça-feira
Foto: Reuters TV / Reuters

As remessas russas de ajuda humanitária destinadas ao leste da Ucrânia, onde as forças do governo enfrentam uma rebelião pró-Rússia, devem ser examinadas para assegurar de que não servem a propósitos políticos, disse a diretora de ajuda humanitária da União Europeia, Kristalina Georgieva, nesta terça-feira.

Um comboio russo carregando comida, água e outros suprimentos de ajuda humanitária foi enviado ao leste da Ucrânia, mas Kiev disse que não permitiria a entrada dos veículos em seu território. A carga deveria ser recebida pela Cruz Vermelha e transferida a outros veículos.

Um funcionário da administração da região de Moscou, citado pela agência russa Ria Novosti, indicou que o comboio, que partiu na manhã desta terça-feira de um subúrbio da capital russa após ser benzido por um padre ortodoxo, "levará aos habitantes do leste da Ucrânia cerca de 2 mil toneladas de material humanitário".

Governos ocidentais alertaram Moscou contra qualquer tentativa de transformar a operação de ajuda humanitária em uma intervenção militar disfarçada.

"É muito importante que a entrega de ajuda humanitária em qualquer lugar, por qualquer um, obedeça aos princípios de neutralidade, imparcialidade e independência e que as organizações humanitárias sejam quem... ajude as pessoas afetadas pela crise", disse Georgieva ao ser perguntada sobre a ajuda russa.

"Nenhum objetivo político ou qualquer outro deve ser perseguido", disse ela em uma coletiva de imprensa. "O conteúdo da ajuda humanitária deve ser exatamente esse, ajuda humanitária, e obviamente não pode ser dada como certa."

A Comissão Europeia disse nesta terça-feira que estava doando 2,5 milhões de euros (quase R$ 8 milhões) em ajuda humanitária para prover abrigo, comida e atendimento médico às pessoas deslocadas pelo conflito no leste da Ucrânia.

Desconfiança ocidental

O presidente russo, Vladimir Putin, justificou na segunda-feira o envio do comboio pelas consequências catastróficas da ofensiva ucraniana contra os separatistas pró-russos no leste e afirmou que Moscou trabalha em colaboração com a Cruz Vermelha.

Mas a organização internacional afirmou nesta terça-feira que ainda não deu sua autorização definitiva e a França insistiu que o comboio não deve ser autorizado sem cumprir condições rígidas, entre as quais a aprovação da Cruz Vermelha.

"Continuamos precisando de mais informação antes de poder seguir adiante", declarou à AFP a porta-voz do CICV, Anastasia Isyuk.

O Ocidente teme que a Rússia, acusada de apoiar e armar os separatistas ucranianos, tente recorrer à operação humanitária para enviar tropas.

Moscou nega, mas a Otan considera que a Rússia tem 20.000 tropas mobilizadas na fronteira ucraniana, e Kiev eleva este número a 45.000.

Os combates entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia deixaram os moradores das cidades tomadas pelos insurgentes e cercadas pelo exército sem eletricidade, água corrente ou calefação e com falta de remédios e alimentos.

Com informações da AFP e Reuters.

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