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Comissão antipedofilia critica papa e Igreja abertamente

Em poucos meses, duas decisões do papa geraram reações públicas de algum dos 17 membros da comissão

4 jun 2015 - 17h12
(atualizado em 5/6/2015 às 09h18)
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O grupo foi criado há um ano pelo Papa Francisco para lutar contra a pedofilia na Igreja católica
O grupo foi criado há um ano pelo Papa Francisco para lutar contra a pedofilia na Igreja católica
Foto: Gregorio Borgia / AP

Os membros da comissão para a proteção de menores criada pelo papa Francisco não estão poupando críticas às atuações dos cardeais, ou às nomeações de bispos, e colocam o Vaticano, muitas vezes, em uma saia justa.

Em poucos meses, duas decisões do papa geraram reações públicas de algum dos 17 membros dessa comissão. O grupo foi criado há um ano pelo sumo pontífice para lutar contra a pedofilia na Igreja católica.

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O último caso foi a nomeação do cardeal australiano George Pell, em um cargo equivalente ao de ministro da Economia para o Estado do Vaticano. Pell foi acusado por uma vítima de abusos sexuais de querer comprar seu silêncio.

Negando as acusações, o cardeal disse estar disposto a comparecer, novamente, perante uma comissão que investiga o assunto na Austrália.

Outro caso de grande repercussão foi a nomeação, por parte do papa, no início deste ano, do bispo chileno, Juan de La Cruz Barros. A escolha gerou fortes críticas, devido às acusações de abuso que pesam contra o religioso.

Vários membros da comissão manifestaram sua "preocupação", publicamente, depois de Barros ter assumido o cargo como bispo de Osorno, uma cidade do sul do Chile.

Na comissão, Peter Saunders, chefe da Associação Nacional de Vítimas de Abusos durante a Infância na Grã-Bretanha (Napac), e a irlandesa Marie Collins representam as vítimas de abusos sexuais.

"George Pell é cardeal da Igreja e sua autoridade é, portanto, imensa no Vaticano. Será uma enorme pedra no sapato do papa Francisco, se o autorizarem a permanecer em seu cargo", disse Saunders, em entrevista ao canal australiano Nine.

A Comissão para a Proteção da Infância lembrou a seus membros, na terça-feira, que "não tem jurisdição para comentar casos individuais, ou investigações em curso".

O grupo pediu aos bispos e cardeais que lutem contra os abusos, ressaltando que "aqueles que estão em uma posição de autoridade devem agir de maneira rápida e transparente, com a clara intenção de garantir que a Justiça siga seu curso".

Para o especialista em Vaticano e biógrafo do papa, Marco Politi, alguns membros da comissão se sentem obrigados a denunciar e a criticar a hierarquia da instituição por sua frustração diante da postura da Santa Sé para combater o problema.

"A chuva de acusações e denúncias públicas é um sinal do mal-estar da comissão diante da lentidão na hora de agir do Vaticano", explicou Politi à AFP.

O grupo de conselheiros, entre eles alguns renomados psiquiatras, está estreitamente ligado a associações de vítimas de abusos por parte de religiosos e é muito cético e crítico quanto às ações do Vaticano.

Além disso, já que muitos não são ligados oficialmente ao Vaticano, sentem-se livres para comentar, sem perdão, o que consideram disfuncional, ou pouco transparente.

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