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Corpos de vítimas do voo MH-17 ainda estariam na Ucrânia

Nove dias após a queda do avião MH17 com 298 pessoas a bordo, entre elas 193 holandesas e 28 australianas, "há cadáveres que ainda não foram encontrados"

26 jul 2014 - 10h44
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Alguns corpos de vítimas do acidente chegaram à Holanda na última quarta-feira. No entanto, ainda haveriam cadáveres no local do acidente
Foto: Gleb Garanich / Reuters

Holandeses e australianos estavam preparados neste sábado para se dirigir ao leste da Ucrânia, região controlada por separatistas pró-russos onde o avião da Malaysia Airlines caiu, afirmando que faltam cadáveres, mas a investigação está estancada.

A União Europeia (UE) aplicou sanções neste sábado contra os chefes dos serviços de inteligência russos e várias autoridades de segurança, enquanto os combates prosseguem na Ucrânia e a Rússia é acusada de fornecer armas aos insurgentes.

Segundo Moscou, esta decisão afetará a cooperação internacional em matéria de segurança.

Decidida a elevar o tom frente à Rússia após a tragédia do voo da Malaysia Airlines no dia 17 de julho, a Europa acrescentou 15 pessoas e 18 entidades a sua lista de sancionados, que agora têm seus bens no continente congelados e são proibidos de viajar em território da UE.

Corpos de vítimas do voo da Malaysia chegam à Holanda:

Nove dias após a queda do avião MH17 com 298 pessoas a bordo, entre elas 193 holandesas e 28 australianas, "há cadáveres que ainda não foram encontrados", destacou neste sábado o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott.

Jornalistas da AFP viram na sexta-feira o pedaço de um corpo em um campo de girassol assinalado com um tecido branco atado um pau, e outro pedaço de um ser humano no local principal da catástrofe.

"Está claro que ainda há restos de cadáveres que não foram descobertos no local", destacou Abbott, acrescentando que se trata de uma missão humanitária.

A Austrália planeja enviar cerca de 200 homens, sobretudo policiais, e um número indeterminado de soldados.

Quarenta policiais holandeses desarmados chegaram com grande discrição a Kharkiv (leste da Ucrânia) na noite de sexta-feira e planejavam se dirigir à paisana ao local para ajudar a encontrar os restos dos últimos cadáveres, segundo os meios de comunicação ucranianos e holandeses.

No entanto, a mobilização de uma missão policial internacional precisa ser ratificada pelo Parlamento ucraniano.

O Parlamento ucraniano se reunirá em sessão especial na quinta-feira para decidir se aceita ou rejeita a renúncia do primeiro-ministro, que provocou uma crise política, indicou a presidência neste sábado.

Esta sessão parlamentar especial também examinará a investigação dirigida pela Holanda sobre o caso do avião da Malaysia Airlines derrubado por um míssil em uma zona controlada pelos insurgentes pró-russos no leste da Ucrânia, acrescentou a presidência.

No entanto, os insurgentes pró-russos, energicamente criticados no mundo por sua gestão do local e pelo tratamento reservado aos corpos, já afirmaram aos inspetores da OSCE que não aceitarão a presença no local de mais de 35 estrangeiros.

Os últimos dos 227 caixões devem ser enviados à Holanda de Kharkiv, uma cidade que se encontra sob o controle do governo de Kiev, onde os ministros das Relações Exteriores holandês, Frans Timmersmans, e australiana, Julie Bishop, acompanharam na sexta-feira a cerimônia de partida dos restos.

Em terra, os combates prosseguiam em Donetsk e Lugansk, duas capitais regionais e redutos dos rebeldes.

Entenda a crise na Ucrânia Entenda a crise na Ucrânia

Fortes explosões foram ouvidas nas últimas 24 horas nos confrontos em Lugansk, segundo as autoridades municipais. As forças ucranianas anunciaram ter perdido quatro homens.

As autoridades anunciaram que um foguete antitanque foi disparado contra a casa do prefeito de Lviv, Andri Sadovyi, uma figura importante da contestação pró-europeia e contra o regime do presidente pró-russo Viktor Yanukovytch, destituído em fevereiro. A casa estava vazia naquele momento, já que o prefeito estava de férias com sua família.

Em um claro sinal de que os problemas políticos do país preocupam em nível internacional, tanto a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, quanto o vice-presidente americano, Joe Biden, falaram por telefone com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, na sexta-feira.

Em sua conversa com Lagarde, Poroshenko "garantiu que a Ucrânia está disposta a cumprir com todas as suas obrigações" acordadas em conformidade com o programa de ajuda à Ucrânia de 17 bilhões de dólares (12,7 bilhões de euros) concedido pelo FMI no fim de abril.

Mais de 1.000 pessoas morreram no leste da Ucrânia desde o início das hostilidades, em abril, incluindo os passageiros e tripulantes do avião da Malaysia Airlines.

Cerca de 230.000 pessoas fugiram de seus lares, 100.000 deslocados encontram-se na Ucrânia e outros 130.000 fugiram para a Rússia, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

Foto: Arte Terra

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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