Corte Europeia acolhe denúncia de Amanda Knox contra Itália
Norte-americana acusa o país de "maus-tratos" em interrogatório
A Corte Europeia de Direitos Humanos, sediada em Estrasburgo, na França, acolheu de maneira preliminar uma ação da norte-americana Amanda Knox, que acusa a Itália de "maus-tratos" durante interrogatórios sobre o assassinato da estudante britânica Meredith Kercher.
Segundo a defesa de Knox, ao ser presa pela polícia italiana, em novembro de 2007, ela foi questionada sem a presença de advogados e submetida a um "fortíssimo estresse psicológico". Além disso, a norte-americana alega não ter contado com a presença de um tradutor.
Ela também diz que os "tapas" que levou na testa durante o interrogatório constituem um tratamento "desumano e degradante". A Corte Europeia aceitou o dossiê apresentado por Knox e notificou o governo da Itália para que ele possa se defender.
Hoje no papel de vítima, a norte-americana foi absolvida em março de 2015 do assassinato de Kercher, ocorrido em novembro de 2007, na cidade italiana de Perúgia. Ela e seu ex-namorado Raffaele Sollecito chegaram a ser condenados em segunda instância a mais de 20 anos de prisão pelo crime, mas uma sentença definitiva da Corte de Cassação de Roma os livrou da pena.
"Já passou da hora de as pessoas começarem a abrir os olhos para esse caso. Amanda foi interrogada por 15 horas sem advogado e com um tradutor não oficial. Houve abusos nunca divulgados pela imprensa", declarou Sollecito sobre a decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos.
Relembre o crime
O homicídio ocorreu na cidade italiana de Perúgia, onde Knox e Kercher dividiam um apartamento. O corpo da britânica foi encontrado na residência em que elas moravam degolado, seminu e com uma série de feridas.
O caso logo chamou atenção pelas circunstâncias que o envolviam. Ao lado do marfinense Rudy Guede, que vivia com as duas e foi condenado a 16 anos de prisão, Knox e Sollecito - na época namorados - foram acusados de matar Kercher em meio a discussões sobre a limpeza da casa e jogos sexuais que fugiram do controle.
A beleza da norte-americana também foi outro chamariz para o crime. Na Itália, ela ficou conhecida como "a diaba com rosto de anjo". O ex-casal chegou a ser sentenciado após o DNA de Knox ter sido encontrado em uma faca com o sangue da vítima e ficou preso na Itália até 2011, quando a Corte de Cassação anulou o processo por conta de uma série de falhas na perícia.
No mesmo dia em que foi libertada, a norte-americana voltou para a casa de sua família em Seattle, nos Estados Unidos, onde está até hoje. No fim de 2013, o mesmo tribunal determinou a reabertura do caso, já que a inocência dos dois não tinha sido comprovada, culminando na sentença condenatória da Corte de Apelação de Florença em janeiro do ano seguinte.
Contudo, a decisão foi derrubada pela Corte de Cassação, que não viu indícios de participação de Knox e Sollecito no assassinato e os absolveu em definitivo.