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Crise na Ucrânia: novo confronto deixa mortos em Lugansk

Grupos separatistas atacaram uma unidade militar no leste do país, nesta quarta-feira; confronto deixou 'perdas nos dois lados', diz a Guarda Nacional

28 mai 2014 - 15h44
(atualizado às 19h19)
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<p>Rebelde pró-russo posa para foto em frente a barricada montada em Lugansk, no leste ucraniano</p>
Rebelde pró-russo posa para foto em frente a barricada montada em Lugansk, no leste ucraniano
Foto: Reuters

A tensão aumentou ainda mais no leste separatista pró-Rússia da Ucrânia, onde um ataque de insurgentes contra uma unidade ucraniana foi cometido na noite desta quarta-feira em Lugansk.

Uma unidade da Guarda Nacional ucraniana formada por voluntários, com sede nessa cidade próxima à Rússia foi alvo de um ataque.

"Um combate está sendo travado. Houve perdas entre os soldados ucranianos e os agressores", indicou a Guarda Nacional em seu site.

Em Donetsk, outra capital do leste rebelde, novos disparos foram ouvidos na manhã desta quarta no centro e na área próxima ao aeroporto, bloqueada desde os intensos combates de segunda-feira, que deixaram cerca de quarenta mortos, principalmente insurgentes.

Jornalistas da AFP viram durante a manhã caças sobrevoando a cidade.

Várias lojas do centro de Donetsk estavam fechadas. As vitrines foram cobertas com placas de madeira ou metal devido ao medo de saques, enquanto o Palácio dos Esportes local tinha sido incendiado na véspera.

As autoridades ucranianas indicaram nesta quarta que estão trabalhando para libertar quatro observadores da OSCE mantidos pelos separatistas desde a noite de segunda-feira em um local não determinado.

Durante a noite, a organização anunciou que uma outra equipe de observadores tinha ficado retida durante algumas horas em uma barreira montada em uma estrada perto de Donetsk.

O mediador da OSCE para a Ucrânia, o diplomata alemão Wolfgang Ischinger, não descartou a retirada dos observadores da organização, se a situação ficar muito perigosa.

Levando adiante uma operação cada vez mais forte contra os rebeldes, a Ucrânia foi novamente ameaçada por um corte no fornecimento de gás por parte da Rússia que pode comprometer o abastecimento da Europa.

Moscou e Kiev pareciam querer manter suas posições, apesar dos esforços dos europeus, que propõem termos nos quais a Ucrânia deve pagar dois bilhões de dólares do total de sua dívida antes de qualquer discussão em torno de uma redução no preço do gás.

Entenda a crise na Ucrânia Entenda a crise na Ucrânia

Em visita à Alemanha, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, declarou que o pagamento da dívida pode ser feito apenas com um acordo sobre o preço. O ministro russo da Energia reiterou que nenhuma discussão vai ser feita sem um pagamento adiantado.

"O Muro de Berlim caiu e nunca mais haverá um Muro de Berlim na Europa", disse Yatseniuk na capital alemã. Segundo ele, "o objetivo é que a Ucrânia se torne um país europeu com o novo presidente", o magnata pró-ocidental Petro Poroshenko, eleito no domingo.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, ligou para seus homólogos americano, John Kerry, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, para exigir gestos rápidos do governo ucraniano com o objetivo de acabar com o "banho de sangue".

"Não pode haver justificativa para o prosseguimento da operação punitiva das autoridades de Kiev no sul e no leste" da Ucrânia, declarou Lavrov durante uma conversa por telefone com Steinmeier.

Já Petro Poroshenko prometeu "reagir" para impedir a manutenção do "terror".

"Estamos em uma situação de guerra no leste da Ucrânia", declarou ele ao jornal Bild. "Não vamos deixar mais esses terroristas sequestrando e matando as pessoas (...), ocupando prédios públicos e ignorando as leis", acrescentou Poroshenko, que deve tomar posse no início de junho.

Ele também afirmou que quer conversar com Vladimir Putin para "que tranquilizem a situação e trabalhem pela paz", enquanto o conflito no leste já deixou cerca de 200 mortos desde meados de abril.

Poroshenko e Putin poderão se cruzar na França, como convidados do governo francês para as cerimônias lembrando o Desembarque na Normandia, em 6 de junho.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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