Mulher complica situação de Fillon na disputa de presidência
Candidato conservador à presidência da França é acusado de dar emprego fantasma à mulher quando era deputado.
O candidato conservador à presidência da França, François Fillon, tem perdido cada vez mais apoio. Acusações de corrupção envolvendo empregos fictícios de sua esposa ganharam novo fôlego com a revelação de uma antiga entrevista nesta quinta-feira (02/02).
O programa investigativo francês Envoye Special divulgou um trecho de uma entrevista concedida por Penelope Fillon em 2007, em que ela diz que "nunca atuou como assistente" do marido, o que aumentou ainda mais as suspeitas sobre o escândalo de corrupção. O advogado de Fillon disse que as observações foram tiradas de contexto.
A revista Le Canard Echaîne denunciou nos últimos dias que Penelope recebeu durante anos, sem trabalhar, milhares de euros pela função de assistente parlamentar do marido e do deputado Marc Joulaud, que assumiu a cadeira de Fillon.
Ela teria embolsado, também sem trabalhar, 900 mil euros pela função de colaboradora literária na revista La Revue dês Deux Limpes, uma das publicações mais antigas da França ligada à centro-direita.
Em comício nesta quinta na cidade de Charleville-Mezieres, no norte do país, Fillon se defendeu. "Esses ataques não surgem do nada: foram cuidadosamente preparados, concebidos nas traseiras dos gabinetes, e acabaremos por descobri-los um dia", disse.
Além da esposa, o ex-deputado ex-primeiro-ministro francês teria contratado dois de seus filhos como assistentes parlamentares quando era deputado na Assembleia Nacional.
Pressão para abandonar corrida
Nesta sexta-feira, Florian Philippot, vice-presidente do partido de extrema direita Frente Nacional (FN), pediu que Fillon desista da corrida presidencial.
"Espero que François Fillon assuma suas responsabilidades e desista destas eleições presidenciais", disse em entrevista à rádio RTL.
Uma sondagem do Instituto Elabe para o jornal Les Echos, divulgada nesta quarta-feira, indica que Fillon, antes favorito, não passaria do primeiro turno das eleições, ficando atrás da ultranacionalista Marien Le Pen, também suspeita de desvio de recursos, e do candidato independente Emmanuel Macron, que tem grandes chances de ganhar as eleições.
Le Pen foi obrigada a devolver 340 mil euros que teriam sido desviados do Parlamento Europeu. O dinheiro da eurodeputada teria sido utilizado para pagar os salários de uma chefe de gabinete na França e de um guarda-costas pessoal.