Eleições na Ucrânia: 'rei do chocolate' é candidato favorito
Magnata conhecido como "rei do chocolate" defendeu a destituição do presidente Yanukovych; Klitschko, o lutador de boxe, deixou de ser candidato para apoiá-lo
No próximo domingo, 25 de maio, mais de 36 milhões de ucranianos devem ir às urnas para escolher o novo presidente do país. O pleito ocorre antecipadamente ao planejado, por conta da queda do presidente Viktor Yanukovych, destituído do poder no dia 22 de fevereiro, após protestos e confrontos violentos que culminaram com quase cem mortos e centenas de feridos pelas ruas de Kiev.
Mais de 24 candidatos foram registrados no país. No entanto, as últimas pesquisas demonstram que apenas quatro conquistaram uma porcentagem relevante de intenções de voto. São eles: Petro Poroshenko, Serguei Tigipko, Yulia Timoshenko e Anatoly Gritsenko.
Ao longo desta semana, você conhecerá o perfil de cada um deles e saberá o que o país pode esperar dessa eleição, em meio a um cenário de forte crise.
Magnata deve vencer as eleições ucranianas no 1º turno
Pelo que as pesquisas mais recentes têm apontado, o próximo presidente da Ucrânia será o "rei do chocolate". Petro Poroshenko, 48 anos, ganhou este apelido do povo ucraniano devido ao seu império na indústria de confeitaria, empreendimento responsável por grande parte de sua fortuna. Segundo pesquisas de intenções de voto, o candidato milionário - que não é filiado a qualquer partido, mas que é apoiado pela UDAR (Aliança democrática ucraniana pela reforma) - deve vencer as eleições no dia 25 de maio, já no primeiro turno. Entre os eleitores que participaram das enquetes, 54,7% dizem que vão votar no magnata.
O candidato foi um grande defensor dos manifestantes anti-governo na Ucrânia, durante o mandato de Viktor Yanukovych e, atualmente, é um dos membros do Parlamento ucraniano. Deputado desde 1998, é um político experiente. Foi ministro duas vezes, mas, por pouco tempo, e uma das vezes, no campo rival.
Devido ao seu patrimônio e a sua posição política, o "rei do chocolate" é apontado como um dos principais patrocinadores da revolta que derrubou Yanukovych. Nos últimos meses, Poroshenko têm enfrentado ameaças russas, por apoiar abertamente o governo recém-criado na Ucrânia.
No entanto, o professor Fabiano Mielniczuk, diretor da Audiplo e pesquisador dos temas russos há mais de 12 anos, afirma que existe uma simpatia entre o governo russo e Poroshenko. "É visto como pró-europeu moderado, não sendo ultra-nacionalista. Seu pragmatismo é bem-vindo em Moscou, e muitos atribuem a atitude da Rússia de apoiar as eleições ucranianas a sua provável vitória.", afirma ele.
Se vencer, pode manter o posicionamento atual do governo ucraniano, mas deterá de maior confiança dos cidadãos, por ser conhecido pelo seu sucesso empresarial e pela sua experiência política. Poroshenko foi uma figura importante na Revolução Laranja - nome dado aos diversos protestos ocorridos entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, após a eleição vencida por Yanukovych, com denúncias de fraude, intimidações e irregularidades - da qual também ganhou fama de ter sido patrocinador.
Casado e pai de quatro filhos, é considerado uma das pessoas mais influentes na política ucraniana. Em março de 2012, a revista Forbes colocou-o na lista de maiores bilionários do mundo, ocupando a posição 1153, com uma fortuna estimada em US$ 1 bilhão. O grupo Roshen, seu império de confeitaria, é o maior produtor do país e o 15° em nível mundial. Além disso, Poroshenko também é proprietário do canal 5 da televisão ucraniana. Na Ucrânia, ele é uma das pessoas mais ricas.
Em março, o então candidato Vitali Klitschko, campeão mundial dos pesos pesados pelo Conselho Mundial de Boxe (CMB), desistiu de sua candidatura nas eleições presidenciais ucranianas a fim de apoiar Poroshenko em sua campanha. Até então, o lutador aparecia como favorito nas pesquisas de intenção de voto.