Eleições na Ucrânia: Timoshenko quer disputar segundo turno
Chamada de "Joana d'Arc da Revolução Laranja", Timonshenko foi a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra no país; ela deixou a prisão em fevereiro deste ano
A candidata que ocupa o segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto para as eleições presidenciais na Ucrânia é Yulia Timoshenko, de 53 anos. Chamada de princesa do gás por ser casada com um dos mais ricos industriais do setor no país, a candidata é a líder da oposição e foi libertada da prisão em fevereiro deste ano.
Política experiente, Timoshenko foi a primeira mulher a ocupar o cargo de premiê da Ucrânia, função que exerceu entre janeiro e setembro de 2005. Concorreu às eleições presidenciais em 2010, mas perdeu para Viktor Yanukovych, último presidente do país, deposto em fevereiro.
Heroína da Revolução Laranja – nome dado aos diversos protestos ocorridos entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, após outra eleição vencida por Yanukovych, com denúncias de fraude, intimidações e irregularidades – Timoshenko foi condenada em 2011, sob a acusação de uso ilegal de poderes, quando selou um acordo para compra de gás da Rússia, que teria lesado o país. Sua sentença era de sete anos.
No entanto, a candidata sempre argumentou que as acusações contra ela eram mentirosas. Sua soltura tornou-se possível graças a um voto no Parlamento que alterou o código criminal – como parte do acordo elaborado pela União Europeia assinado pelo então presidente Yanukovych.
Chamada de "Joana d'Arc da Revolução Laranja", a única candidata do sexo feminino que tem alcançado uma porcentagem relevante nas pesquisas de intenções de voto costuma aparecer em público com suas características tranças no cabelo. Segundo as últimas pesquisas divulgadas pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, Timoshenko marcou 9,6%.
Yulia Timoshenko é considerada a candidata mais pró-europeia das eleições presidenciais de 2014. O professor Fabiano Mielniczuk, diretor da Audiplo e pesquisador dos temas russos há mais de 12 anos, afirma que, se ela ganhar, a crise do país entrará em um novo episódio. "Sua vitória representaria uma grave crise com a Rússia e a tentativa de entrar na União Europeia de modo mais rápido", explica.
A ex-primeira ministra sofre de dores crônicas nas costas e teve que ser submetida a tratamentos médicos assim que deixou a cadeia, em fevereiro deste ano. Em 2011, ela reclamou que foi agredida por guardas enquanto resistia a tentativas de ser transferida para ser tratada em um hospital local. As autoridades questionaram a sua versão dos fatos.