Patrick Pelloux, colunista da revista satírica francesa Charlie Hebdo, defendeu a decisão de colocar um desenho de Maomé chorando na capa da edição especial lançada nesta quarta-feira comparando o extremismo ao nazismo e dizendo que "sendo desrespeitoso ou irreverente, assim como somos com outros, simplesmente significa que estamos vivos e fazendo a cultura cumprir o seu papel".
Em entrevista à BBC, Pelloux disse que seria um erro usar a "linguagem do ódio". "Fazendo piada nesta publicação sobre o que uma religião diz, assim como fazemos com outras religiões - a revista sempre tirou sarro do papa, católicos, cristãos e assim por diante - o que isso significa é que o islamismo, como todas as outras religiões, é uma religião integrada e faz parte de um todo".
"Hoje, somos todos muçulmanos, cristãos, judeus, seculares", disse Pelloux. "Estamos todos juntos contra o que é uma nova expressão que é equivalente a um nazismo moderno, um fascismo moderno. Temos que enfrentar tudo isso. E não apenas aqui nos escritórios da Charlie Hebdo, mas em todos os lugares e em todos os países do mundo".
"Eles (os extremistas) teriam vencido se os cartunistas (da revista) tivessem parado de desenhar".
Pelloux era aguardado na redação da revista - mas não tinham chegado ainda - quando dois atiradores abriram fogo no local, por volta das 11h20 da manhã da última quarta-feira, tabado 12 pessoas.
Outras cinco foram mortas em outros ataques em Paris e arredores, junto com os dois atiradores e com mais um homem que invadiu um supermercado judaico.
Pelloux defendeu a decisão de lançar a edição especial, com uma tiragem inicial recorde de 3 milhões de exemplares - depois ampliada para 5 milhões, número mais de 80 vezes maior que a circulação normal de 60 mil:
"Quando eles atacaram, quando os 17 foram mortos, não afetou apenas a França ou a Charlie Hebdo, eles atacaram a Europa toda, todas as democracias. Com este ataque inacreditável contra cartunistas e jornalistas, toda a mídia e a democracia foram atingidas. E não devemos ter medo, não devemos abaixar a cabeça. Temos que enfrentar isto."
"Então, o significado de fazer esta edição é falar: estamos enfrentando isto, somos capazes de continuar e vamos fazer um mundo melhor", disse Pelloux.
Representação de Maomé
Na capa da edição especial está uma charge de Maomé chorando, com a frase "Todos serão perdoados", mas não há outras representações do profeta no interior da revista. No entanto, há várias sátiras a extremistas muçulmanos.
A representação de Maomé é vista como uma ofensa por muitos muçulmanos e a França é o país com a maior população islâmica da Europa Ocidental.
Para Pelloux, "Maomé já foi retratado em desenhos e acredito que (estes desenhos) existam em museus e bibliotecas desde a Idade Média, então aqui (na revista) não há nada contra os muçulmanos e os terroristas não falam em nome do Corão", disse.
Pelloux responde às críticas de que a revista teria ido longe demais nas sátiras ao Islã dizendo que tentar criar um limite entre o que pode e o que não pode ser feito seria ignorar as vítimas do extremismo.
"Chega um momento em que não é mais possível fazer uma afirmação ambígua (do tipo) 'sim, podemos fazer isso, mas...'. Isto iria significar que os jornalistas que foram decapitados (pelo grupo Estado Islâmico) morreram por nada."
"Então, temos que continuar, e esta talvez é a mensagem principal. Esta mensagem é mais importante do que o 'Eu Sou Charlie', e esta edição da revista é mais importante do que nós. O que importa é você, o expectador da televisão, as pessoas, é a democracia e a paz que estamos tentando salvar. Cada jornalista está levando a água para tentar apagar o incêndio", afirmou o colunista.
Milhares de pessoas se reúnem na Praça da República em Paris, para paricipar da manifestação em homenagem às vítimas dos ataques terroristas à capital francesa
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Manifestantes exibem placas com a seguinte mensagem: " Je Suis Charlie", em referência à revista de humor atacada por dois irmãos terroristas
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Manifestantes sobem no monumento da Praça da República, que expõe os valores exaltados pela França: liberdade, igualdade e fraternidade
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Milhares de pessoas foram convocadas a participar da Marcha da Unidade, em Paris
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Manifestante exibe uma bandeira da França durante concentração na Praça da República
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Manifestação é realizada em memória das vítimas dos autores dos atentados contra a revista de humor Charlie Hebdo e a um mercado judaico de Paris
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O ex-presidente Nicolas Sarkozy recebe os cumprimentos do atual líder francês, François Hollande, no Palácio do Eliseu
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O primeiro ministro espanhol, Mariano Rajoy, é recebido pelo presidente francês antes do início das manifestações
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O rei da Jordânia, Abdullah, e a esposa, a rainha Rania, também foram a Paris para participar das homenagens
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, cumprimenta o presidente da França, François Hollande
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acena para os jornalistas ao ser recebido por Hollande no Palácio do Eliseu
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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, é recepcionado pelo colega François Hollande na sua chegada ao Palácio do Eliseu
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Autoridades da Alemanha, Espanha, Jordânia, Israel, Reino Unido e de vários outros países se juntam ao presidente François Hollande durante a marcha pela liberdade
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O presidente francês, François Hollande, conforta o colunista do Charlie Hebdo Patrick Pelloux durante a marcha pela liberdade
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De braços dados, líderes mundiais marcham pela liberdade de expressão e em homenagem aos mortos nos atentados de Paris
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Manifestantes percorrem as ruas de Paris durante marcha pela liberdade
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Jovem francesa desenha dois lápis sendo atingidos por avião, de modo similar ao ataque as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001
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Familiares de vítima carregam cartaz "Eu sou Michael Saada" durante a marcha em Paris
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Ao todo, 40 líderes mundiais perfilam com os braços entrelaçados em passeata em Paris, em torno do presidente francês, François Hollande
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Chinesa carrega cartaz em homenagem ao jornal alvo dos ataques na última quarta-feira, em francês e chinês
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Cartaz que foi o mote da manifestação, "Eu sou Charlie" é visto no meio da manifestação
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Lápis virou símbolo dos manifestantes contra o ódio provocado pelos extremistas nos atentados em Paris
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Colunista do Charlie Hebdo, Patrick Pelloux muito emocionado durante a marcha pela liberdade
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Homem toca estátua pichada ao lado do símbolo da marcha, "Je Suis Charlie"
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Franceses acedem velas com cair da noite na marcha pela liberdade em Paris
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Uma mulher acende uma luz e reverência os quatro cartunistas mortos no ataque à revista Charlie Hebdo
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Vista geral da marcha pela liberdade neste domingo
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Homem usa lápis durante ato em Paris em homenagem aos cartunistas mortos
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Franceses carregam bandeira do país e faixas em homenagem às vítimas do ataque
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Pessoas escalam monumento em Paris durante ato neste domingo
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Velas são acesas na praça da Liberdade em Paris
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Pessoas escalam o monumento da Queda da Bastilha durante os últimos momentos da marcha pela liberdade
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Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu chega a Grande Sinagoga de Paris para discurso em homenagem às vítimas do ataque ao mercado kosher
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Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e presidente francês, François Hollande, lado a lado na Grande Sinagoga de Paris
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