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Erdogan adota retórica agressiva e eleva tensão social na Turquia

Longe de adotar uma postura conciliadora e propensa ao diálogo, o premiê acaba por incentivar uma atmosfera que não contribui para o arrefecimento dos protestos e dos confrontos que persistem no país

11 jun 2013 - 17h19
(atualizado às 17h53)
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O premiê turco, Recep Tayyipt Erdogan, discurs em Ancara: "fim da tolerância" e novo estouro dos protestos em Istambul
O premiê turco, Recep Tayyipt Erdogan, discurs em Ancara: "fim da tolerância" e novo estouro dos protestos em Istambul
Foto: AP

Longe de acalmar os ânimos perante a onda de protestos na Turquia, o primeiro-ministro do país, Recep Tayyip Erdogan, continua tomando medidas que elevam a tensão local em uma tentativa de consolidar sua própria posição entre os seguidores de seu partido, o islamita AKP.

Nesta terça-feira, em discurso ao seu grupo parlamentar, o líder turco voltou a atribuir a culpa dos protestos à imprensa internacional e às redes sociais, e advertiu aos manifestantes que não haverá mais tolerância.

As declarações pouco conciliadoras foram feitas horas depois de a polícia tentar dispersar com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo os manifestantes antigovernamentais reunidos há 12 dias na Praça Taksim, em Istambul.

Analistas políticos afirmam que Erdogan é responsável por um aumento diário da tensão no país, o que surpreende seus partidários que esperavam uma postura conciliadora por parte do político, de maneira a acalmar os ânimos nas ruas, não só em Istambul, mas em todas as principais cidades turcas.

Rasit Kaya, catedrático de Ciências Políticas da Universidade Técnica do Oriente Médio em Ancara, explicou que o primeiro-ministro parece tentar consolidar seu eleitorado a curto e médio prazo. "Ninguém esperava que milhões de pessoas pudessem sair às ruas e realizar várias formas de protestos durante duas semanas. Acho que o próprio Erdogan está preocupado com a extensão das manifestações", afirmou o especialista.

"Está claro que Erdogan quer consolidar o apoio de seus seguidores para mobilizá-los quando for necessário. Seu primeiro objetivo poderia ser as eleições presidenciais de 2014", acrescentou Kaya.

Há meses se especula na Turquia sobre a possibilidade de criação de uma emenda constitucional que confira ao presidente país - cargo ao qual Erdogan pretende se candidatar - mais poder além do mero papel protocolar da atual chefia do Estado.

"Ao aumentar a tensão, (Erdogan) envia uma mensagem a seus seguidores internacionais. Ele sente que está perdendo apoio e tenta passar para seus partidários que isso, durante esse período crítico, resultará em caos no país", disse Kaya.

Outro especialista, Selcuk Candansayar, afirmou que os "símbolos" utilizados pelo primeiro-ministro neste momento de tensão são "muito perigosos". "Ele diz que as mulheres muçulmanas estão em perigo e são vítimas de abuso sexual nas ruas, enquanto se bebe álcool nas mesquitas e bandeiras turcas são queimadas. Apesar de tudo indicar que estas alegações são falsas, ele (Erdogan) insiste em repeti-las", explicou Candansayar.

"A história da Turquia está cheia de exemplos sobre como os enfrentamentos sobre estes símbolos podem originar banhos de sangue", advertiu o especialista.

Embora Erdogan ainda tenha o apoio firme da maior parte dos seguidores e dirigentes do partido islamita AKP, também começou a receber as primeiras críticas.

Erdal Kalkan, um deputado do AKP da cidade de Esmirna, escreveu hoje em sua conta no Twitter: "Ninguém é intocável. Tudo, menos as coisas sagradas, pode ser criticado. Basta! Chegou o momento de a juventude falar".

Novos enfrentamentos entre a polícia e manifestantes na Praça Taksim, em Istambul
Novos enfrentamentos entre a polícia e manifestantes na Praça Taksim, em Istambul
Foto: AP

Mas Erdogan não parece disposto a voltar atrás e levar em conta os interesses de uma minoria. Hoje, ele pediu, novamente, o apoio de seus seguidores durante próximo fim de semana em grandes manifestações convocadas pelo AKP em Istambul e Ancara.

Os analistas mais otimistas acreditam que após esta previsível demonstração de força que ocorrerá no fim de semana, o primeiro-ministro começará a diminuir a tensão.

No entanto, os pessimistas temem que Erdogan continue a desafiar seus críticos durante os próximos meses, para chegar às eleições de março de 2014 com uma sociedade em conflito e um eleitorado islamita mobilizado.

EFE   
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