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Escândalo de espionagem dos EUA gera mal-estar na Alemanha

4 mai 2015 - 14h36
(atualizado às 15h59)
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Chanceler alemã, Angela Merkel, durante sessão no Parlamento da Alemanha, em Berlim, para lembrar os 100 anos do assassinato em massa de armênios por turcos-otomanos
Chanceler alemã, Angela Merkel, durante sessão no Parlamento da Alemanha, em Berlim, para lembrar os 100 anos do assassinato em massa de armênios por turcos-otomanos
Foto: Hannibal Hanschke / Reuters

O escândalo em torno das atividades dos serviços de espionagem dos Estados Unidos na Alemanha causou irritações na grande coalizão de governo presidida por Angela Merkel.

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, comparecerá na quarta-feira à comissão parlamentar de segredos oficiais em sessão na qual deverá responder a dúvidas relacionadas ao tempo em que foi ministro da Chancelaria e encarregado da coordenação dos serviços secretos.

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Ainda não está previsto que Merkel se pronuncie na comissão, mas o porta-voz do governo, Steffen Seibert, informou nesta segunda-feira que a chanceler iria "com gosto" ao parlamento caso solicitada.

Merkel foi evasiva hoje ao ser questionada sobre o tema em entrevista à imprensa ao lado do primeiro-ministro tcheco, Bohuslav Sobotka, e se limitou a dizer que não deve haver espionagem entre países amigos e que a cooperação com serviços secretos estrangeiros é de grande importância.

Um dos focos do escândalo é a pergunta sobre se a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA se envolveu em atos de espionagem econômica sobre empresas alemãs e se para isso contou com a ajuda da Agência de Inteligência Alemã (BND).

Na entrevista coletiva habitual do governo, Seibert, como porta-voz da Chancelaria, insistiu que todas as informações relacionadas aos serviços secretos devem ser concedidas à comissão de segredos oficiais, e não à opinião pública.

"O trabalho dos serviços secretos é importante para nós, incluindo a cooperação com serviços secretos amigos. E por sua natureza, tem que continuar sendo secreto", disse Seibert.

No entanto, inclusive dentro do governo, começando pelo ministro da Economia e vice-chanceler, Sigmar Gabriel, há os que consideram que as informações dadas ao parlamento não são suficientes.

"O que estamos vivendo é um escândalo em torno dos serviços secretos com capacidade de gerar uma repercussão grande", disse hoje Gabriel na condição de presidente do Partido Social-Democrata (SPD).

Gabriel pediu que os dados de conexão dos computadores dos serviços secretos sejam repassados à comissão de segredos oficiais e à comissão parlamentar que investiga o escândalo.

"O Congresso e o Senado dos EUA não permitiriam que fosse negado esse tipo de informação", disse.

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Gabriel revelou já perguntou duas vezes a Merkel se a BND havia cooperado de alguma forma com a espionagem econômica.

"Nas duas vezes ela me respondeu negativamente. Acho que esse será o resultado das investigações, caso contrário ocorreria uma grave perda de confia nça da indústria alemã no Estado", comentou.

Para o ministro, a resposta de Merkel foi de boa fé, mas ainda há muitas coisas a serem esclarecidas sobre o papel da BND e o conhecimento de alguns políticos sobre os fatos.

Até agora, estiveram na mira das investigações o atual ministro da Chancelaria, Peter Altmeier, e seus dois antecessores, Ronald Pofalla e De Maizière, todos pertencentes à União Democrata-Cristã (CDU) presidida por Merkel.

Esse fato incomodou a União Social-Cristã (CSU), que pediu nesta segunda-feira para que fosse convocado a depor o atual minitro das Relações Exteriores, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, que foi liderou a Chancelaria durante o governo de Gerhard Schröder (1998-2005).

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O argumento é que as bases para aumentar a cooperação com a NSA foram estabelecidos durante o governo de Schröder, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

Em entrevista coletiva à parte, Hans-Georg Maassßem, presidente do Escritório Federal para a Proteção da Constituição, os serviços secretos de interior, evitou se posicionar em relação ao escândalo que afeta a BND e pediu prioridade no esclarecimento dos fatos para depois buscar "consequências". Além disso, defendeu a necessidade de colaborar com os serviços secretos de outros países.

EFE   
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