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Espanha diz que espionagem por parte dos EUA supõe quebra de confiança

28 out 2013 - 12h11
(atualizado às 12h11)
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A capa do jornal El Mundo desta segunda-feira
A capa do jornal El Mundo desta segunda-feira
Foto: Reprodução

O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, declarou nesta segunda-feira que já transmitiu ao embaixador dos Estados Unidos em Madri, James Costos, sua "séria preocupação" em torno da suposta espionagem americana, um fato que, "se for confirmado", poderia supor "a ruptura do clima de confiança" entre ambos os países.

García-Margallo fez essas declarações na entrevista coletiva conjunta realizada junto ao ministro das Relações Exteriores da Polônia, Vladyslav Sikorski, na qual insistiu que, por enquanto, a Espanha "não tem constância oficial" dessa suposta espionagem.

De acordo com o chanceler espanhol, o secretário de Estado da União Europeia, Iñigo Méndez de Vigo, o representante do governo espanhol que se reuniu com Costos para lhe cobrar explicações, transmitiu ao embaixador a "séria preocupação" da Espanha com as informações divulgadas na imprensa, as quais poderiam supor uma "prática inaceitável entre países-membros e amigos".

Segundo um artigo publicado hoje pelo jornal "El Mundo", que cita parte dos documentos filtrados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) espionou mais de 60 milhões de ligações telefônicas na Espanha entre os dias 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro de 2013.

"Pedimos ao embaixador, assim como em duas ocasiões anteriores, que fornecesse ao governo a informação necessária sobre este assunto, que, se for confirmado, poderia representar a ruptura do clima de confiança que tradicionalmente presidiu as relações entre ambos os países", ressaltou o ministro espanhol.

García-Margallo também ressaltou que Costos se comprometeu a pedir ao seu governo todas as informações sobre o que ocorreu para transmiti-las à Espanha assim que as tiver.

Além disso, o ministro espanhol exaltou a importância de a Espanha trabalhar essa questão em âmbito bilateral e no marco da UE, um fato que, segundo ele, o fez manter esta viagem à Polônia, Lituânia e Estônia.

"O consenso europeu é uma das linhas de atuação básicas da diplomacia espanhola", acrescentou.

Após lembrar as iniciativas articuladas na UE por causa destas informações, García-Margallo acrescentou que também abordou a espionagem americana com os ministros das Relações Exteriores da Europa - alguns presencialmente, como é o caso do polonês hoje, e outros por telefone.

"A privacidade e o direito à intimidade são direitos protegidos pela Constituição", completou García-Margallo, quem há poucos dias chegou a dizer que não usava há um ano e meio seu celular. Hoje, no entanto, o ministro voltou a dizer que nunca fala sobre temas internacionais com seu celular, mas somente por outros telefones "mais seguros".

Por sua parte, o ministro das Relações Exteriores da Polonia, Radoslaw Sikorski, assinalou que já havia falado com García-Margallo sobre este assunto e questionou as possibilidades deste tema ser discutido de modo bilateral ou multilateral, já que, segundo ele, o mesmo poderia "ser elevado e tratado no seio das relações entre Estados Unidos e União Europeia".

"Nós também estamos preocupados em como assegurar e garantir a segurança dos dados pessoais, de nossos cidadãos e o direito à privacidade", acrescentou Vladyslav Sikorski.

EFE   
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