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Especialista: "grupos rebeldes não têm mísseis tão potentes"

Em entrevista ao Terra, Gunther Rudzit apostou em envolvimento de governos em incidente

17 jul 2014 - 17h25
(atualizado às 19h25)
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<p>Separatistas armados pró-Rússia em local da queda de avião da Malaysia Airlines na Ucrânia</p>
Separatistas armados pró-Rússia em local da queda de avião da Malaysia Airlines na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters

O especialista em Segurança Internacional Gunther Rudzit falou ao Terra sobre o incidente envolvendo o voo MH17, da Malaysia Airlines, que caiu nesta quinta-feira em solo ucraniano. Rudzit descartou a possibilidade de acidente e disse acreditar que somente um míssil de alto alcance seria capaz de derrubar o avião. 

"Para derrubar esse avião, na altura em que estava, seria necessário mísseis de média/grande altitude. Ambos os governos têm esse míssil", afirmou. Rudzit também descartou a possibilidade de um grupo de rebeldes conseguir esse tipo de armamento por conta própria. "Um grupo rebelde não consegue um equipamento desses no mercado negro, muito menos conseguiria operá-lo", disse, antes de especular: "é muito provável que o governo russo esteja envolvido nisso. Mas (o envolvimento) pode ter vindo do governo ucraniano também, precisamos esperar". 

Cláudio Lucchese, diretor da revista Asas, especializada em aviação civil e militar, tem opinião semelhante. Segundo ele, tanto as forças armadas da Ucrânia quanto da Rússia estão equipadas com sistemas de defesa antiaérea capazes de atingir aeronaves a essa altitude. “Entre os mísseis que a defesa ucraniana opera, tem um sistema de mísseis que se chama Buk-M1. Os ucranianos têm em boa quantidade, esse míssil por exemplo consegue atingir um avião a 25 mil metros de altura. Atingir um avião a 10 mil não ia ser nenhum problema. Hoje a defesa aérea russa tem vários sistemas mais avançados, mas ainda opera as versões mais novas do Buk."

Lucchese vai além, e afirma que os indícios iniciais apontam que o míssil disparado do solo possivelmente tenha saído de território ucraniano, já que o local do acidente está fora do espaço aéreo russo. A única possibilidade de uma ação da Rússia, na opinião do especialista, seria caso o voo da Malaysia tenha sido interceptado por um caça. "Onde ele caiu, ele não estava tão perto da fronteira para ter sido um sistema antiaéreo russo para ter sido abatido. Ali tem duas alternativas: ou foi o sistema antiaéreo, ou foi atingido por um míssil disparado por outra aeronave - e aí poderia ter sido atingido por um caça russo. Só que aí o caça teria que ter entrado no espaço aéreo ucraniano, e até agora, apesar de seguidas acusações do governo da Ucrânia, não há casos comprovados de invasão aérea por parte da Rússia."

Para especialista, rebeldes não conseguiriam derrubar Boeing:

O escritor Ivan Sant'Anna, autor dos livros Caixa Preta Perda Total, segue a mesma linha. Entretanto, aposta que o incidente seja fruto de um possível engano. "Muitos deles (rebeldes ucranianos) são russos de nascimento (até o fim da União Soviética, em 1990, a Ucrânia e a Rússia faziam parte do mesmo país) e outros são filhos de russos. Sendo suas armas fornecidas pelos russos (que querem se apossar do leste da Ucrânia) é possível que, por engano, tenham usado uma delas para derrubar o avião malaio". O escritor diz acreditar, ainda, que não será a última vez que esse tipo de incidente ocorrerá: "foi míssil mesmo (que derrubou a aeronave). Não é a primeira nem será a útlima que um jato comercial voando a grande altitude é derrubado por estar no lugar errado, na hora errada".

O avião da Malaysia Airlines caiu perto da cidade de Shaktarsk, na região de Donetsk, Ucrânia, cenário de combates entre as forças governamentais do país e rebeldes pró-Rússia, nesta quinta-feira. O Boeing- 777 voava de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, Malásia. Estavam a bordo do avião 280 passageiros e 15 tripulantes. Segundo informações iniciais, não há sobreviventes.

A Malaysia Airlines informou, via Twitter, que perdeu contato com o voo às 14h15 GMT (11h15 de Brasília) a cerca de 50 km da fronteira entre Ucrânia e Rússia. O avião havia decolado de Amsterdã, na Holanda, às 12h15 locais, e deveria chegar a Kuala Lumpur, na Malásia, às 6h10 desta sexta-feira (18), também no horário local.

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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