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EUA e aliados cogitam não ir ao G8 na Rússia por Ucrânia

1 mar 2014 - 02h10
(atualizado às 02h11)
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e alguns de seus aliados europeus cogitam não comparecer à cúpula do G8 prevista para junho em Sochi, na Rússia, se for confirmada uma intervenção militar por parte de Moscou na península da Crimeia, na Ucrânia, informaram nesta sexta-feira fontes oficiais ao jornal Washington Post.

Obama fez um pronunciamento de urgência na tarde de hoje na Casa Branca para advertir a Rússia que uma intervenção na Crimeia seria uma "profunda interferência" que transgrediria a "lei internacional" e que, caso seja confirmada, terá "custos".

Dentro desses hipotéticos "custos" não está contemplada a opção militar, mas os Estados Unidos e seus aliados cogitam tomar medidas no campo diplomático e econômico, informaram fontes oficiais à imprensa americana.

Uma dessas ações poderia ser o não comparecimento dos EUA e de alguns de seus aliados na cúpula do G8 - os oito países com maior peso político, econômico e militar do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia - em junho.

Essa reunião, de acordo com as previsões, acontecerá na cidade russa de Sochi, que acabou de sediar outro grande evento internacional: os Jogos Olímpicos de Inverno.

Obama já cancelou no ano passado um encontro bilateral com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, depois que seu país concedeu asilo a Edward Snowden, o ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) dos Estados Unidos que revelou as polêmicas práticas de espionagem.

Também estão sobre a mesa possíveis sanções à Rússia como a suspensão das conversas que estão em andamento para aproximar os laços comerciais com os Estados Unidos e outros países de grande peso econômico, segundo as fontes oficiais.

Durante seu pronunciamento desta sexta-feira, Obama falou o tempo todo da intervenção como uma hipótese que não foi confirmada, mas fontes oficiais e inclusive alguns membros destacados do Congresso deram como fato que "centenas" de tropas russas aterrissaram na Crimeia sem encontrar oposição.

"Parece que o Exército russo agora controla a península da Crimeia", afirmou em comunicado o líder da comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Rogers.

Por sua parte, o Departamento de Estado atualizou na tarde de hoje seu alerta de viagem sobre a Ucrânia para pedir que cidadãos americanos evitem qualquer deslocamento não essencial para esse país, especialmente em relação à península da Crimeia, devido a "potencial instabilidade".

O secretário de Defesa, Chuck Hagel, evitou especular sobre as ações que os Estados Unidos cogitam tomar em relação à crise na ex-república soviética, mas afirmou que "a situação pode se tornar muito perigosa se continuarem as provocações".

"Estamos tentando lidar com isso a partir de um enfoque diplomático, isso é o apropriado e o responsável", disse Hagel em entrevista para a emissora "CBS".

Por outro lado, um grupo de senadores destacados da comissão de Relações Exteriores enviou hoje uma carta pública ao presidente Obama para pedir que os Estados Unidos ajudem a Ucrânia a conseguir uma transição pacífica e também para alertar sobre "as táticas provocadoras e perigosas" da Rússia.

Os legisladores lembraram em sua carta que a Rússia se comprometeu, em 1994, a reconhecer a independência, a soberania e as fronteiras da Ucrânia e a não exercer coação econômica alguma em um memorando assinado com os Estados Unidos e o Reino Unido.

"Os Estados Unidos têm a responsabilidade de assegurar que esses compromissos serão respeitados e de usar todas as medidas diplomáticas necessárias e, caso necessário, punitivas, sempre em conjunto com a União Europeia", diz a carta.

"Agora parece que a coação da Rússia está indo além da esfera econômica", acrescenta.

Em uma entrevista coletiva após uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta sexta-feira, o embaixador da Ucrânia no organismo internacional, Yuriy Sergeyev, disse que seu país está preparado para se defender e pediu o apoio político e moral da ONU para o novo governo de Kiev, especialmente na Crimeia.

Também se pronunciou sobre a crise o ex-presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili. Em uma entrevista à emissora "CNN", Saakashvili afirmou que a Rússia não tem "nenhum pretexto" para realizar uma intervenção na Crimeia e comparou a situação com o ocorrido em outros momentos da história russa, como a "invasão da Geórgia para proteger a minoria de habitantes pró-russos" na Ossétia do Sul.

Além disso, o ex-mandatário da Geórgia foi além e comparou a suposta intervenção da Rússia na Crimeia com "a invasão (da região) dos Sudetos (na antiga Checoslováquia) por parte da Alemanha em 1938".

Em seu pronunciamento de urgência, que durou apenas três minutos, Obama mostrou sua "profunda preocupação" pelas informações que indicam que a Rússia está realizando movimentos de tropas na região ucraniana da Crimeia, com a qual os russos possuem fortes laços historicamente.

"Os Estados Unidos, sem dúvida, se colocarão do lado da comunidade internacional para afirmar que haverá custos no caso de uma intervenção militar na Ucrânia", declarou Obama, que fez esse pronunciamento depois que o novo governo ucraniano acusou a Rússia de invadir e fechar o espaço aéreo da Crimeia.

O governo interino na Ucrânia, liderado pelos opositores do foragido presidente Viktor Yanukovich, confirmou nesta sexta-feira que forças comandadas pela Rússia estão realizando uma "invasão armada" da Crimeia, com a tomada de controle de dois aeroportos e de outros pontos estratégicos.

EFE   
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