EUA: escalada da violência na Ucrânia bloqueará diplomacia
O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, neste sábado, contra uma "escalada militar" na Crimeia, que bloquearia o caminho para a diplomacia.
Já o presidente Barack Obama conversou com vários líderes europeus, por telefone, sobre a situação na Ucrânia. No telefonema, de iniciativa americana, Kerry e Lavrov "concordaram em continuar seus contatos intensivos para encontrar uma solução para a crise ucraniana", acrescentou a chancelaria em um comunicado.
Kerry enfatizou que Washington está trabalhando para "facilitar o diálogo direto entre Ucrânia e Rússia", informou uma fonte do Departamento de Estado consultada pela AFP.
"Ao mesmo tempo, deixou claro que contínuas escaladas militares e provocações na Crimeia, ou em qualquer lugar da Ucrânia, junto com passos para anexar a Crimeia à Rússia bloqueariam qualquer espaço disponível para a diplomacia", declarou o Departamento de Estado, acrescentando que Kerry "pediu contenção máxima".
Lavrov e Kerry tiveram vários contatos nos últimos dias para tentar superar suas divergências a respeito da Ucrânia.
O presidente Obama, que passa o fim de semana em Key Largo, na Flórida, conversou com os primeiros-ministros do Reino Unido, David Cameron, e da Itália, Matteo Rienzi, e com o presidente francês, François Hollande, disse o porta-voz adjunto da Casa Branca, Josh Earnest.
Também conversou com a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, e com os presidentes da Letônia, Andris Berzins, e da Estônia, Hendrik Ilves.
"Os líderes reiteraram sua grave preocupação com a clara violação da lei internacional por parte da Rússia e reafirmaram seu apoio à soberania da Ucrânia e sua integridade territorial", disse a Casa Branca, divulgando um resumo das chamadas.
Obama reafirmou o "compromisso inflexível" dos Estados Unidos na "defesa dos compromissos coletivos sob o Tratado do Atlântico Norte e o nosso apoio perene à segurança e à democracia dos nossos aliados bálticos".
Depois do telefonema com Obama, Hollande declarou que, diante "da falta de progresso" para uma solução da crise na Ucrânia, França e Estados Unidos poderão adotar "novas medidas" contra a Rússia.
De acordo com nota divulgada pela presidência francesa, Hollande e Obama insistiram na "necessidade de que a Rússia retire as forças enviadas para a Crimeia desde o final de fevereiro e a fazer todo o possível para permitir o envio de observadores internacionais".
Os dois chefes de Estado destacaram que, "se não houver progresso nesse sentido, serão tomadas novas medidas, que afetarão, consideravelmente, as relações entre a comunidade internacional e a Rússia, o que não convém a ninguém".
A crise ucraniana, que começou há mais de três meses e foi marcada basicamente pela destituição do então presidente Viktor Yanukovytch, que partiu para a Rússia, sofreu uma reviravolta recente com os movimentos de tropas russas na Crimeia e o anúncio de um referendo sobre a anexação dessa península autônoma ucraniana à Rússia. O referendo será realizado em 16 de março próximo.
Segundo o novo governo da Ucrânia, há cerca de 30 mil soldados russos estacionados na Crimeia, cinco mil a mais do que o permitido sob o acordo em vigor com Kiev.
A Rússia alega que reforçou a proteção de sua base naval na península e que trabalha com unidades de autodefesa locais. Moscou se nega, porém, a reconhecer que tenha enviado tropas extras para a região.