Ex-prefeito de Londres compara União Europeia a Hitler e Napoleão
O ex-prefeito de Londres Boris Johnson afirmou que a União Europeia está seguindo o mesmo caminho que Adolf Hitler (1889-1945) e Napoleão Bonaparte (1769-1821) ao tentar unificar a Europa sob uma mesma "autoridade".
Segundo Johnson, um dos principais defensores da saída do Reino Unido do bloco econômico, Hitler e Napoleão fracassaram na unificação do continente. Em sua visão, a União Europeia seria, assim, uma "tentativa de fazer o mesmo com métodos diferentes".
Críticos descreveram a comparação do ex-prefeito de Londres como "ofensiva e desesperada".
Em outro desdobramento, Nigel Farage, líder do UKIP (Partido Independente do Reino Unido) anunciou o apoio a uma eventual candidatura de Johnson ao cargo de primeiro-ministro do país.
Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail neste domingo, Farage disser ser "fã de Boris" e afirmou que apoiaria o ex-prefeito de Londres para suceder David Cameron se o atual premiê renunciar após o plebiscito sobre a saída da União Europeia.
O plebiscito ocorre no dia 23 de junho, quando eleitores no Reino Unido vão decidir se querem ou não que o país permaneça no bloco econômico.
Johnson, por sua vez, disse ao jornal britânico Sunday Telegraph que a história europeia já viu repetidas tentativas para redescobrir o que definiu como "era de ouro de paz e prosperidade sob os Romanos".
"Napoleão, Hitler, várias pessoas tentaram isso, e terminou tragicamente. A União Europeia é uma tentativa de fazer isso por diferentes métodos", disse ele.
"Mas fundamentalmente o que está faltando é um problema eterno. Não há lealdade à ideia de Europa".
"Não há uma única autoridade que todos respeitem ou entendam. Isso está causando um vácuo enorme na democracia", completou.
A ex-ministra do Trabalho britânica Yvette Cooper, que apoia a campanha pelo 'sim', acusou Johnson de "uma falta de discernimento vergonhosa" e de recorrer "a políticas cínicas e divisionistas".
"Ele não deve jogar o jogo político com o capítulo mais sério e sombrio da história da Europa. A União Europeia teve um papel fundamental em manter a paz na Europa desde então", disse ela, em referência ao fim da 2ª Guerra Mundial.
Mas para o líder conservador Jacob Rees-Mogg as declarações de Johnson são "absolutamente verdadeiras".
Ele afirmou que Hitler e Napoleão "queriam criar um único poder europeu...pela força. E a União Europeia está tentando fazer isso de maneira furtiva".
'Recessão'
Já o presidente do Banco Central da Inglaterra, Mark Carney, alertou, em entrevista à BBC, que a saída do Reino Unido da União Europeia poderia desencadear uma recessão.
Ele negou ter se excedido na declaração, alegando que seu papel era de "identificar riscos, não cruzar os dedos e esperar que eles se dissipem".
Também em entrevista à BBC, a primeira-ministra da Irlanda do Norte, Arlene Foster, que apoia o 'não', rejeitou rumores de que a saída do país da União Europeia poderia prejudicar as relações com a nação constituinte ou deteriorar o processo de paz.
"Não estou preocupada, porque o processo de paz não está assentado na União Europeia", disse ela, acrescentando ter ficado "desapontada" com o ex-chanceler britânico William Hague ao sinalizar que isso poderia acontecer.
O líder trabalhista Jeremy Corbyn, que apoia a campanha pelo 'sim', afirmou à rede de TV britânica ITV querer uma União Europeia que seja "uma união das pessoas da esquerda...coletivamente trabalhando por um melhor padrão de vida da Europa".
Corbyn acrescentou ser pouco provável que ele e Cameron, apesar de defenderem a permanência do Reino Unido no bloco, compartilhem a mesma plataforma. "Isso não daria certo", afirmou.
Com pouco mais de um mês para o plebiscito, pesquisas de intenção de voto indicam um empate técnico entre as campanhas do 'sim' e do 'não'.