"Eu marcho por convicção, e não por ordem", explica Soufiane, de 29 anos, um professor muçulmano, que disse não ter atendido "à mídia, aos políticos" para comparecer às ruas de Paris, no ato multitudinário em homenagem às 17 pessoas mortas na França, esta semana.
Cercado de vários amigos, o jovem leva um cartaz com a inscrição "minha religião é a do amor!".
Soufiane disse preferir essa frase ao amplamente adotado "Je suis Charlie, je suis musulman" (Eu sou Charlie, eu sou muçulmano), porque compareceu à marcha "enquanto cidadão" para "lembrar os fundamentos do islã, frente aos terroristas que desfiguram (sua) fé".
Para ele, a luta deve ser contra toda forma de terrorismo. Embora reconheça seu "temor" e sua "consternação" com o atentado ao Charlie Hebdo, o jovem revela que ficou "indignado com as publicações" do jornal satírico sobre o profeta Maomé.
"Hoje, eu sou Charlie, mas amanhã talvez não seja", afirmou.
Mais à frente, com uma bolsa cheia de bandeiras turcas, o estudante de Relações Internacionais Hassan as distribuía aos manifestantes. "É muito importante, para nós, muçulmanos, mostrarmo-nos. Assim, as pessoas podem encontrar verdadeiros muçulmanos, e não esses que elas veem na mídia", comentou.
Milhares de pessoas se reúnem na Praça da República em Paris, para paricipar da manifestação em homenagem às vítimas dos ataques terroristas à capital francesa
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Manifestantes exibem placas com a seguinte mensagem: " Je Suis Charlie", em referência à revista de humor atacada por dois irmãos terroristas
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Manifestantes sobem no monumento da Praça da República, que expõe os valores exaltados pela França: liberdade, igualdade e fraternidade
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Milhares de pessoas foram convocadas a participar da Marcha da Unidade, em Paris
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Manifestante exibe uma bandeira da França durante concentração na Praça da República
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Manifestação é realizada em memória das vítimas dos autores dos atentados contra a revista de humor Charlie Hebdo e a um mercado judaico de Paris
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O ex-presidente Nicolas Sarkozy recebe os cumprimentos do atual líder francês, François Hollande, no Palácio do Eliseu
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O primeiro ministro espanhol, Mariano Rajoy, é recebido pelo presidente francês antes do início das manifestações
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O rei da Jordânia, Abdullah, e a esposa, a rainha Rania, também foram a Paris para participar das homenagens
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, cumprimenta o presidente da França, François Hollande
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acena para os jornalistas ao ser recebido por Hollande no Palácio do Eliseu
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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, é recepcionado pelo colega François Hollande na sua chegada ao Palácio do Eliseu
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Autoridades da Alemanha, Espanha, Jordânia, Israel, Reino Unido e de vários outros países se juntam ao presidente François Hollande durante a marcha pela liberdade
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O presidente francês, François Hollande, conforta o colunista do Charlie Hebdo Patrick Pelloux durante a marcha pela liberdade
Foto: Reuters
De braços dados, líderes mundiais marcham pela liberdade de expressão e em homenagem aos mortos nos atentados de Paris
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Manifestantes percorrem as ruas de Paris durante marcha pela liberdade
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Jovem francesa desenha dois lápis sendo atingidos por avião, de modo similar ao ataque as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001
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Familiares de vítima carregam cartaz "Eu sou Michael Saada" durante a marcha em Paris
Foto: Reuters
Ao todo, 40 líderes mundiais perfilam com os braços entrelaçados em passeata em Paris, em torno do presidente francês, François Hollande
Foto: Reuters
Chinesa carrega cartaz em homenagem ao jornal alvo dos ataques na última quarta-feira, em francês e chinês
Foto: Reuters
Cartaz que foi o mote da manifestação, "Eu sou Charlie" é visto no meio da manifestação
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Lápis virou símbolo dos manifestantes contra o ódio provocado pelos extremistas nos atentados em Paris
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Colunista do Charlie Hebdo, Patrick Pelloux muito emocionado durante a marcha pela liberdade
Foto: Reuters
Homem toca estátua pichada ao lado do símbolo da marcha, "Je Suis Charlie"
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Franceses acedem velas com cair da noite na marcha pela liberdade em Paris
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Uma mulher acende uma luz e reverência os quatro cartunistas mortos no ataque à revista Charlie Hebdo
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Vista geral da marcha pela liberdade neste domingo
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Homem usa lápis durante ato em Paris em homenagem aos cartunistas mortos
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Franceses carregam bandeira do país e faixas em homenagem às vítimas do ataque
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Pessoas escalam monumento em Paris durante ato neste domingo
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Velas são acesas na praça da Liberdade em Paris
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Pessoas escalam o monumento da Queda da Bastilha durante os últimos momentos da marcha pela liberdade
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Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu chega a Grande Sinagoga de Paris para discurso em homenagem às vítimas do ataque ao mercado kosher
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Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e presidente francês, François Hollande, lado a lado na Grande Sinagoga de Paris
Foto: AP
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Medo de deturpação
O medo da analogia imediata entre islã e terrorismo estava por todos os cantos. "Tenho medo duplamente. Primeiro, como francês, depois, como muçulmano. É ainda mais difícil para nós", desabafa a franco-tunisiana Tayssir, de 33 anos.
Vários jovens seguravam a faixa "eu sou muçulmano, mas não terrorista", enquanto mulheres desfilaram com o tradicional "hijab".
"Não me olhe esquisito, mas eu sou uma muçulmana contra os terroristas", lança a franco-marroquina Fathia, de 38 anos. "Algumas pessoas sorriem para ela", diz o marido, Khalid Moumni.
"Minha filha queria estar aqui, mas ela preferiu ficar em casa. Ela usa o véu há pouco tempo e ficou com medo das reações", contou sua mãe, Soulef Hadji, que levava o cartaz "Somos todos Charlie, inclusive o Alcorão".
Já a francesa de origem tunisiana Essia Rammah defendeu "a liberdade de expressão, sim, mas dentro do respeito ao sagrado". Para ela, Charlie "não merece ser morto, mas foi longe demais".
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