Governo sabia de falhas em ponte de Gênova desde fevereiro
Empresa fez alerta ao Ministério de Infraestrutura em carta
A Guarda de Finanças da Itália apreendeu nesta quarta-feira (29) documentos relacionados a ponte Morandi, em Gênova, que inclui uma carta datada de 28 de fevereiro deste ano, na qual a empresa Autostrade alerta o governo sobre os riscos de segurança do viaduto.
De acordo com o documento, publicado pela revista "L'Espresso", na época, o diretor de manutenção da empresa, Michele Donferri Mitelli, pediu para o Ministério de Infraestrutura da Itália acelerar a aprovação do projeto de reforço da Ponte Morandi para "garantir a segurança necessária para aumentar o viaduto Polcevera".
Além disso, há também um relatório dos anos 1980 do engenheiro italiano Riccardo Morandi, no qual diz estar espantado pela deterioração do material. "É um relatório encorpado que também será útil para colocar um ponto no espaço e no tempo do exame da estrutura", explicou o promotor Francesco Cozzi.
A ordem de busca e apreensão foi emitida pelo Ministério Público de Gênova. As autoridades recuperaram os arquivos da sede do Ministério da Infrestrutura, do escritório da inspeção territorial de Gênova, da sede da Superintendência de obras públicas de Ligúria, Piemonte e Val d'Aosta, e da empresa Spea Engineering.
"Estou muito feliz em esclarecer o que aconteceu no passado. O Ministério das Infraestruturas e Transportes está totalmente à disposição das autoridades que estão investigando o colapso da Ponte Morandi", escreveu o ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, em sua conta no Twitter.
Em nota, a Autostrade destacou que a carta é "uma comunicação comum com a qual a gestão competente do Ministério da Infraestrutura solicita a aprovação do projeto para melhorar as características estruturais do viaduto Polcevera, para o qual já havia sido produzido o parecer favorável".
De acordo com a empresa, na ocasião, "o prazo de aprovação do Ministério havia passado do prazo de 90 dias".
"O projeto tinha o objetivo de melhorar a vida útil da infraestrutura, de modo que a interpretação do L'Espresso de que teria sido uma ?carta de alarme? seria absolutamente enganadora e falsa", concluiu o texto.
No último dia 14 de agosto, parte do viaduto desabou e matou 43 pessoas. A empresa Autostrade per I'Italia, concessionária da ponte, já anunciou que reconstruirá o local em oito meses. No entanto, as causas do colapso ainda estão sendo investigadas.
O sistema da construção é baseado em uma ponte estaiada, mas com as pistas suspensas por cabos de concreto, e não de aço, como é mais comum. A primeira hipótese é de que uma bolha de ar dentro de uma coluna de concreto tenha sido responsável por corroer e enferrujar os cabos de aço.
O defeito teria surgido durante a fase de "injeção" do cimento que incorpora os fios e os cabos de aço ao longo da reforma.
Desalojados
O banco Intesa Sanpaolo anunciou hoje que está "pronto para cancelar hipotecas na zona vermelha atingida pelo desabamento da ponte Morandi e para apoiar as famílias e empresas com outras intervenções".
A instituição de crédito já havia alocado um valor de 4,5 milhões para a "remissão unilateral de hipotecas da primeira casa dos edifícios que serão declarados inutilizáveis".
A queda da ponte desalojou 252 famílias dos edifícios que ficam embaixo da estrutura, o que totaliza mais de 600 pessoas.