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Grécia vai às urnas em eleição decisiva para economia

O país deverá eleger partido anti-austeridade na zona do euro, de extrema esquerda

25 jan 2015 - 08h11
(atualizado às 08h28)
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Tsipras, do Syriza, é apontado como favorito nas eleições; ele votou em Atenas
Tsipras, do Syriza, é apontado como favorito nas eleições; ele votou em Atenas
Foto: BBC Mundo

A Grécia vai às urnas neste domingo numa eleição que poderá levar o país a renegociar os termos de seus acordos de resgate com credores internacionais.

Se as pesquisas estiverem corretas, o país deverá eleger o primeiro partido anti-austeridade na zona do euro. O líder do Syriza, de extrema esquerda, Alexi Tsipras, quer que parte da dívida grega seja perdoada e que medidas de austeridade sejam revogadas.

Isto tem deixado investidores e o mercado financeiro em alerta, e alimentado temores sobre uma possível saída grega da zona do euro.

Já o partido Nova Democracia, do premiê Antonis Samaras, diz que o país está conseguindo equilibrar seu orçamento e a economia está se recuperando. A campanha é baseada no lema de "manter o rumo" e a promessa de tirar a Grécia do programa de resgate. Ele é o candidato apoiado por Bruxelas e Berlim.

Há cerca de 10 milhões de eleitores aptos a votar, que elegerão o Parlamento, de 300 integrantes.

A Grécia enfrentou uma série de cortes em troca de um socorro com 240 bilhões de euros da União Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional. Mas a economia encolheu 25%, um número sem precedentes na era moderna. O país viu o desemprego disparar e milhares de gregos caíram à pobreza.

Muitos gregos acreditam terem sido colocados num laboratório de austeridade - em troca do socorro, a Grécia teve de aceitar um programa drástico de cortes de gastos públicos e aumento de impostos.

A taxa de desemprego, depois de cinco anos, é de 26% (cerca de 50% para os jovens). A classe média se sente maltratada, com muitos desgastados pelos anos de cortes. Eles parecem dispostos a apostar no Syriza, apesar do risco de que uma vitória de Tsipras poderá levar o país a um confronto com seus credores.

Mas há algumas notícias positivas. O país tem superávit orçamentário e já não está em recessão. As receitas de turismo estão em alta e a Grécia tem um impressionante número de empresas start-up em tecnologia.

'Humilhação nacional'

Tsipras, do Syriza, é jovem - tem 40 anos -, dinâmico, carismático, e promete um fim ao que chama de "humilhação nacional". Ele acredita que o pacote de austeridade é um desastre não apenas para a Grécia mas para a Europa e promete renegociar os acordos de resgate e reestruturar a dívida, que atualmente corresponde a 175% do Produto Interno Bruto (PIB).

Premiê Samaras votou nesta manhã em Pilos, no sul da Grécia
Premiê Samaras votou nesta manhã em Pilos, no sul da Grécia
Foto: BBC Mundo

Diz ele que agirá desde o primeiro dia para aumentar o salário mínimo, restaurar a eletricidade onde ela foi cortada e oferecer cobertura de saúde para os desamparados. É um programa ambicioso, e críticos duvidam que ele poderá cumpri-lo, segundo o editor de Europa da BBC, Gavin Hewitt.

Mais de 10 milhões de gregos estão aptos a votar

"A desesperança pode decidir essa eleição. Há, no entanto, pouco apetite para abandonar o euro ou a UE. A maioria dos gregos quer ficar no clube europeu. Eles temem estar do lado de fora", disse Hewitt.

Eleições gregas podem definir se país sai da zona do euro:

O Syrisa é o primeiro partido anti-austeridade da zona do euro. Se for eleito, outros partidos de extrema-esquerda europeus podem ganhar fôlego, como o Podemos, na Espanha.

O partido tinha pouca força eleitoral até 2012, quando, com o aprofundamento da crise econômica, levou 27% dos votos, passando os sociais-democratas para se tornar a segunda força política da Grécia e a principal voz da oposição.

Já para Samaras uma vitória da extrema esquerda poderia "converter o país em uma União Soviética". "O comunismo não vencerá", disse em um discurso feito na reta final para a votação.

No caso de uma vitória, o Syriza também pode ter dificuldade para formar uma coalizão se não conseguir maioria absoluta nas urnas - já que seus integrantes têm dito que não pretendem governar com apoio daqueles que veem com bons olhos políticas vindas da Europa.

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