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Greenpeace pode levar caso de ativistas presos para tribunais internacionais

25 set 2013 - 11h07
(atualizado às 17h41)
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O diretor de programas do Greenpeace na Rússia, Ivan Blokov, disse nesta quarta-feira que o caso dos 30 ativistas da organização presos no país após tentarem invadir uma plataforma petrolífera no Ártico, entre os quais há uma brasileira, pode ser levado para tribunais internacionais.

Os tripulantes que estavam na semana passada na embarcação "Artic Sunrise", que pertence ao Greenpeace, foram presos hoje e transferidos para centros de detenção provisórios na cidade portuária de Murmansk. Os ativistas podem ser acusados de pirataria.

"Agora os advogados trabalham para resolver a questão dos detidos. Apesar de tudo esperamos que a lei triunfe em nosso país, embora isso nem sempre ocorra", disse Blokov à Agência Efe.

O diretor de programas do Greenpeace na Rússia explicou que se a situação não for resolvida a organização poderá "envolver a comunidade internacional, pois existem vários tribunais internacionais", advertiu.

Blokov concedeu hoje em Moscou uma entrevista coletiva e enumerou os riscos da extração petrolífera no Ártico, motivo pelo qual o Greenpeace realiza frequentes protestos na região. Em relação à prisão dos ativistas, o diretor do programa energético da ONG, Vladimir Chuprov, mostrou-se surpreendido pela "reação inadequada" da guarda-costeira russa.

"Para nós continua sendo uma grande pergunta por que as forças de segurança reagiram de maneira tão inadequada e desproporcional", disse.

A guarda-costeira russa efetuou disparos de advertência quando vários ativistas do Greenpeace pegaram lanchas e tentaram se prender a uma plataforma petrolífera. Após os disparos, as forças de segurança interceptaram o navio "Artic Sunrise" e detiveram seus tripulantes. Ontem, a embarcação chegou rebocada ao porto de Murmansk.

O Comitê de Instrução russo anunciou ontem que planeja apresentar acusações de pirataria contra os ambientalistas. Chuprov lembrou que conforme o artigo 227 do Código Penal da Rússia a pirataria é um assalto com uso da força com o objetivo de se apropriar de bens alheios, o que obviamente não foi o caso do protesto dos ativistas.

"O que houve agora é que foram os guardas fronteiriços e o FSB (antigo KGB) que cometeram a violação do direito internacional e a pergunta é como vão sair dessa situação complicada", questionou.

Apesar disso, o diretor demonstrou certo otimismo em função das declarações do presidente russo, Vladimir Putin, que afirmou hoje que os ativistas detidos "não são piratas", embora tenham violado normas internacionais.

"É óbvio que não são piratas. Mas de fato tentaram atacar a plataforma", disse Putin horas depois da prisão dos ambientalistas do Greenpeace.

O líder do Kremlin afirmou que a ação da ONG colocou em perigo a saúde e inclusive a vida dos trabalhadores da plataforma petrolífera "Prirazlomnaya".

"Poderia ter ocorrido qualquer coisa, um erro dos operários ou erros técnicos. Se pôs em perigo a vida e a saúde das pessoas. Por acaso estas ações propagandísticas merecem o risco de suas gravíssimas consequências?", perguntou Putin.

Os ativistas que estavam a bordo da embarcação do Greenpeace procedem de 18 países: Brasil, Rússia, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França. Após serem detidos em águas do Ártico, permaneceram cinco dias sob custódia a bordo do "Artic Sunrise".

O gigante energético Gazprom planeja começar a produção de petróleo nessa plataforma no primeiro trimestre de 2014, o que, segundo a ONG, aumentará o risco de um vazamento em uma área que possui três reservas naturais protegidas pela própria legislação russa.

Na entrevista coletiva de hoje, Alexei Knizhnikov, coordenador do programa ecológico da organização WWF, disse que um vazamento de petróleo na plataforma "Prirazlomnaya" "seria uma catástrofe pior que a do Golfo do México".

O funcionário da WWF disse ainda que esta plataforma está "tecnicamente obsoleta" e lembrou que a instalação já deixou de ser usada em outras regiões.

EFE   
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