Venezuelanos fazem greve de fome para encontrar Papa
Ação também é uma forma de protesto contra o governo de Nicolás Maduro
Os jovens venezuelanos Martin Paz e José Vicente Garcia entraram nesta terça-feira no quarto dia de greve de fome. Eles estão diante da Sala de Imprensa do Vaticano e querem um encontro com o Papa Francisco. Ambos são membros da Câmara de Vereadores de San Cristóbal, capital do estado venezuelano de Tachira
Martin, 29 anos, disse ao Terra que pretende denunciar ao Papa as violações dos direitos humanos na Venezuela. O jovem afirmou que o protesto aconteceria com ou sem a presença de Nicolás Maduro. O Presidente da Venezuela cancelou o encontrou que teria com Francisco no último domingo, (07).
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“Hoje, em nosso país, a situação dos direitos humanos é complicada. Pessoas são torturadas, perseguidas e reprimidas porque se expressam diferentemente do governo. Existem mais de 70 presos políticos nas penitenciárias venezuelanas. Pessoas morreram por causa da repressão do governo. Por isso, nós nos somamos à greve de fome em curso em nosso País, que acontece em oito estados onde mais de 50 pessoas, não somente políticos, mas também cidadãos comuns, protestam para pressionar o governo e o mundo para que os direitos humanos sejam respeitados em nosso País”, desabafou Martin.
Martin e José vieram ao centro da fé católica também para defender a entrada de organismos internacionais na Venezuela para que estes avaliem a situação dos direitos humanos no país. “Deixamos nossos filhos, nossas esposas, a nossa gente para vir aqui e tornar visível aquilo que para a Comunidade internacional é invisível. Queremos derrubar esse governo de fachada e, por isso, viemos até a máxima representação da Igreja”, explicou o jovem que estava há 97 horas sem comer quando conversou com o Terra.
De acordo com Martin, a violação dos direitos humanos na Venezuela acontece há mais de 16 anos e se agravaram depois da morte de Hugo Chávez.
“Hoje os venezuelanos não têm uma instituição a qual recorrer em nível nacional. E, por isso, a Igreja é o primeiro ente ao qual as pessoas recorrem quando o Estado não responde. A fé é o que está movendo a Venezuela hoje. Todos em greve de fome foram levados à igrejas. E, nós, viemos para cá, como representação desta fé e, além disso, confiando no Papa Francisco, que conhece muito bem a realidade da Venezuela, e pode interceder para solucionar estes problemas. Tudo o que queremos é sermos minimamente escutados, poder entregar uma carta ao nosso Papa, que ele não somente saiba da situação atual na Venezuela mas que também as pessoas na Venezuela sintam a esperança de que o Papa intercederá por todos nós”, finalizou.