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Habitantes fogem de cidade cercada por tropas ucranianas

Confrontos voltaram a ser registrados no aeroporto internacional de Donetsk

11 jul 2014 - 11h59
(atualizado às 12h00)
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<p>Fam&iacute;lias ucranianas come&ccedil;aram a deixar Donetsk ap&oacute;s a escalada da viol&ecirc;ncia na regi&atilde;o</p>
Famílias ucranianas começaram a deixar Donetsk após a escalada da violência na região
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters

Várias famílias fugiram nesta sexta-feira de Donetsk, capital da região separatista pró-russa de mesmo nome, onde ocorreram confrontos com artilharia pesada perto do aeroporto desta cidade cercada pelas tropas ucranianas.

Diante desta ofensiva militar, o presidente ucraniano Petro Poroshenko indicou que não se reuniam as condições de um cessar-fogo exigido pelos europeus em diferentes contatos diplomáticos.

No aeroporto internacional de Donetsk, fechado após os combates de maio, foram registrados confrontos com artilharia pesada durante a noite, anunciou a prefeitura da cidade.

Segundo um porta-voz militar, as forças armadas ucranianas perderam 23 homens em confrontos com os rebeldes no leste do país nas últimas 24 horas.

Além disso, 93 soldados e guardas de fronteira ficaram feridos nas zonas de conflito durante esse mesmo período de tempo, informou Vladyslav Seleznov, porta-voz da "operação antiterrorista" empreendida por Kiev contra os separatistas pró-russos.

Na estação de Donetsk, dezenas de pessoas fazem fila para comprar passagens enquanto prosseguem os tiroteios provenientes do aeroporto próximo, seguidos do voo de um avião e de disparos antiaéreos, constatou a AFP.

No mercado situado em frente à estação, as pessoas olhavam para o céu com certa preocupação. "Está igual a ontem, acredita que bombardearão?", perguntava uma comerciante a sua vizinha.

As forças de Kiev iniciaram na quinta-feira um intenso ataque contra os insurgentes pró-russos a oeste de Donetsk, cidade que cercaram depois de tomarem também posições ao sul.

"Donetsk está se tornando muito perigosa", indicou à AFP um homem de 50 anos, que enviou suas filhas e netos para a casa de seus pais na Rússia.

Na região vizinha de Lugansk, quatro menores morreram e 16 pessoas ficaram feridas na quinta-feira pela explosão de um morteiro no ônibus que os transportava perto de Chervonopartizansk, indicou nesta sexta-feira a companhia de transportes.

O exército ucraniano busca agora cercar as duas capitais regionais separatistas, Donetsk e Lugansk, que os rebeldes se mostram decididos a defender.

O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexandre Borodai, evocou na quinta-feira a possibilidade de retirar dezenas de milhares, ou inclusive centenas de milhares de habitantes da capital regional diante do avanço das tropas ucranianas.

Os soldados ucranianos tomaram várias cidades dos rebeldes nos últimos dias, entre elas Slaviansk no sábado.

Na frente diplomática, nenhuma solução se vislumbra no horizonte devido às condições impostas por Kiev e apesar das reuniões entre Ucrânia, Rússia e os países ocidentais.

Em uma conversa na quinta-feira com a chefe do governo alemão, Angela Merkel, o presidente ucraniano mostrou-se disposto a um cessar-fogo bilateral se for garantido o controle da fronteira com a Rússia para deter o envio de armas e combatentes a partir deste país.

Durante a conversa, Merkel indicou que os representantes da missão da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) no leste da Ucrânia não puderam "ter acesso aos postos fronteiriços devido às ações dos combatentes separatistas", segundo a presidência ucraniana.

Poroshenko também deu a entender que as condições para um cessar-fogo ainda estão muito distantes.

A operação militar ucraniana contra os separatistas começou há três meses.

A ONG Anistia Internacional denunciou nesta sexta-feira a multiplicação dos casos de tortura e sequestros contra os militantes nacionalistas ucranianos e, em menor medida, contra os rebeldes.

Segundo o ministro ucraniano do Interior, 500 pessoas foram sequestradas no leste do país entre abril e junho. As Nações Unidas falam, por sua vez, de 222 sequestros, segundo a Anistia.

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