Identidades de reféns mortos em mercado são reveladas
Uma das vítimas perdeu a vida após tentar atirar no sequestrador
O filho do rabino-chefe da Tunísia, um professor, um aposentado e um comerciante eram os reféns mortos pelo terrorista Amedy Coulibaly em um mercado judaico de Paris, em 9 de janeiro.
Fotos de Yohan Cohen, 22 anos, Yoav Hattab, 21, e Philippe Braham, 40 anos, foram divulgadas pelo jornal Daily Mail neste sábado. Outro refém, Fraçois-Michel Saada, de cerca de 60 anos, também perdeu a vida em um dos atentados terroristas que chocaram a França e o mundo.
Yoav Hattab, Philippe Braham e Yohan Cohen/ Foto: Twitter
Yohan Cohen, de Sarcelles, subúrbio do norte de Paris, trabalhava na loja Hyper Cacher há um ano para poder pagar as despesas do seu casamento com Sharon Seb.
"Je suis Yohan" [Eu sou Yohan], escreveu a namorada da vítima em sua página no Facebook. "O que eu farei sem você? Como viverei sem você? Por que você? Minha vida está arruinada. Preciso de você em minha vida. Nós tínhamos tantos planos", completou.
Yoav Hatab foi identificado como filho do rabino-chefe da Tunísia. Uma foto em seu perfil no Facebook mostra-o ao lado de um homem muito parecido com o rabino Haim Bittan, mas a ligação entre os dois ainda não foi confirmada.
Phillipe Braham era professor e morava com a esposa, Valerie, e os três filhos na cidade de L'Hay-les-Roses, a paroximadamente 12 quilômetros ao sul de Paris. Um vizinho o descreveu como uma pessoa muito educada. "Eles são uma família muito quieta. Ele não falava muito, mas era um homem bom".
Braham foi morto após tentar matar Coulibaly com uma arma que o terrorista havia esquecido no balcão, segundo outro refém, que acompanhava uma criança de três anos e conseguiu se salvar após a invasão da polícia.
O homem, que se identifica como Mickael B, contou que se encaminhava para o caixa quando ouviu um estrondo. Foi então que ele viu um homem armado com dois rifles Kalashnikov e entendeu o que estava acontecendo.
"Peguei meu filho e fui para trás da loja. Eu e outros clientes descemos uma escada que dava acesso ao porão e nos abrigamos em uma das duas câmaras frigoríficas, mas a porta não fechava. Estávamos aterrorizados. Cinco minutos depois, um funcionário da loja enviado pelo sequestrador disse que tínhamos de voltar para o piso susperior, ou então haveria uma carnificina. Eu me recusei, mas alguns minutos depois, o funcionário voltou para baixo com a mesma mensagem. Desta vez eu decidi segui-lo".
Ele conta que quando chegou ao local odne estava o sequestrador, viu um homem morrendo sob uma poça de sangue. Foi então que Amedy se apresentou aos reféns: "Eu sou Amedy Coulibaly e sou muçulmano. Pertenço ao Estado Islâmico".
Enquanto Coulibaly caminhava pela loja, Braham pegou a arma que o terrorista havia deixado no balcão, sem saber que ela estava bloqueada. Foi então, que o terrorista o matou.
Mickael acrescentou que o sequestrador pediu para quer ele ligasse para a imprensa. Sem que o criminoso percebesse, o refém conseguiu contactar a polícia, que já estava situada do lado de fora do mercado, o que permitiu eles ouvissem tudo o que ocorria dentro do estabelecimento.
Outra pessoa teria dado informações preciosas aos policiais. Lassana Bathily, funcionária do mercado, conseguiu escapar e chegar até os agentes após esconder até 15 pessoas em um congelador. Graça a ela, os policiais foram informados sobre o local onde os reféns estavam escondidos.
A mãe e as irmãs de Amedy Coulibaly "condenaram" os atentados cometidos em Paris nos últimos dias e apresentaram suas "sinceras condolências" às famílias das vítimas, em nota enviada à AFP neste sábado. "Condenamos esses atos. Não compartilhamos, de modo algum, essas ideias extremas. Esperamos que não haja analogia entre esses atos odiosos e a religião muçulmana", declararam.