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Igreja oferece curso preventivo à distância contra a pedofilia

19 fev 2015 - 12h21
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Um curso pela internet, apoiado pelo Vaticano, tenta sensibilizar os padres sobre a pedofilia para que possam prevenir o problema e, se for necessário, ouvir as vítimas.

Nesta semana, o diretor do centro de formação que fica na universidade jesuíta gregoriana, o padre alemão Hans Zollner, apresentou o programa, que passou por um período de testes de três anos na Alemanha.

"Durante este tempo, o programa de 'e-learning' contou com o apoio de 11 sócios em 10 países. Mais de mil religiosos, religiosas, padres, laicos fizeram o curso, o que permitiu um primeiro balanço", explicou o padre jesuíta à imprensa.

Atualmente em quatro idiomas (italiano, inglês, espanhol e alemão), estará disponível em breve também em francês, polonês e português.

"Este programa mostrou sua força e seus limites", afirmou a professora belga Karlijn Demasure, diretora executiva do Centro para a Proteção da Infância (CCP, na sigla em inglês).

A professora lamenta que o curso seja, por exemplo, muito elitista por ser acessível apenas a uma elite intelectual, mas destacou que em breve será atualizado para ficar "moderno, realista e mais acessível".

O presidente da nova comissão pontifical de proteção dos menores, o cardeal americano Sean O'Malley, leu uma mensagem de apoio do papa Francisco ao padre Zollner e ao CCP, que é financiado em parte por fundos da Igreja alemã.

"A mudança deste centro para Roma é uma oportunidade para oferecer uma formação a muitos religiosos e padres", disse.

Quase 10.000 padres passam temporadas em Roma, principalmente para suas formações de curta ou longa duração em universidades pontifícias. Muitos serão chamados para ocupar cargos de responsabilidade nas dioceses mais remotas.

O cardeal O'Malley também lançou a ideia de que os cursos sejam oferecidos à cúria, o governo da Igreja, assim como aos jovens bispos quando passarem por Roma.

Os cursos, com duração bastante longa, têm como objetivo principal sensibilizar os sacerdotes e outros religiosos sobre este problema com o objetivo de que possam preveni-lo e, em caso de necessidade, tenham mais sensibilidade com as vítimas.

O padre Zollner organizou há três anos, com o apoio de Bento XVI, uma conferência na Universidade Gregoriana na presença de quase 60 bispos dos cinco continentes, algo jamais visto.

Na ocasião, os religiosos compartilharam experiências e receberam informações sobre as melhores práticas de prevenção e de denúncia de abusos. Também conversaram sobre a reabilitação de dezenas de milhares de vítimas, geralmente ignoradas ou rejeitadas pela Igreja, que tiveram suas vidas destruídas.

A conferência revelou na ocasião um abismo entre os próprios bispos: enquanto os religiosos do hemisfério norte estavam perfeitamente informados, os do hemisfério sul confessaram suas lacunas e insistiram na dificuldade de tratar do tema tabu em suas sociedades.

O CCP busca multiplicar suas ferramentas, adicionando aos métodos de ensino pela internet gravações de áudio que podem ser divulgadas nas paróquias. O padre Zollner planeja também conferências regionais na América Latina e na África.

"Em algumas igrejas, não há nenhuma educação, pouca tomada de consciência e absolutamente nenhum meio. Temos que atuar de maneira muito sensível a nível cultural. Temos que falar a língua, mas também a linguagem do coração de nossos interlocutores", explicou o jesuíta alemão.

A partir do próximo ano, um semestre de formação será organizado na Universidade Gregoriana.

Ele destaca que a tomada de consciência acontece aos poucos.

"Há apenas dois anos, na Igreja da Polônia ou Croácia poucas pessoas falavam deste problema, afirmando que era um tema da Europa ocidental. Hoje em dia, isto mudou completamente", afirma o padre jesuíta.

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