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Inundações na Bósnia aumentam perigo das minas terrestres

Quinze soldados especializados na remoção de minas, com roupas especiais, estão trabalhando para avaliar a situação no local

20 mai 2014 - 17h44
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Vista aérea da cidade inundada de Brcko, na Bósnia. Mais de um quarto da população de 4 milhões de pessoas da Bósnia foi afetado pelas piores enchentes a atingir os Bálcãs em mais de um século, disse o governo nesta segunda-feira, alertando para a destruição "aterrorizante" comparável à guerra de 1992 a 1995 no país. 18/05/2014.
Vista aérea da cidade inundada de Brcko, na Bósnia. Mais de um quarto da população de 4 milhões de pessoas da Bósnia foi afetado pelas piores enchentes a atingir os Bálcãs em mais de um século, disse o governo nesta segunda-feira, alertando para a destruição "aterrorizante" comparável à guerra de 1992 a 1995 no país. 18/05/2014.
Foto: Dado Ruvic / Reuters

As inundações que atingem a Bósnia têm causado mais um problema, ao arrastarem minas terrestres deixadas durante a guerra da década de 90 para outros locais.

Mehmedalija Dzafic esperou 19 anos para finalmente poder retirar as minas das áreas em torno de sua casa. Mas quando esperava ter finalmente se livrado da herança maldita da guerra travada entre 1992 e 95, as inundações vieram para revirar o solo e levaram Dzafic de volta à estaca zero.

"Nas minhas terras, o trabalho de desativar as minas estava quase concluído. Mas as enchentes trouxeram terra dos campos minados vizinhos e agora temos que refazer todo o trabalho", disse o senhor de 75 anos.

As águas do rio Bosna, que inundaram sua propriedade e parte do pequeno vilarejo vizinho de Visoko (centro), enfim baixaram, deixando um rastro de lama.

A área que se estende por vários hectares e que o Exército bósnio havia conseguido desminar em março, teve novamente seu acesso bloqueado.

Quinze soldados especializados na remoção de minas, com roupas especiais, estão trabalhando para avaliar a situação.

Munidos com detectores de metais e pequenas pás, eles inspecionam o terreno. Ao longo de uma área de um metro e meio, colocam uma fita amarela para delimitar a nova zona de perigo.

"Mesmo que nós já tenhamos limpado este campo, agora tememos que outras minas não detonadas tenham mudado de localização, e agora estejam nos locais por onde já passamos", explica à AFP Fikret Smajis, da Agência Nacional de Desminagem (BHMAC).

As fortes chuvas que atingiram a Bósnia e a vizinha Sérvia causaram grandes inundações, deixando cinquenta mortos e obrigando dezenas de milhares de pessoas a sair de casa.

Inundações nos Bálcãs deixam 44 mortos:

O perigo do deslocamento de minas devido aos recentes deslizamentos de terra - mais de 2.000 relatados nos últimos dias - é real, principalmente no norte do país, nas regiões de Doboj, Tuzla e Maglaj, explica outra autoridade da BHMAC, Sasa Obradovic.

Segundo Smajis, as minas também podem ter sido levadas pelos rios para lugares que, até agora, não eram minados.

"Algumas minas são de plástico e podem facilmente flutuar. Mas mesmo as mais pesadas, as minas de metal com dois ou três quilos, podem ser arrastadas pelas correntezas", diz ele.

De acordo com dados oficiais, mais de 120.000 minas da guerra de 1992-95 ainda estão espalhadas pelo território bósnio, o que significa que 2% da superfície total ainda está infestada de explosivos.

As minas também acabam nas margens dos rios e córregos, que serviam de linhas de demarcação entre os dois campos opostos durante o conflito entre sérvios e bósnios.

Cerca de 600 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas depois do fim da guerra, atingidas por explosões de minas terrestres.

A maioria das vítimas é de militares que atuavam na retiradas das minas, mas também agricultores que trabalhavam em suas terras ou cortavam lenha nas florestas.

As autoridades devem agora comparar cuidadosamente o mapa das áreas de risco, estabelecido após a guerra, com imagens de satélite da nova topografia das regiões submersas após os deslizamentos de terra e inundações recentes, afirma Smajis.

Os agentes da Defesa Civil começaram a visitar áreas suspeitas para alertar a população para os perigos.

Perto de Sarajevo, por exemplo, no sopé de uma montanha onde o rio Bosna nasce, um parque recebia centenas de visitantes por dia. A montanha faz parte de uma zona de combate parcialmente desminada. Mas com "as inundações, mesmo as minas anti-tanque podem ter sido empurradas para outras áreas 'limpas", alertou Rifat Hodzic, da Defesa Civil.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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