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Itália elege deputada que não pode mostrar o rosto

Piera Aiello é testemunha protegida pela Justiça desde 1991

9 mar 2018 - 18h09
(atualizado às 18h32)
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Itália elege deputada que não pode mostrar o rosto
Itália elege deputada que não pode mostrar o rosto
Foto: Divu / Ansa - Brasil

Os italianos elegeram no último domingo (4) uma deputada, Piera Aiello, de 51 anos, que não pode mostrar seu rosto por fazer parte de um programa de proteção da Justiça.

Eleita pelo antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), ela é testemunha de crimes da máfia e colaborou com as investigações dos assassinatos de seu marido e seu sogro, mortos, respectivamente, em 1991 e 1985.

A candidata recebeu 77.950 votos (52%) no distrito eleitoral de Marsala, na Sicília, e levará ao Parlamento sua luta contra organizações criminosas, usando sempre um véu para encobrir o rosto, inclusive em entrevistas.

Viúva de Nicolò Atria, filho de Vito Atria, um mafioso, Aiello presenciou o assassinato dos dois e denunciou os autores dos crimes. Por conta disso, sua vida mudou totalmente, e ela teve de deixar a cidade de Partanna, onde morava.

Impulsionada por uma amiga policial, Morena Plazzi, Aiello conheceu o juiz Paolo Borsellino e, voltando-se contra a máfia, tornou-se "testemunha da Justiça" - ou seja, em troca de informações sobre a Cosa Nostra, receberia proteção das autoridades.

Em dezembro de 2016, Aiello foi nomeada presidente honorária da associação antimáfia "Paolo Borsellino" e, em maio de 2017, foi eleita presidente da associação antimáfia "La verità vive!" ("A verdade vive!", em tradução livre).

Em entrevista ao jornal Il Sole 24 Ore, disse que o M5S é o único movimento que lhe inspira confiança. "Neste exato momento da política, é o único que me dá confiança, pois ele tem os mesmos ideais que eu, ou seja, verdade, justiça, legalidade e transparência", declarou.

"É um movimento que não teme nada nem ninguém, que não descumpre seus compromissos, como eu. Seguramente, eu e o movimento levaremos a questão das testemunhas de Justiça à luz, com a minha voz, ou seja, a voz de quem viveu 26 anos as dificuldades que uma testemunha enfrenta, as negações e o exílio da terra natal", acrescentou.

Sua história também está ligada com a de Rita Atria, sua cunhada, que se rebelou contra a máfia quando tinha apenas 17 anos. No entanto, após o assassinato do juiz Borsellino, em 1992, ela se suicidou.

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