Itália: Napolitano toma posse e tenta acabar com impasse
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, reeleito no sábado, tomou posse na tarde desta segunda-feira de seu cargo perante o Parlamento reunido em sessão plenária, pronunciando o tradicional discurso de respeito à Constituição.
Ele justificou sua decisão de aceitar a reeleição diante da necessidade de oferecer um sinal de "coesão nacional" e de recuperar a confiança internacional. Durante seu discurso no Parlamento após o juramento do cargo, Napolitano, que foi escolhido no sábado na sexta votação em função da falta de acordo sobre seu substituto, disse que sua reeleição é totalmente legítima apesar de ser a primeira vez que ocorre no país.
O presidente, que se mostrou emocionado e foi apoiado pelos parlamentares, disse que se os partidos voltarem a se mostrar "insensíveis" perante o bloqueio institucional não duvidará em expor "as consequências para país".
Pela manhã, Napolitano, cujo atual mandato expirava no dia 15 de maio, apresentou sua renúncia para poder tomar posse do cargo e acelerar a formação de um novo governo que possa tirar o país do atoleiro no qual se encontra.
A reeleição dele animou os mercados financeiros, que abriram em alta na segunda-feira. Os juros pagos aos títulos públicos italianos com vencimento em dez anos caíram fortemente (em relação aos títulos alemães que balizam o mercado), e as ações de empresas locais estão entre as maiores altas na Europa.
Agilidade para formar governo
Ele deve agora pedir rapidez na formação de um novo gabinete, provavelmente já a partir de quarta-feira, com um programa de reformas para a economia italiana e as ineficientes instituições políticas locais.
Os jornais italianos disseram que o ex-premiê Giuliano Amato, 75 anos, é o favorito de Napolitano para comandar um novo gabinete, que provavelmente irá misturar tecnocratas e políticos de partidos tradicionais.
Mas as profundas divisões dentro do Partido Democrático, que tem a maior bancada parlamentar, reforçam as dúvidas sobre a estabilidade do futuro gabinete. O líder do PD, Pier Luigi Bersani, anunciou sua renúncia na sexta-feira, depois que facções rebeldes do partido sabotaram duas tentativas de eleger candidatos presidenciais de centro-esquerda, o que deixou grupos rivais no controle do processo.
As divisões no PD deixaram o bloco centro-direitista comandado por Silvio Berlusconi com uma vantagem decisiva, mas ao mesmo tempo tornam improvável que a dividida bancada de centro-esquerda vá oferecer apoio sólido ao novo gabinete.
Complicando a situação, o partido alternativo Movimento 5 Estrelas, terceira maior força parlamentar, comandada pelo comediante Beppe Grillo, protestou contra a recondução de Napolitano ao cargo e anunciou que fará oposição ao novo governo, que segundo Grillo está sendo montado apenas para proteger a desacreditada classe política.
A opinião pública também reagiu mal a solução, e milhares de pessoas fizeram um protesto no domingo. Dario Franceschini, dirigente do PD, foi vaiado por frequentadores de um restaurante onde jantava, no centro de Roma.
Com informações da agência AFP.